segunda-feira, 14 de novembro de 2005

FRANSELMO

Qual é a sua opinião em relação à cobertura que a imprensa faz do protesto suicida do jornalista e ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros, 65, da Fundação para Conservação da Natureza de Mato Grosso do Sul (Fuconams), ocorrido em Campo Grande?

Percebo que a mídia tem sido bastante condescendente ao evitar as palavras "suicídio" ou "suicida" no relato da atitude extremada de Franselmo. Não costuma agir assim quando trata de outros casos envolvendo suicidas, sobretudo em Israel e no Iraque.

Sempre tive e ainda tenho enorme dificuldade em enxergar alguma galhardia nos suicidas. Fazendeiros, madeireiros e toda sorte de saqueadores das riquezas naturais do país, inclusive o senador Jorge Bornhausen, talvez viessem a comemorar se toda a "raça" de ambientalistas cometesse suicídio.

Li a declaração do diretor jurídico da Fuconams, Douglas Ramos, amigo de Francelmo, que vê no suicídio do colega um "ato heróico". Ramos chegou a declarar que "a Amazônia teve Chico Mendes. O Pantanal teve Francelmo".

E qual é, ainda, a sua opinião sobre a história de Franselmo - a história de uma vida de lutas que se converte em suicídio, imolação?

A partir de agora, como será possível manter vivo o brio da luta dele sem pregar subliminarmente o suicídio ou a imolação como atitute política no sentido de alcançar um efeito desejado?

Nesse aspecto, a vida de Chico Mendes foi bem diferente ao lutar, organizar "empates" e resistir até ser assassinado covardemente.

A questão está posta.

P.S.: O site Campo Grande News informa que uma índia de 14 anos, identificada pelas iniciais de C.O., cometeu suicídio às 21h30 de sábado na Aldeia Sucuruy, em Maracaju (MS). Conforme informações do Maracaju News, a adolescente se enforcou, amarrando uma corda no pescoço e em uma árvore. A aldeia fica a cinco quilômetros do perímetro urbano, na saída para Rio Brilhante. Os casos de suicídio não são comuns naquela região, mas ocorrem com freqüência na região de Dourados.

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