quinta-feira, 6 de outubro de 2005

OPIN PEDE MUDANÇA NA SEPI



A Organização dos Povos Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia (Opin) propôs ontem ao governador Jorge Viana a exoneração do secretário Extraordinário dos Povos Indígenas Francisco Pinhanta.

O índio Sebastião Manchineri (foto), 35,
que conta com o apoio de 9 das 15 organizações que integram a Opin na região, foi indicado ao governador pela entidade para que seja nomeado em substituição a Pinhanta.

Em documento protocolado no gabinete de governo, a Opin também propôs que seja permitido ao índio Antônio Apurinã (PC do B) tomar posse como Senador da República no período de 2006 a 2010.

A posse dele é cobrada como cumprimento de acordo firmado entre os partidos da Frente Popular do Acre com o movimento indígena.

Apurinã é o segundo suplente da senadora licencida Marina Silva, ministra do Meio Ambiente. Caso a reivindicação do movimento indígena seja atendida, ele substituiria o senador Sibá Machado.


A Opin também sugere que o governo estadual assuma o pagamento das dívidas da União das Nações Indígenas (UNI) do Acre. Segundo a entidade, essa teria sido uma promessa de Jorge Viana ao movimento indígena.

A entidade quer, ainda, que o governo interceda nos processos de penhora dos bens patrimoninais da UNI,
organização mergulhada num escandaloso caso de desvio de verbas públicas federais.

Para entender a gravidade dos desmandos, leia o artigo "Corrupção une índios e brancos", que escrevi em agosto do ano passado.

O documento da Opin é assinado pelo diretor Manuel Gomes da Silva, da tribo kaxinawá. Ele manifesta a disposição de seguir apoiando o Governo da Floresta
.

- Acreditamos que a nossa fortaleza é a nossa união, assim como desejamos que os espíritos sigam lhe protegendo [a Jorge Viana] e que sejam sábias as suas decisões.

Segundo o diretor da Opin, o governo estadual é capaz de resolver os graves problemas que assolam a população indígena.

- Para nós, a criação da Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas significou um avanço fundamental nas relações entre o seu governo e os povos indígenas dessa região - assinala.

Porém, na avaliação do movimento indígena, após três anos, o que se constata é que os serviços sociais não têm chegado às aldeias.

- A administração da secretaria tem mantido uma política clientelista que privilegia determinado setor e exclui povos e organizações indígenas, o que contribui para gerar descrédito ao governo e instabilidade organizativa - afirma a Opin.

No documento, a Opin lembra que o compromisso com o Governo da Floresta levou a população indígena a participar de forma efetiva nas últimas campanhas eleitorais.

- No último pleito nos comprometemos a participar e colocamos nosso representante indígena como suplente da senadora Marina Silva, com a responsabilidade de que ele assumisse a cadeira no Senado no segundo mandato.

Perfil - Sebastião Manchineri é ex-dirigente da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica) e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Ele se tornou o primeiro brasileiro a dirigir a Coica, que é uma organização que congrega instituições indígenas no Peru, Guiana, Bolívia, Brasil, Equador, Venezuela, Guiana Francesa, Suriname e Colômbia.


O povo manchineri ocupa territórios da Bolívia, Peru e Brasil. Sabá Manchineri, como é conhecido, tem uma longa trajetória no movimento indígena.

Viveu na terra indígena Mamoadate até os 16 anos, no Acre, estudou em Rio Branco e depois foi trabalhar na UNI.
Foi membro do Conselho de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil (Capoib), em Brasília. Convidado pela ONU, estudou em Genebra, na Suíça.

De volta ao Brasil, assumiu a chefia do Serviço de Assistência da Funai. Atualmente, é membro do conselho de administração da Mapkaha, que é a organização do povo manchineri.

Um comentário:

Anônimo disse...

Altino,

Tem novo recado do dep. João Correia em seu blog. Te linkamos por lá. JC é um democrata convicto. Abraços.