terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

CONTRA O FOGO NO ACRE

Representantes de vários setores da sociedade acreana estão participando desde ontem, no auditório da Federação das Indústrias do Acre, em Rio Branco, de um seminário para avaliar as queimadas ocorridas no ano passado e planejar as ações preventivas e mitigadoras da seca anunciada para este ano. O evento, que encerra amanhã, é promovido pelo Comitê de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, integrado por vários órgãos oficiais de defesa ambiental dos governos federal, estadual e municipal.

Entre julho e novembro de 2005, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram quase 7 mil focos de calor no leste do Acre, um aumento de 200% em relação ao ano anterior. Isso resultou em cerca de 250 mil hectares de florestas chamuscados e outros 350 mil hectares de áreas abertas com vestígios de cinzas.

Pesquisadores da Universidade Federal do Acre que monitoram o índice pluviométrico em Rio Branco e outras regiões do estado, têm alertado que o regime de chuvas no Acre em janeiro de 2006 continuou longe das médias anuais que vêm sendo registradas desde o início dos anos 90. De 1990 até 2004, a média de chuvas no mês de janeiro para o Acre ficou em torno dos 300mm. No ano passado, ficou em 140mm. Este ano estacionou nos 200mm de média.

O uso do fogo como prática agrícola é comum no páis, principalmente na Amazônia. O processo de desflorestamento é quase sempre acompanhado das práticas de queima. A queimada associada à derrubada e seu uso para manejo de pastos é resultante de fatores sócio-econômicos.

No ano passado, a atividade de queima ocorreu de maneira descontrolada e causou enormes prejuízos econômicos e ambientais, quando o Acre enfrentou uma situação atípica nas condições climáticas, com um longo período de estiagem.

A seca e a baixa umidade do ar causaram incêndios em florestas e pastos, obrigando o governo estadual a decretar situação de emergência. Os municípios de Acrelândia e Plácido de Castro, por exemplo, perderam quase toda a produção agrícola e pecuária devido a queima sem controle. O aúmulo de fumaça causou danos que afetaram a saúde, o transporte, e a educação.

O seminário "As queimadas no Acre: avaliação, combate alternativas e propostas futuras" se propõe a contribuir para que a população seja informada sobre os danos econômicos e ambientais causados pelo fogo e, baseada em dados científicos, possa estabelecer estratégias para combatê-lo de modo eficiente neste ano.

Os freis Heitor Turrini e Paulino Baldassarri, que há vários anos trabalham em defesa das florestas do Acre, não compareceram ao seminário, mas enviaram de São Paulo uma carta ao pesquisador Foster Brown, na qual sugerem medidas para combater a devastação. Clique aqui para ler uma entrevista antiga que fiz com Baldassari para o blog. Segue a carta.

2 comentários:

Anônimo disse...

Altino,
acredito que a soma de esforços da sociedade civil com o governo e a mídia poderemos ter um sucesso nessa empreitada. Bem que o companheiro Anibal Diniz poderia introduzir uma campanha educativa, perene, no rádio, jornal e TV. Os donos da mídia e jornalistas, altruístas que são, também poderiam levantar a bandeira e promover a campanha. Os professores, os alunos, fazedores de boas idéias, poderiam chamar a atenção da população com passeatas etc... Enfim, "quem sabe faz a hora não espera acontecer". Um abração. Duda

Anônimo disse...

Pelo menos o Foverno do Estado admitiu que as queimadas que quase destruíram a possibilidade de se viver no Acre ano passado ocorreram aí mesmo, e não em Rondônia e aqui em Mato Grosso. Todos os anos era essa a mentira que era divulgada dentro e fora do estado.