domingo, 27 de novembro de 2005

SEBASTIÃO TAPAJÓS



"A AMAZÔNIA É FILHA ÚNICA"

Alegria
Um das minhas maiores alegrias como artista foi fazer a produção e os arranjos do álbum "Cantos e Contos da Floresta Nacional do Tapajós", com apoio do Ibama, trabalhando no meu habitat. Foi um trabalho feito com o coração. Fiz questão de pegar o pessoal de lá mesmo, cantando em seu habitat. Fiz uma roupagem em estúdio. É um disco muito interessante. É uma pena que existam apenas duas mil cópias. Não deu para quem queria. Quem possui uma cópia daquele CD pode se considerar um privilegiado.

Música amazônica
Ela Existe. Tenho, por exemplo, uns trabalhos que chamo de "Instrumental Caboclo", que são resquícios da minha infância, de coisas assim. "Solos da Amazônia", também, é outra prova da existência da música amazônica. Agora mesmo vou gravar um disco que chama "Nas água da Amazônia", lembrando o Rio de Janeiro onde morei muitos anos, que vai levar o título de cada capital dos Estados da Amazônia. As músicas foram feitas no barco, lá em Santarém, durante as minhas pescarias. O gosto das músicas é bem carioca mesmo.

João Donato
É meu irmão, meu amigo. Estamos sempre na batalha. Somos cidadãos do mundo. O João Donato é um músico aqui do Acre que tem um trabalho maravilhoso no mundo inteiro.

Amazônia
A Amazônia é a coqueluche do mundo, a importância maior e o maior marketing do mundo na atualidade. O mundo inteiro vive de olho na Amazônia porque a Amazônia é essa riqueza infinita. Graças a Deus a gente não vai perder isso de vista porque é necessário. As coisas acontecem mal... Você sabe do que estou falando, não é? Nós temos que cuidar da Amazônia como filha única. Cuidar para não tomarem tanta posse.

No mundo
Quando me apresento mundo afora, o maior interesse deles é conhecer a nossa região. Sempre foi assim. Há quarenta anos viajo para fora do país e meus amigos sempre dizem que vêm me visitar, que querem conhecer a nossa região. Eles acham que existem jacarés andando nas ruas. Até que tinha, não é? Sempre fui um divulgador da Amazônia. Há anos os meus cartazes fazem isso.

Lúcio Flávio Pinto
É um batalhador muito inteligente, um jornalista maravilhoso. Ele fala o que tem que falar mesmo. Acho que tem mais que ser assim. Não podemos ficar mudos. Não viemos aqui só para ouvir. Inicialmente, não viemos para ficar. Estamos de passagem por aqui e temos que falar as coisas. Contanto que não maltrate os seres, temos que falar o que é verdade. Portanto, se o que o Lúcio está falando é a verdade, tem mais é que continuar falando a verdade.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que bom, Tião, que a música, a arte, a sensibilidade e a espiritualidade da Amazônia falam (ou sussurram...) por artistas como você. Se torna menor a mágoa, ouvir da tua viola a solidariedade espontânea que a maior parte da imprensa e mídia do Tapajós tem negado ao Lúcio. É por essas e outras que "os artistas são as antenas da espécie"....

Anônimo disse...

Que bom, Tião,a música, a arte, a sensibilidade e a espiritualidade da Amazônia ter a expressão de artistas mágicos como você.É menor a mágoa, ouvir do sussurro tua viola o apoio espontâneo que a maior parte da "mídia" do Tapajós tem negado ao Lúcio.Por essas e outras, "os artistas são as antenas da espécie"...

Anônimo disse...

(Ah, uma deixa!) Ei, Altino, por acaso não é esse disco que você, num misto de golpe de sorte e de esperteza, ganhou da Mara Régia no Congresso lá em Santos? (Sacy Pererê não pode estar ao vivo ouvindo Sebastião Tapajós, mas sua boa energia ecoou pelo ar. Linda entrevista.)

Anônimo disse...

É aquele mesmo. A sorte é tanta que, pouco mais de um mês depois, o Sebastião Tapajós veio tocar. E ainda tivemos temo para uma boa prosa. Ah! Não esquece da reunião, Pererê.