segunda-feira, 24 de outubro de 2005

SANHAÇU-AZUL


Há três anos, quando a casa ficou pronta, eles invadiram a varanda em busca de um ponto seguro para construir ninhos. Fracassaram durantes vários dias, pois o vento derrubava minúsculos galhos secos, fios de algodão, ramos, recortes de folhas secas de bananeira e capim.

Mas a confluência de duas vigas de cumaru-ferro, no beiral em frente à porta da cozinha, se mostrou suficientemente firme para abrigá-los. Seis gerações já nasceram, bateram asas e voaram do mesmo ninho.

Servimo-lhes banana e mamão durante o período de estiagem, quando se divertem com suas cantorias nos pés de mangueira e de laranjeira. Agora, com as primeiras chuvas, começa um novo ciclo de reprodução.

Acendi a luz fluorescente dos fundos da casa, aproximei a máquina e seu olhar se revelou manso.

Logo dois filhotes vão nascer e piar bastante enquanto estiverem sendo alimentados pelos pais. Vão começar a bater asas e se prepararem para o primeiro vôo rumo à mangueira ou laranjeira.

E vão voltar outras vezes para se multiplicarem no conforto e segurança daquele ninho. Será que são os pais que voltam sempre para o mesmo ninho? Ou são os filhotes após alguma comunicação dos pais?

O importante é que os sanhaçus-da-Amazônia (Thraupis episcopus) invadam, cantem, reproduzam e voem livres quando bem entenderem lá no fundo, no cantinho direito de nossa casa.

3 comentários:

Anônimo disse...

Uma maravilha ter uns intrusos desses dentro de casa, não? E cantando pra gente então...

To achando, Altino, é que sendo tratados bem assim, eles não irão embora não, viu? Pode preparar mais mamão e banana aí que eles, pelo jeito, gostaram...;)

Anônimo disse...

Hoje, pela manhã, liguei o computador. Li alguns e-mails que aguardavam respostas e depois entrei no "Blog do Altino", conhece?

Por alguns instantes fui arrancado do presente e levado à noite anterior, ao passado [mesmo que próximo]. Eu estava novamente no meu quarto, lendo as crônicas de Rubem Alves. O livro era "O AMOR QUE ACENDE A LUA". Nele, são apresentados manifestos em favor à vida, às árvores, ao pássaro engaiolado... Lembrei-me de tudo, ao saborear seu texto. Quem tem o privilégio ter Sanhaçus-da-Amazônia "invadindo" e se alojando na varanda? Acho que poucos. Que muitas gerações ainda possam passar, olhar e se alojar aí...

Pura poesia!

Anônimo disse...

Esses são aqueles que eu endoidei tentando fotagrafar no mamoeiro aí da frente?