domingo, 3 de setembro de 2006

XENÓFOBO E DESCABIDO



Observe atentamente a foto acima. Ela mostra o conjunto geométrico de geoglifos da Fazenda Atlântica, na BR-364. Já foram identificados no Acre mais de 120 geoglifos. No sábado, por exemplo, o paleontólogo Alceu Ranzi identificou mais um, que ele considera inusitado.

Uma parte do novo geoglifo encontra-se oculta sob a floresta e a outra visível num pasto para boi, no município de Porto Acre. Também foi filmado pela
equipe da Tokyo Broadcasting System, que veio ao Acre para realizar o primeiro documentário internacional sobre os nossos geoglifos.

Alceu Ranzi define geoglifo como um vestígio arqueológico representado por desenhos de grandes dimensões, elaborado sobre o solo. Um geoglifo só pode ser totalmente observado se visto do alto, em especial, através de sobrevôo.

Existem várias maneiras de se compor um geoglifo. As duas formas mais comuns são o uso de pedras para a formação de figuras ou a confecção de cortes sobre a superfície terrestre.

Para a composição dos geoglifos da Amazônia, ou do Acre, a técnica utilizada foi denominada “extrativa”, em que cortes são escavados, e a terra extraída é cuidadosamente depositada ao lado do sulco, formando figuras em alto e baixo relevo.

Os geoglifos nos dizem que, há mais ou menos mil anos, o Acre foi habitado por um povo hábil, que conhecia a geometria e era capaz de construir fantásticas obras de engenharia.

De outra parte, é xenófobo e descabido o conteúdo da nota "Cupuaçu", publicada na coluna Poronga, do Página 20. Diz a nota:

- Os japoneses estão no Acre produzindo documentário sobre os geoglífos (sic). Nunca é demais lembrar que foram os nipônicos que patentearam o nosso cupuaçu. Lá se vão nossos sítios arqueológicos para o exterior".

Clique sobre a foto acima, tirada pelo Sérgio Valle, para constatar a imposssibilidade de alguém transportar um desses nossos sítios arqueológicos.

A nota deve ser vestígio de um jornalismo pré-histórico.

12 comentários:

Anônimo disse...

Ai!!!!!! Essa doeu! É por essas e por outras que lembrei de você, há pouco, quando li o caderno Info ETC do O Globo: "Blogs The Best - Estão abertas as inscrições para o concurso internacional "Best of the Blogs", da estatal de comunicação alemã Dutsche Welle. Internautas do mundo todo podem fazer suas indicações para os melhores blogs da web durante um mês. Concorrem sites em dez línguas, inclusive em português. O vencedor geral ganha um MacBook da Apple e os favoritos em cada uma das 15 categorias levam um iPod de vídeo para casa. Inscrições no site www.thebobs.com. A concorrência é grande? Ora, tenha fé." Vou indicar o seu blog! bjus

Anônimo disse...

Altino, dê uma dica, em qual parte da BR 364 podemos ver algum geoglifo (usando o google earth)? Na estrada Porto Velho-Rio Branco ou Rio Branco-Sena?
Um abraço,
Duda

Anônimo disse...

Altino, é bom lembrar que a empresa japonesa Asahi Foods teve cancelado o seu registro da marca cupuaçu pelo Escritório de Marcas e Patentes do Japão (JPO) e também na união Européia. Nos EUA, a própria empresa desistiu, em função disto, da reivindicação.

Anônimo disse...

Duda: as imagens do Google Earth onde já foram identificados os geoglifos estão muito precárias. Mas aqui vão duas coordenadas, de dois que consegui localizar:

10° 18' 06.64" S 67° 41' 41.55" W

10° 21' 56.23" S 67° 43' 20.71" W

Vamos esperar o artigo do Alceu Ranzi, Foster Brown e Roberto Feres com as coordenadas de todos os geoglifos. Enquanto isso, fica caçando aí com sua maquininha.

Abração

Anônimo disse...

Bruno, muito oportuna a citação. Ainda pensei em mencionar a desistência japonesa do patenteamento do cupuaçu, mas julguei que iria tornar o meu texto enfadonho. Abraço

Anônimo disse...

Bruno, muito oportuna a citação. Ainda pensei em mencionar a desistência japonesa do patenteamento do cupuaçu, mas julguei que iria tornar o meu texto enfadonho. Abraço

Anônimo disse...

