sexta-feira, 26 de maio de 2006

UMA LEITORA NA FINLÂNDIA

Pirjo Kristiina Virtanen

É bem interessante ler o Blog do Altino e Página 20, pois faz relembrar o ano que eu vivia no Acre. Naquele tempo conheci todas as maravilhas que o Acre tem, especialmente os valores diferentes representados pela população indígena.

Gostaria de comentar que o objetivo do projeto da Universidade de Helsinque é reconstruir a história da Amazônia somando as outras iniciativas de pesquisa na Amazônia brasileira, o treinamento dos estudantes e professores, fornecer as informações sobre os valores culturais dos sítios arqueológicos para os moradores na área, e fortalecer políticas públicas de preservação.

Fiquei surpreendida pelas acusações contra os arqueólogos estrangeiros. Pelo menos aqui na Finlândia não se encontra o material arqueológico ilegalmente removido de sítios no Acre. Nem o material coletado legalmente, pois ele deveria ficar no Acre para divulgar o patrimônio histórico e humanidade da Amazônia. Mas isso ainda carece enormemente de recursos humanos e financeiros.

Falta esclarecer que ainda não foi feito nenhum tipo de escavação ou coleta, nem durante a primeira visita da equipe ao Acre, em 2000, pois a missão era tomar conhecimento dos sítios tendo em vista uma possível futura colaboração científica entre a nossa universidade e a Universidade Federal do Acre (Ufac) em um projeto arqueológico.

Uma amostra pequeníssima de carvão, que foi analisado no laboratório da Universidade de Helsinque, fez parte do projeto das ciências naturais entre a Universidade de Turku e Ufac.


Logo depois da primeira visita do Dr. Pärssinen ao Acre, ele observou que os sítios arqueológicos estão parcialmente destruídos por causa da remoção de terra e construção de estradas. Por isso, ele informou o Departamento de Patrimônio Cultural e Ufac que os sítios eram interessantes e que ele se dispunha a tentar obter financiamento com o intuito de realizar uma pesquisa científica em cooperação entre os dois países - Brasil e Finlândia.

Tudo valeu a pena, se a alma não é pequena.


Conheci a finlandesa Pirjo Kristiina Virtanen numa manhã do verão amazônico. Chegamos a marcar uma entrevista, mas ela acabou desistindo com o argumento de que estava há pouco tempo na região. Ela é antropóloga da Universidade de Helsique. Realizou pesquisas no Acre sobre a identidade dos jovens indígenas nos centros urbanos da Amazônia contemporânea. Iniciada em 2003, ganhou forma no projeto de pesquisa "Modernização na Amazônia: a visão de mundo e a estrutura social de jovens indígenas no Acre", aprovado, em início de 2005, pelo CNPq e a Coordenação de Estudos e Pesquisas da Funai.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nesse embróglio em que se transformou o tema dos geoglifos, desde a notícia publicada no Página 20, a mensagem da pesquisadora Pirjo Kristiina Virtanen é uma luz iluminando um ambiente meio cinza desse tiroteio de final de tarde. O tema da pirataria na área da arqueologia não é novidade, nem mesmo para o Acre. Desde criança, eu soube da existência de ossadas de animais pré-histórico na região do Alto Acre. Em diversas ocasiões, cheguei a ver partes delas. Lembro inclusive das localizações de algumas delas: o igarapé Banana e a cachoeira dos Ingleses, no rio Acre, ambos nas proximidades de Assis Brasil. Hoje, esses sítios sequer existem, pelo menos, na forma como eram conhecidos nos idos dos anos sessenta, segundo fui informado. Também sei, como muitos sabem, que parte desse material foi levada para fora do Acre. Pelo que sei foi levado de diversas maneiras e não estou a me referir a qualquer dos personagens dessa conversa. Até mesmo acredito que não tenham sequer tido a oportunidade de ver esses sítios.
O caminho, portanto, depois de tudo que se disse, mesmo quando fruto da criatividade fantasiosa de alguns ou resultado de brigas entre grupos de pesquisa, como pareceu em alguns momentos, deve ser a busca de esclarecimentos. A mensagem de Pirjo Kristiina informou sobre relações que se construíram em torno do assunto geoglifos e das possibilidades da continuidade dos trabalhos de pesquisa. A mera defesa do trabalho de um ou outro personagem dessa estória trouxe pouca luz ao assunto. Ainda mais quando uma das Instituições em torno da qual se desdobrou muito do que aconteceu e ainda poderá acontecer não foi ouvida. Refiro-me a Universidade Federal do Acre. Até agora ouvi acusações pelo descaso de instituições públicas ou privadas em torno dos temas. Pouco ou nada ouvi sobre o fato de que as possibilidades de tratamento efetivo e adequado de temas de tal natureza se deve a existência da UFAc. Foi graças aos programas de ensino e pesquisa que passaram a existir com a UFAc que se formou um núcleo de especialistas no Acre. Sabemos que graças ao programa de Capacitação de Docentes da Ufac é que se chegou a formar o núcleo de pesquisadores e de professores em ação no Acre. O atual reitor da UFAc, Doutor Jonas, é um exemplo disso dessa extraordinária ampliação de horizontes possibilitados pela ação da Universidade no Acre. Pessoalmente, tenho lembrança do professor Jean Bocquentin, certamente, um personagem no centro de todo o movimento que levou aos resultados que colocou a UFAc e o Acre no “roteiro do dinossauros”.

Espero que essa conversa toda contribua no mesmo sentido da mensagem de Pirjo: nos informar sobre o andamento dos trabalho de pesquisa na região acreana.