sexta-feira, 26 de maio de 2006

AGORA É LIXO

O deputado estadual Moisés Diniz protocolou requerimento no qual pede a instalação, em caráter de urgência, de uma comissão da Assembléia Legislativa para investigar a destruição de armas históricas, que estavam sob a guarda da Polícia Federal. Essas armas teriam sido utilizadas na Revolução Acreana, como rifles Winchester, calibre 44, o conhecido "papo amarelo".

- Se essas armas históricas tiverem sido destruídas, alguém vai ter que responder por isso. Um delito histórico desses é como destruir uma planta única que carregue a cura de uma doença. Não tem como remediar - argumentou Diniz.

De acordo com informações da coordenadora do Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Estado, Maria Leuda da Silva, entre as armas sob a guarda da Polícia Federal, havia trinta delas contemporâneas aos grandes eventos da história acreana.

A coordenadora informou ainda que fez a solicitação para que as armas históricas ficassem sob a guarda do Museu da Revolução, mas que a superintendência regional da PF afirmou não ter autonomia para a cessão e que essa permissão só seria possível se obter em Brasília.

- Algumas pessoas ainda não entenderam que o Acre é o único estado que fez uma revolução para ser brasileiro. Quando isso não é compreendido, a nossa história não é respeitada - finalizou o parlamentar.

Comentário enviado ao blog por Leudes da Silva Souza, do Departamento de Patrimônio Histórico do Acre:


"No início da Campanha do Desarmamento, o Departamento de Patrimônio Histórico, diante da possibilidade de que armas históricas estariam entre o arsenal que seria recolhido pelo Ministério da Justiça, entrou em contato com a Policia Federal no Estado do Acre, para garantir a preservação das referidas armas.

A resposta da PF no Acre foi que o Patrimônio teria que contactar a PF de Brasília na tentativa de apurar as informações necessárias e propor que as possíveis armas pudessem ser doadas para compor o acervo histórico do Departamento.

Do contato com a PF de Brasília soubemos que não haveria a possibilidade de que as armas fossem doadas porque, segundo normas jurídicas, a partir do momento que as peças são recolhidas, só podem ser entregues ao Exército Brasileiro. É interessante informar que a situação se repetiu em vários estados brasileiros.

A respeito do comentário que o blogueiro Altino Machado faz, na nota intitulada "Memória acreana no lixo", antes de publicá-la deveria ter procurado o Departamento de Patrimônio Histórico para esclarecer como aconteceu todo o processo, principalmente porque o jornalista traz uma bagagem profissional em apurar fatos para construir a notícia com veracidade".

Leudes, desnecessário dizer de minha admiração e respeito por seu trabalho. A minha crítica se baseou no que foi relatado pelo site Notícias da Hora, que reproduziu basicamente a sua explicação feita agora. Uma coisa você não pode negar: a memória da história acreana empobreceu ontem, quando um trator retorceu 30 armas que foram usadas pelos bravos conquistadores do Acre. Você, eu ou qualquer outro cidadão acreano poderia ter chamado a atenção da opinião pública para impedir que o Exército destruisse o patrimônio. Você mesma poderia ter se movimentado para fazer com que o caso chegasse ao conhecimento do governador Jorge Viana, que é um dos entusiastas da preservação do patrimônio histório acreano. Ele certamente teria acionado o presidente Lula, de quem é amigo pessoal, o senador Tião Viana, a ministra Marina Silva, os ministros da Justiça e do Exército. Eu garanto que teria sido dado um jeitinho legal, bem brasileiro, e o Exército não teria destruído as 30 armas que foram empunhadas pelos revolucionários que conquistaram o Acre. Não adianta tentar tapar o sol com uma peneira: você e eu passamos a semana mais preocupados com a polêmica sobre os geoglifos e esquecemos de proteger as armas históricas, não é? Lamentavelmente, neste caso, a memória acreana virou ferro velho. Agora é lixo.

Mensagem enviada pelo deputado estadual Moisés Diniz (PC do B):

"Caro Altino,

O seu blog é a bola da vez! Parabéns!

Quanto à destruição de armas históricas, protocolei nesta sexta-feira um requerimento pedindo uma Comissão de Sindicância da Assembléia Legislativa para investigar esse delito. Acredito que será aprovado na terça-feira.

Aos que acharem que agora é tarde, eu pergunto: e quando alguém é assassinado, devemos esquecer o assassino, só porque não dá para reparar a vida?

Se nós tivéssemos conhecimento disso antes, teríamos feito uma boa confusão. E sei que você ajudaria.

Um abraço,

Dep. Moisés Diniz"


Do escritor friburguense Jayme Jaccoud:

"Altino.

Como novo "freguês" do seu blog, tomei conhecimento da absurda e irreparável perda de um pedaço da história do Acre. É lamentável.

Aqui, em Nova Friburgo, há alguns anos, quase aconteceu o mesmo. Um motorista da prefeitura informava-se onde deveria jogar um monte de papel velho que fora colocado em seu basculante.

O informante achou estranha a consulta e foi ver a papelada. Nada mais eram do que milhares de documentos da vila de Nova Friburgo, desde 1820, ano da instalação da vila, que se achavam amontoados numa sala que queriam desocupar. Eles deram origem ao atual Pró-Memória de Nova Friburgo.

Estou com pena do gato preto. Num caso idêntico, em Nova Friburgo, o gato que estava num dos seculares eucalíptos da praça central, foi salvo pelos bombeiros com a ajuda de uma escada Magirus.

Um abraço do

Jayme Jaccoud"

2 comentários:

Anônimo disse...

A Leudes Vinicius explicou mas não esclareceu. Também quem manda ficar preocupado com o Alceu Ranzi!

Anônimo disse...

Bola da vez é bola na boca da caçapa,e bola na caçapa é bola fora de jogo.
Eu espero ver seu blog longe de qualquer possibilidade de cair na caçapa.
Avisa ai pro deputado.