Altino, com as coordenadas eu os vi: ficam entre os municípios de Senador Guiomard e Capixaba; mas, aquela estrada é a BR 317, certo?
Um outro abraço e obrigado pelas dicas,
Duda

Anônimo disse...

Altino / não foi mera desistência não. O Brasil foi obrigado a entrar numa boa disputa judicial que se arrastou por anos a fio. Depois de algumas derrotas, a empresa japonesa desistiu de registros em alguns países. Há outros termos brasileiros que foram registrados como marcas comerciais, sendo questionado pelo Brasil. Mas, sobre esses, no momento não tenho a posição. Um número considerável de princípios ativos de plantas amazônicas já estão registrados no Japão, Estados Unidos e sei lá mais onde. O mais sério disso é que a base para que se efetue tais registyros são informações colhidas junto a comunidades e tribos da região. Ou seja, está em andamento um processo de apropriação do conhecimento social das comunidasdes regionais para que empresas lucrem com a exploração de recursos naturais e, até mesmo, desenvolvam materiais sintéticos.

Anônimo disse...

Altino, certas pessoas deveriam manter a boquinha fechada ou o micro desligado para não nos envergonhar com tamanha bobagem.

beijos

Anônimo disse...

Altino,
vou insistir pela ultima vez...
O sr. Alceu Ranzi não é o descobridor dos geoglífos. Existem pesquisas há 30 anos acerca desses sítios e pelo menos duas teses de doutorado defendidas sobre o tema. Enfatizar o papel de um pseudo-descobridor é mais desinformar e colocar os sítios arqueológicos do Acre em risco do que o contrário.
Isso porque a abordagem pseudo-científica do pseudo-descobridor distorce informações e induz ao erro em nome de objetivos pouco claros, por exemplo: É absolutamente incorreto dizer que "os geoglifos só podem ser observados completamente por avião". Qualquer um que tenha ido a um desses sítios sabe o tamanho dessa falácia.
Por esses e outros motivos sou defensor intransigente de pesquisas realizadas com ética. Sem isso, o que pode a primeira vista parecer pesquisa científica pode apenas encobrir uma busca desenfreada por notoriedade a quelquer preço... O importante patrimonio arqueológico do Acre não merece isso. Por isso sou obrigado a concordar com os alertas de Leonildo Rosas, afinal de contas cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguem.

Anônimo disse...

No entendí a virulencia do comentário do Marcos Vinicius. Parece um ataque pessoal ao Alceu, a quem conheço a anos. Não lembro que ele tenha se atribuído a descoberta dos geoglifos, mas sim sei que fez tudo para os dar a conhecer e interesar arqueólogos (muitas veces sem suceso!) a estuda-los.
Por outro lado, qualquer um que tenha estado perto dos geoglifos sabe que o único que se percebe é um depressão que parece uma vala ou açude, como muitos fazendeiros tem usado eles. Figuras de 100 metros ou mais de diámetro, como as que se vem no Google Earth, não são evidentes quando observadas na superfície do terreno plano.
Parece-me que o comentário do Marcos Vinícus tem mas a ver com questões puramente pessoais que científicas. Alceu é um cientista reconhecido, muito antes dos geoglifos.

Anônimo disse...

Vejam quem Mário Cozzuol em nota da Revista Pesquisa Fapesp:

"De uma só tacada paleontólogos do Brasil e dos Estados Unidos apresentam fósseis de duas novas espécies e de um gênero já conhecido de primatas que viveram entre 9 milhões e 6 milhões de anos atrás onde atualmente é o Acre. “São os macacos mais antigos do país”, diz Mario Cozzuol, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O mais antigo desses fósseis é de um macaco de cerca de 5 quilos que se alimentava principalmente de frutas: o Solimoea acrensis, parecido com o macaco-aranha (Ateles geoffroyi), de pouco mais de meio metro de altura e uma longa cauda que usa para se pendurar. A segunda espécie identificada por Cozzuol e Richard Kay, da Universidade Duke, Estados Unidos, é a Acrecebus fraileyi, parente distante do macaco-prego (Cebus apella). No Journal of Human Evolution, Cozzuol e Richard afirmam que o terceiro fóssil, um dente antes atribuído a um mamífero semelhante ao quati, pertence a um macaco do gênero Stirtonia, parente do guariba que já havia sido identificado na Colômbia. “Nenhum desses macacos é ancestral dos atuais”, diz Cozzuol. “A descoberta desse gênero e das duas espécies no Acre é um sinal de que a diversidade atual da região pode ter sido ainda maior.”"