segunda-feira, 12 de setembro de 2005

SAÚDE CONSTRANGE DAIMISTAS

O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Governo da Floresta recusa o sangue de quem é usuário de ayahuasca (vinho das almas, em quíchua) - a bebida preparada com o cipó jagube (Banisteriopsis caapi) e folhas de chacrona (Psychotria viridis), usada ritualmente por populações amazônicas e milhares de adeptos de diversas seitas em todo o Brasil e no exterior, também conhecida como vegeteal, auasca, Daime, iagê, mariri e uasca.

O atendimento do Hemoacre cumpre a orientação de recusar o sangue do doador que declara ser usuário de ayahuasca. A recusa se baseia em procedimento sugerido pela direção do Hemoacre e que foi aprovado pelo ex-secretário de Saúde, Cassiano Marques de Oliveira.

- A ayahuasca é uma bebida alucinógena e fazemos isso para proteger a saÚde do receptor do sangue - afirmou a médica Rita do Socorro Uchoa da Silva, diretora do Hemoacre.

O caso será alvo de uma ação judicial com, entre outros argumentos, que a Secretaria de Saúde do Acre não dispõe de base científica para afirmar que o sangue de quem ingere ayahuasca seja prejudicial à saúde do receptor.

A saúde acreana estaria contrariando resolução do Conselho Nacional Antidrogas (CONAD), que liberou o uso religioso da ayahuasca. Nos últimos anos, as suspeitas de que seria alucinógeno fizeram com que a bebida entrasse na lista de substâncias proibidas pela divisão de medicamentos.


Em novembro do ano passado, o CONAD publicou uma resolução sobre o uso religioso e sobre a pesquisa da ayhuasca e constituiu um grupo multidisciplinar de trabalho para levantamento e acompanhamento da ayhuasca, bem como para a pesquisa de sua utilização terapêutica, em caráter experimental.

O CONAD já havia aprovado antes, em reunião de agosto daquele ano, o parecer da Câmara de Assessoramento Técnico-Científico que, por seu turno, reconhece a legitimidade, juridicamente, do uso religioso da ayahuasca.

O Governo da Floresta não tem conseguido avanços para incluir em sua rede de saúde produtos fitoterápicos, isto é, que são usados no tratamento de doença mediante o uso de plantas. Proposta nesse sentido foi rechaçada recentemente pelo pessoal do setor de saúde.

Quem quiser ler mais a respeito desse tema deve clicar em Boa notícia e Passo certo, notas que estão no arquivo desse blog. A recusa do sangue de quem toma ayahuasca jamais foi telerada por autoridades de governos que não eram da floresta.

6 comentários:

Anônimo disse...

Será que aceitam sangue de quem "bebe socialmente" ?

Anônimo disse...

...e de quem critica o Jorge Viana?

Anônimo disse...

Acho que as coisas estão mal esclarecidas. Procure maiores informações.

Luciane disse...

Um verdadeiro absurdo esta restrição. Ainda mais vindo do Acre, berço de duas religiões que usam o chá (Daime e Barquinha). Será que esta 'moda' também existe em Porto Velho, berço da UDV? Em tempos passados a 'bola da vez' em relação ao preconceito eram as religiões afro; hoje a 'bola da vez' são as religiões ayahuasqueiras...

Guedes disse...

Altino,

Lembramos, também, que em abril de 2010 as Comunidades Ayahuasqueiras realizaram um seminário que contou com apoio do Governo do Estado, da Prefeitura Municipal de Rio Branco, através de suas fundações de Cultura e da Assembleia Legislativa.

O evento contou com a participação efetiva de gestores públicos do Estado, do Município, de parlamentares, autoridades e convidados. Naquela oportunidade, foram pactuados com o Governo do Estado e Prefeitura, vários assuntos que constituem Políticas Públicas para o seguimento, entre os quais, o assunto que envolve a coleta de sangue pelo Hemoacre.

Naquela ocasião, as comunidades Aayhuasqueiras receberam do Governo do Estado, na pessoa do então secretário de saúde Osvaldo Leal e técnicos do Hemoacre, a garantia de que tal procedimento discriminatório não mais se daria.

Infelizmente, não obstante a isso e ao bom relacionamento que o Governo do Estado demonstra ter com as principais lideranças dessas comunidades, em várias manifestações publica, inclusive assinando o pedido de registro dessa tradição cultural genuinamente acreana como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira, se omite e faz vistas grossas para procedimentos preconceituosos e discriminatórios por parte de setores do Governo.

Unknown disse...

Tenho quase 20 doações e 28 anos, NUNCA me perguntaram se sou ou não usuário de daime(não sou), as perguntas sempre foram as mesmas e fui atendido por várias enfermeiras nesse meio tempo. Por sinal muito bem atendido !!