Juarez Nogueira
Altino
Bendito é o fruto. Com um abraço especial, porque sei que posso dizer o mesmo de você, aí, cercado pelo carinho da Glória, pela poesia da Márcia, da Saramar e - sei, pela força de tantas mulheres, anônimas ou não, que carregam as dores do mundo - e as abrandam, elas mesmas, sem se dobrar, desdobráveis.
A foto foi tirada no dia em que recebi a notícia da abjeção de que foi vítima a médica brasileira. Nesse dia, aqui na escola onde trabalho, era um momento feliz, quando as crianças fizeram a Coroação de Nossa Senhora, reconstituindo um episódio marcante da infância da Adélia Prado, poetizado em seus livros.
A foto, nessa ocasião, por motivos outros que não vêm ao caso, me serviu e serve para lembrar que no pacote da vida vem tudo junto: alegria e tristeza, perdas e ganhos, terror e êxtase. O que fazer disso é que faz a própria vida e pode dar um sentido às rasuras humanas.
Por isso, eu gostaria que esse momento também servisse para lembrar, a todos, a mãe, a irmã, a esposa, a filha, a namorada, a amiga, a companheira de trabalho, enfim, todas aquelas que estão ao nosso lado no cotidiano ora aviltado, ora engrandecido pelas graças com que vamos ombreados.
Servisse para reiterar a fé na luta de mulheres e de homens de boa vontade para fazer um mundo de paz e bem.
Desconfio que essa moça não foi a primeira a sofrer abuso nas mãos do dito médico. Mas é ela, uma mulher, essa mulher que - tomara, possa freá-lo e até mesmo evitar futuras tragédias, com menores inclusive; lembrá-lo de que um dia coube, inteirinho e indefeso, no ventre de uma mulher.
Na foto, primeiro as damas: Adélia Prado, as professoras Rosinha, Norma, Cecília Guimarães e eu.
◙ Juarez Nogueira é escritor e professor em Divinópolis (MG).
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