segunda-feira, 11 de setembro de 2006

SEMENTES DA AMIZADE

Luiz Caversan

Entro no seu blog e pergunto: cadê as minhas sementes, aquelas que vão germinar? Ia só perguntar isso, mas agora embalei.

Cadê todas as sementes ressequidas que não foram? Não, eu não as varri para debaixo do tapete, mesmo porque não tenho um. Implico com tapetes, piso no chão, doa a quem doer.

Cadê os augúrios que certezas bobas me trouxeram ainda ontem, quando pensei que fosse possível esquecer o inolvidável?

Amor, meu velho, falo de amor, de paixão, mais que isso, de coração estraçalhado, esse que vos murmura agora.

Ai, ai. Te peguei pra Cristo, meu camarada, mas te deixo súbito, porque como diz essa gíria paulista/carioca hedionda, ninguém merece.

Só pra esclarecer: quero mesmo a semente que vai germinar, a de mogno, que um dia você vai me mandar.

E vou de encontro às minhas próprias idiossincrasias. E te abraço, que de ti lembro muito e sempre.

O jornalista Luiz Caversan foi repórter especial e diretor da Sucursal do Rio da Folha de S. Paulo. Escreve crônicas sobre cultura, política e comportamento aos sábados para a Folha Online. Havia colhido na floresta, em Brasiléia, alguns punhados de sementes de mogno para ele. Não germinaram (leia as crônicas Mundo Novo e O bem-te-vi e o mogno
) as sementes que Caversan levou quando de sua passagem pelo Acre, em 2002. É a segunda vez que clama pelas sementes que prometi. Elas estavam guardadas numa gaveta, mas foram devoradas por algum bicho e viraram palha. Amanhã mesmo irei à loja do Dr. Raiz. Quem sabe sairei de lá com novas sementes e alguma receita de cura para o coração estraçalhado de meu amigo. A foto acima é do meu pé de mogno.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah! meu Deus, Altino!

O meu ídolo da Folha, com todas essas sementes secando e, mais triste ainda, alguma semente que quando se perde provoca imensa dor, como diz a música.
Que maravilha de texto, aliás, ele sempre escreve perfeitamente belo e poético.
Mande, por favor, novas sementes e, quem sabe, com elas, algúrios se refaçam?

beijos