sábado, 29 de abril de 2006

NOVO MASSACRE DE ÍNDIOS

Madeireiros invadiram territórios de povos indígenas isolados, anteontem, na província de Orellana, no Equador, e mataram cerca de 30 homens e mulheres em resposta à morte, a golpes de lança, de trabalhador ilegal de madeira, ocorrida há alguns dias.

A batalha ocorreu em Cononaco Chico (rio Chiripuno), a mais de 92 quilômetros ao sul de Francisco de Orellana (Coca).

Pessoas de Tiquino, a comunidade huaorani mais próxima do local do massacre, informaram que retiraram do interior da floresta dois corpos de mulheres de aparência taromenane com sinais de que foram assassinadas com tiros de escopeta.

Desde ontem a Polícia Nacional realiza o trabalho de reconhecimento dos corpos das vítimas e continua hoje a sobrevoar a região, para tentar identificar o lugar exato do massacre.

A organização Veeduría para la Protección de los Pueblos Aislados de Yasuní tem chamado a atenção da opinião pública desde 2004 na tentativa de sensibilizar o governo do Equador a adotar medidas concretas que protejam os direitos, a vida e os territórios dos frágeis e últimos povos isolados da Amazônia equatoriana.

A Veeduría exige que seja realizada uma investigação exaustiva dos eventos ocorridos em Yasuní a fim de determinar autores e cúmplices do novo massacre a um povo indígena isolado. Pede que sejam bloqueadas de imediato as vias (estradas e rios) de acesso à região da Zona Intangível de Yasuní, para evitar novas hostilidades e massacres.

A organização pede a expulsão dos madeireiros ilegais que trabalham na região de Yasuní e que as informações sobre o caso circulem livremente e se leve em conta os processos de controle que a sociedade civil realiza.

- Solicitamos também que o relator especial das Nações Unidas para povos indígenas, Rodolfo Stavenhagen, que atualmente visita oficialmente o Equador, recolha esta informação e inste as autoridades equatorianas a uma solução integral que proteja permanentemente aos "povos ocultos" de Yasuní.

Petrobrás
No começo do ano, após longa campanha, que mobilizou entidades e autoridades locais e internacionais, a Petrobrás decidiu rearranjar planos para exploração de petróleo no Parque Yasuní. Em um comunicado oficial publicado em seu website, e enviado à organização não-governamental Save America´s Forests, a empresa brasileira anunciou que alterou significativamente seu projeto para exploração de petróleo no Bloco 31, na região central do parque.


Vale assinalar que a Petrobrás conseguiu recentemente firmar contrato com o governo peruano para a exploração de um lote de petróleo localizado bem próximo às cabeceiras do rio Jordão, na terra dos Kaxinawá, no Acre. No lado peruano, esse lote está sobreposto à Reserva Territorial Murunahua, destinada a povos indígenas isolados.

Mais informações sobre os conflitos no Parque Nacional Yasuní podem ser obtidas nos sites do jornal equatoriano El Comercio e da organização brasileira Amazônia.org.

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