quinta-feira, 3 de agosto de 2006

SAÚDE SEM LIMITES

Tive o prazer de receber hoje o inglês Alexander Shankland, 39, mestre e doutorando em estudos do desenvolvimento pela Universidade de Sussex. Nos conhecemos no começo dos anos 90, quando eu era correspondente do Estadão e ele jornalista freelance do diário inglês The Gardian, tendo ajudado a divulgar, na Europa, as histórias das lutas dos seringueiros e índios acreanos da Aliança dos Povos da Floresta.

Alex Shankland volta fazendo parte de um grupo de pesquisadores que vai investigar a participação indígena na implementação de políticas públicas de saúde no Acre. Diversas etnias serão beneficiadas com o projeto de pesquisa que será realizado pela Saúde Sem Limites, a organização da qual ele é membro, sediada em São Paulo.


As primeiras ações - oficinas participativas - ocorrerão entre os dias 9 e 12 de agosto na Aldeia Morada Nova, em Feijó. Eles vão identificar temas que afetam a capacidade dos povos indígenas em obter seus direitos de saúde, delinear estratégias regionais de efetivação de direitos em saúde baseadas nas pesquisas nacionais, envolver as comunidades e disseminar os resultados das informações.

Distritos
Isso tudo faz parte das ações do projeto “Investigação Participativa: Fatores condicionantes na implementação de políticas de saúde dos povos indígenas no estado do Acre", que a ONG Saúde Sem Limites vai executar com o apoio financeiro de duas redes internacionais.

Para operacionalizar as ações e serviços de saúde nas áreas indígenas dos DSEI (Distrito Sanitários Especiais Indígenas), a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) estabelece convênios com organizações indígenas, ONGs, prefeituras e universidades no sentido de viabilizar o repasse dos recursos necessários à prestação de serviços e ao desenvolvimento das ações de saúde.

A Funasa celebrou um convênio com a organização União das Nações Indígenas do Acre e Sul do Amazonas para viabilizar os distritos do Alto Juruá e Alto Purus. Em 2004, o convênio foi interrompido. A partir daí, os convênios passaram a ser firmados com os municípios para garantir a continuidade da assistência à saúde da população indígena do Acre.

Entretanto, relatos da população usuária ainda identificam graus variados de desasistência e despreparo dos serviços para atender os problemas e necessidades de saúde da população.

Como esse levantamento, será possível levar ao conhecimento da sociedade, a forma mais adequada para implantar um sistema de saúde capaz de atender às necessidades locais, as peculiaridades daquela comunidade, o perfil epidemiológico, a condição sanitária e apontar adequações eficazes para a concretização da prestação de atenção pelos distritos.

Equipe
Além de Alex, a equipe de pesquisadores da Saúde Sem Limites é integrada por:

- Maria Ferreira, médica graduada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, especialista em pediatria e saúde pública e mestre em saúde ooletiva pela Universidade Federal da Bahia.

- Maria Elvira Toledo, cirurgiã dentista pela Universidade de São Paulo, especialista em administração em saúde pública, pela Universidade de São Paulo/Fundação Getúlio Vargas, em educação em saúde, pelo Ministério da Saúde de Cuba, e em epidemiologia, pela prefeitura de São Paulo, além de mestranda em saúde coletiva pela Universidade Estadual de São Paulo (Botucatu).

- Hélio Barbin Júnior, médico formado pela Faculdade de Medicina de Santos, especialista em homeopatia, acupuntura e medicina da família e comunidade, e mestre em antropologia social pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Saúde Sem Limites é uma organização sem fins lucrativos e tem como missão atuar juntos às comunidades socialmente excluídas para que estas possam interagir na construção de sistemas oficiais de saúde eficientes, democráticos, culturalmente adequados e capazes de atenderem às suas necessidades. Atualmente, desenvolve projetos com os índios Pankararu, em Pernambuco, e Hupdäh, no Amazonas.

Apoio
É a Red Raices (Red da las Americas Indigenas Contibuyendo en el Empoderamiento de la Salud) que apoia financeiramente o projeto. A rede é formada por cinco países latino americanos (Brasil, Peru, Nicarágua, Guatemala e El Salvador), que buscam cooperar para o empoderamento das populações indígenas destes países, desenvolvendo projetos voltados à efetivação dos seus direitos de saúde e cidadania, com o apoio financeiro da agência de cooperação inglesa Health Unlimited.


O objetivo é contribuir para que os povos indígenas destes cinco países se estabeleçam como parte dos formuladores das políticas de saúde para atingirem os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Alex Shanklandc sempre se empolga quando começar a falar do Acre. Ele admite que volta porque bebeu água dos rios acreanos. Assista ao vídeo com um pouco dos temas que dominaram nossa longa prosa no final da tarde, enquanto cheirávamos rapé, bebíamos café e fumávamos tabaco acreano e inglês.

5 comentários:

Anônimo disse...

Preciso do e-mail do Sérgio Souto. Alguém poderia me ajudar? Parabéns Altino Pelas fotos.

Anônimo disse...

sergiosouto@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Altino velho guerreiro!

bom te encontrar para desobstruir os poros, bater tambor e tomar tacacá!
Parabens pela exelente ´rentrê` de nosso caro Alex que tomou a decisão de voltar para casa e dar sequencia a este grande trabalho do programa - não é um projeto simplesmente,Saúde Sem Limite!!!
Em tempo, quero dar boas vindas a toda equipe do programa,com votos de boas e muito promissoras iniciativas nesta retomada de nossa ação articulada e solidária na busca de melhores dias para nossas famílias da floresta, dos rios e igarapés que tanto amamos.
Meu estímulo a todos os parentes que estão atendendo a esta primeira oficina que está se preparando para os próximos dias em Feijó. Especialmente para as nossas lindas irmãs Huni Kuin,Yawanawá, Arara,Jamináwa,Poyanawa... todas, que tive a alegria de ver integrando a iniciativa de atender a chamada desta oficina próxima.
Anbraços a todos- todas, desde nossas serras de Minas Gerais,onde já estou, depois de ter feito um refiting pelas praias e matas do Juruá, Tarauacá e Gregório visitando nossas aldeias e filmando a série Tarú Andek- A cura da Terra.
Ailton Krenak

Anônimo disse...

Fala Altino!!! Bom te saber guardiao da mata. Saudades do Jurua. Forte abraco a partir de Addis Abeba, na Etiopia, Cristina

Anônimo disse...

Cris, quero seu e-mail. Escreva-me: altinoma@uol.com.br. Saudades de você. Beijo