terça-feira, 26 de setembro de 2006

BATALHAS

Juarez Nogueira

Eu acompanhei o caso da pesquisadora portuguesa e, agora, o da médica brasileira. Eu entendo a sua luta, eu entendo a sua dor, Altino.

Por isso, você não tem do que se arrepender ao denunciar ocorrências desse tipo. O fato é que ainda falta muito para distinguir, de verdade, um homem de um porco.


A história da mulher, infelizmente, é marcada por abusos, atos de covardia como esse, que aviltam a própria condição humana.

As palavras não consolam, sei; nessa hora, parecem apenas reiterar um sentimento de impotência que vira um êmbolo de revolta, ódio e indignação que vai comprimindo o peito, turvando as idéias e faz querer revidar com a mesma violência. A brasileira está viva. Sei que não será fácil para ela.

Hoje, aqui, às 14 horas, as crianças da escola fizeram um coração junto com a Adélia Prado. No sábado ela volta para lançar o livro "Quando eu era pequena". Rezamos e cantamos, ao nosso modo, e, ao meu modo.

Pois bem: desde que você revelou o fato no blog, pode ter certeza, fiquei muito sensibilizado e, de cá, tenho repetido: Ave, Maria, cheia de graça, rogai por nós agora e na hora.

Sei que vão encontrar um caminho. Sei que a brasileira se viu obrigada a "crescer" depressa demais, mas a luz de quando ela era "pequena" não a abandonou e nem abandonará.

Talvez esteja, aí, uma nova causa pela qual lutar, num país que precisa de uma lei "Maria da Penha". Como médica então, e antes e sobretudo, como mulher mesmo, ela irá se recompor como a própria Adélia diz na sua poesia - desdobrável.

Não sei, Altino: não sei porque, mas algumas humanidades parecem ser mais "testadas" que outras, como se isso lhes onerasse com a coerência da própria humanidade.

Quando eu voltar ao Acre - e eu vou voltar -, vamos sentar e contar um tanto de história. Batalhas.


Meu abraço.

Juarez Nogueira é professor e escritor. Mora em Divinópolis (MG).

2 comentários:

Anônimo disse...

Altino, concordo com Juarez: Não desista. Seu trabalho é importantíssimo. Juarez, sua leveza poética é tão serena e bela.

Anônimo disse...

Opsss... encontrei as informações necessárias!! Amanhã a carta estará pronta e já encaminharei para as demais instituições/órgãos da Rede de atendimento as mulheres vítimas de violência assinarem...

abraços..