sábado, 20 de maio de 2006

MOISÉS PIYÃKO

Caro Altino,

Como havia lhe prometido, aqui segue um breve relato sobre a visita do jovem líder ashaninka Moisés Piyãko à Alemanha, para divulgar a cultura do povo dele e falar da questão indígena no Brasil e no Acre. Moisés Piyãko visitou várias cidades alemãs, entre elas Bremen, Münster, Göttingen, Berlim e Hamburgo, além de ter participado de vários eventos.

Em Göttingen, Moisés Piyãko participou do 38° Encontro da Society for threatened Peoples (Sociedade em prol dos Povos Ameaçados) e teve a chance de apresentar a cultura ashaninka, bem como falar do problema do desmatamento na região.

O público alemão, em todas as cidades pelas quais Moisés passou, se encantou com a beleza da cultura ashaninka e se interessou muito em poder se informar sobre a situação do meio ambiente na região amazônica.

Em Hamburgo foram mostrados dois filmes sobre a cultura ashaninka: “Shomõtsi” e “No Tempo das Chuvas”, quando o público teve a chance de fazer perguntas e conversar com Moisés Piyãko sobre o seu povo. A organização Greenpeace também participou do evento.

Visitamos, em Berlim, o urso - símbolo da cidade - dedicado ao Brasil, elaborado pela fotógrafa Gleice Mere. O urso é uma homenagem aos povos indígenas brasileiros e à Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho, que trata dos direitos indígenas). Por grande coincidência ele traz na barriga uma foto dos ashaninka da Apiwtxa, tirada pela fotógrafa ao visitar a aldeia em 2002.

Resumindo: a viagem de Moisés Piyãko à Alemanha foi muito produtiva! O público alemão estava muito interessado em saber como está a situação dos povos indígenas na região, com quais problemas eles se deparam e como está a questão ambiental. Creio que Moisés Piyãko tenha voltado ao Acre com uma boa impressão do povo alemão, que, apesar de ter muitas vezes uma aparência sisuda, guarda um grande coração dentro do peito.

Todos que conheceram Moisés Piyãko ganharam um carinho enorme por ele e seu povo. Foram dias especiais, cheios de boa energia da floresta e do povo acreano. A Alemanha se tornou mais doce e os alemães conseguiram abrir seus corações com a presença do líder Ashaninka.

Todos aqui continuarão lutando para que esta visita gere bons frutos e que apesar da distância, o Brasil e a Alemanha continuem unidos.

Eliane Ferreira



A antropóloga Eliane Ferreira nasceu em Minas Gerais. O avô dela, Childerico José Fernandes de Queiroz Maia (foto abaixo), trocou o Rio Grande do Norte pelo Acre, em 1890, onde se tornou proprietário dos seringais Oriente e Espalha, no Rio Iaco. Ele lutou contra as tropas bolivianas no Exército da Revolução Acreana, durante a conquista do Acre, sob o comando do coronel José Plácido de Castro. O irmão mais novo do bisavô dela, João Câncio Fernandes, foi governador do Acre. Há 15 anos, Eliane serve às causas da Amazônia como agente do Exército Acreano em Hamburgo. Dê um clique sobre a imagem acima, que é de um trecho do livro "Serra das Almas - o guerreiro do Iaco", de Calazans Fernandes.

5 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo Altino, voce pode ser autodidata, mas o blog é de um profissional gabaritado!! Pensa global, aje local, muito bem a Amazonia agradece.
Pena que profissionais como nós no Brasil não tenhamos o valor reconhecido como deveria ser!!
Mais vale um ideal. Se puder apareça!!
Virginia Pereira
www.amornatural.blogspot.com

Anônimo disse...

Ô Altino, confesso que fiquei meio confusa com essa história toda.
E, por favor, perdoe-me, mas vou abusar, exigindo mais dos seus conhecimentos.
Veja, nós que não temos esses privilégios todos que vocês têm aí no Acre, da diversidade, da riqueza cultural imensa e quase edênica, queremos outras e maiores explicações (essa 3.ª pessoa é pura humildade, certo?).
Por favor, daria para você mostrar algo para os pobres ignorantes (no caso, eu) sobre o "jovem líder ashaninka Moisés Piyãko"?
E essa indumentária da foto? É o costume dele? É tão diferente de tudo o que já vi aqui na América Latina.
Sim, eu sei que vocês vão dizer que é tudo burrice, mas o que faço? Estou começando aprender tudo aqui neste blog.
Obrigada.

Beijos e um lindo domingo pra você e sua família (sem fumaça).

Unknown disse...

Prezado Altino Machado, meu nome é Andréa Maria Castello Branco Fernandes e meu bisavô João Cancio Fernandes era irmão de Childerico Fernandes, bisavô da antropóloga Eliane Fernandes. Você poderia me fornecer o e-mail dela ? Atenciosamente, Andréa Fernandes.

ALTINO MACHADO disse...

Andréa, tenha apenas o Skype dela: elianeff

Honório de Medeiros disse...

Caro Altino:

Aqui,do Rio Grande do Norte, leio sempre seu blog.

E fico feliz em perceber que ele alberga algo assim como uma comunidade de "bisnetos":

Eliane Fernandes é bisneta de Childerico José; Andréa Maria Castello Branco é bisneta de João Câncio, seu irmão; e eu sou bisneto de Francisca Fernandes, irmã deles dois. Todos, Childerico José, João Câncio e Francisca Fernandes, filhos do primeiro Childerico.

Um grande abraço.

PS. Conhece o jornalista Franklin Jorge?