Grande Visconde dos Buritizais, buenas tardes! Já está tudo combinado e acertado para o grande encontro. João Donato, Ivone Belém, Eneyda Donato, Lysias Ênio, outros convidados, e eu.
Levarei um delicioso pirarucu salgado, das águas barrentas do Rio Juruá. De quebra, pra completar o ritual juruá-amazônico, aquela farinha que o Brasil admira, de Cruzeiro do Sul.
Vamos jogar muita conversa fora, contando causos e cantando a vida, entre "umas e outras". O pirarucu vai ser preparado pela Eneyda, pós-graduada no assunto. O resto a Ivone te conta depois, na íntegra.
Pra homenagear o município que me deu o peixe, vai a letra "Manhã no mercado", da música que eu fiz pro mercado Joãozinho Melo:
O galo canta no terreiro
Sua liberdade desmedida
Da minha janela, feito aquarela
Luz do sol, raios de vida
Enquanto no mercado
Um homem canta
A sua lida.
Quem vai querer
Cheiro verde, alface, cebolinha
Tudo fresquin
Foi tirado da horta inda gorinha.
Quem vai querer
Rapadura, alfenim, mel e farinha
Veio lá da roça
Foi feito por minha madrinha.
Pé de moleque, malagueta, patoá, tabaco de molhe
Pão de milho, quibe de macaxeira
Café com leite, bejú, banana frita, açaí
Tem tapioca quente na frigideira.
Toucin de porco, pacú
Feijão de corda, jambu
Baião-de-dois
E pinga prá saideira.
Pastel de carne moida
Costela de tambaqui
Caldo de cana
Vinho do buriti.
Tem mandin frito, catuaba, sarará de porongaba
Tem quibe cru feito por dona Celeste
Tem camarão do pará, prá por no meu tacacá
tem cabra bom, tambem tem cabra da peste.
Quiabo pro caruru
Doce de cupuaçu
E uma esperança
Vinda lá do Nordeste.
Rapé, chicória, hortelã
Extrato de patchuli
Tem pescador
Mentindo mais que gibi.
Chapeu de palha, lamparina, garrafada, vitamina
E pro almoço tem galinha caipira
CD de brega e forró, moça bonita que só
Quando ela passa todo mundo suspira.
Lingüiça, paio, jabá
Rede lá do Ceará
E a farinha
Que o Brasil admira.
Cebola, dente-de-alho
Rabada no tucupi
E muito amor
Que é o tempero daqui.
Um abraço.
Sérgio Souto
7 comentários:
Gostei da letra, mas ta meio brasileirada. Acho que foi essa a intencao do Sergio.
Mas se a intencao foi uma letra bem acreanizada tem que cair fora esse monte de coisa que nem de longe pertence ao Acre.
Toucin de porco (comida mineira), Caruru (Bahia), extrato de patchouli (belem), linguica, paio (feijoada carioca), quibe cru...
tudo agora tem que tem essa historia de acreanidade? o que é isso? Querem o que o do Sergio Carioca?
Altino, você é um ser privilegiado.
Ah! Eu há disse isso?
Ora, mas como não repetir, se você recebe esses poemas e têm esses amigos especiais?
Mercados são universais e, ao mesmo tempo íntimos porque os seus cheiros e sabores estão em na pele, nos olhos, na boca e, mais ainda na alma de quem os conhece, seja em Rio Branco, seja me Beirute.
E o mercado do Sérgio, ao mesmo tempo, é oferta e fruição.
Obrigada.
beijos
Mais um grande trabalho do nosso poeta-compositor-interprete. Sempre Sér(g)io Nobre e Souto. Eymard Freire,Fort.Ce
Seja em Cruzeiro do sul
Ou seja em "Paramaribo"
Quem sabe no ver-o-peso ?
Somos da mesma tribo !
Como disse a Saramar
Existem cheiros, sabores
Na tez, nos olhos e bocas
Diversidade de côres.
Eu tenho meus pés no chão
Mas o pensamento vôa
meu sotaque é Brasileiro
quem sabe meu canto ecôa?
Portanto no meu mercado
Há lugar prá toda gente
Tem alma ,tem coração
Tudo é bem naturalmente.
Sejam benvindos Altino
Silvio,Gean,Saramar
E os que ainda estão chegando
Para me cumprimentar.
Vos agradeço e vos digo
Meu mercado não tem pontes
Singra rios e oceanos
Cruza a linha do horizonte.
Não tem muros, labirintos
Armadilhas,precipícios
Tem as portas sempre abertas
Não tem final e nem início.
Eu vou parar por aqui !!!
Depois do lindo samba "circo brasil" que
o Sergio compôs com o grande Aldir Blanc,esta poesia´poderia se chamar "mercado brasil". Parabens pelo mercado
e as guloseimas.
Sérgio, como sempre vc continua "mandando" muito bem, inclusive na réplica acina, pra lá de inspirada...Parabéns..bons fluídos, sempre!!! William de Faria-de Guarda-Mor/MG, para o Acre...
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