quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

SUSTO NA EXPEDIÇÃO



Por Elson Martins

Faltou pouco para que a Expedição Foz do Breu II perdesse, por volta das 14 horas de quarta-feira, 15, três de seus membros: o desembargador Arquilau de Castro Melo, o paleontólogo Alceu Ranzi e o jornalista Elson Martins, além do cabo Eder do Corpo de Bombeiros.

Os quatro ocupavam a lancha "voadeira" cujo motor falhou na saída do porto de Thaumaturgo e, em poucos segundos, foram arrastados pela forte correnteza do rio Juruá contra uma balsa ancorada, perigosamente, um pouco abaixo.

"Trepem na balsa: a canoa vai virar!" –gritaram os experientes tripulantes do barco Bruno encostado no barranco a 50 metros, enquanto uma segunda "voadeira" (conduzida pelo também cabo, J.Soares) se aproximava jogando uma corda para puxar a embarcação em risco.

O desembargador, o jornalista e o paleontólogo se salvaram agarrando nas grades da balsa; com isso a canoa, mais leve sem a carga foi puxada. O procurador e cineasta Rodrigo Neves fotografou a cena (ver fotos) mostrando a gravidade da situação.

Um acidente semelhante aconteceu na manhã seguinte: a baleeira de 22 toneladas alugada ao Governo do Estado, para o programa Luz para Todos, foi também jogada de encontro à balsa. O dono, Joilson Melo, sofreu prejuízos com a quebra do mastro e do balaústre dianteiro do barco.

Os moradores de Thaumaturgo lembram de outros acidentes em decorrência da posição inconveniente da balsa naquele porto. Mas ninguém reclama, oficialmente, porque a embarcação está ocupada por soldados do exército, que a utilizam como dormitório.

Desembargador herói
A "voadeira" da expedição Foz do Breu II não emborcou e foi arrastada para baixo da balsa com seus ocupantes porque o desembargador Arquilau, que se encontrava no banco da frente, segurou por alguns instantes, com firmeza, a corda lançada pelo cabo João, da outra canoa. A corda retesou, ele caiu, mesmo assim conseguiu amarra-la e se levantar para também se pendurar nas grades da balsa, enquanto o cabo Eder permanecia agarrado ao motor.

O jornalista Elson Martins, 66, com problemas de pressão alta, não soube explicar depois onde conseguiu forças para se pendurar na grade que fica a cerca de um metro e meio da lâmina d’água. Mas, permaneceu com as pernas tremendo por algum tempo depois do susto.

Bem humorados, os membros da expedição brincaram com o final feliz do acidente. Passaram a chamar o desembargador de "Meu Herói"; e, ao jornalista, de "Homem Aranha".

Brincadeiras à parte, a balsa ocupada pelos militares do exército continua no local como uma armadilha contra os navegantes da região. O prefeito de Thaumaturgo, Itamar de Sá, informou que já fez ofício ao exército pedindo que mandasse ancorar a embarcação em outro local, mas não recebeu resposta.

Possuindo grande calado, e ancorada em posição transversal à correnteza do rio Juruá, a balsa funciona como uma pedreira barrando o curso normal das águas e gerando uma força que as empurra para baixo. Quem cair ali, não importa que saiba nadar bem ou esteja protegido por salva-vidas, vai para o fundo; e dificilmente escapará de morrer asfixiado.

(*) Elson Martins é jornalista e colaborador do blog. Foto: Rodrigues neves.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pode perguntar a qualquer cabôco do Juruá: isso aconteceu porque vocês disseram "vamos até a Foz do Breu" e esqueceram de dizer "se Deus quiser".

Anônimo disse...

Ainda não entendi a grandeza do tal susto. Reparem na foto: o Elson Martins morrendo de rir, com uma mão na balsa e outra mão segurando uma garrafa de água mineral dentro de uma canoa. Sem isso, a foto do desembargador puxando a corda e fazendo cara feia expressaria alguma dramaticidade.