terça-feira, 20 de setembro de 2005

NEM CHICO MENDES SOBREVIVEU


Clique sobre a foto para ter noção da visibilidade que temos hoje a 50 metros nas ruas das cidades do Acre. A nuvem de fumaça se tornou mais densa, agravando as condições do ar em decorrência dos mais de três mil focos de incêndios captados pelos satélites.

A maioria dos incêndios na região é resultante de ação criminosa. Os fazendeiros aproveitam o prolongamento da estiagem para queimar o pasto existente e ampliá-lo com a queima das florestas em áreas de preservação permanente. As autoridades da área de meio-ambiente permanecem catatônicas diante da calamidade.

Os municípios de Rio Branco, Acrelândia, Xapuri, Brasiléia e Assis Brasil são os mais afetados. A reserva extrativista Chico Mendes, que tem 970 mil hectares e era o símbolo do movimento ambiental que existia no Acre, não pára de queimar há mais de quinze dias.

A portaria que vigorava em vão há um mês e proibia a queima foi prorrogada por mais 15 dias. Hospitais e postos de saúde estão lotados de pessoas com problemas respiratórios. O rio Acre, que abastece Rio Branco, a capital, permanece na iminência de secar, impossibilitando o abastecimento de água da cidade.

O fogo descontrolado que está devastando o Acre é a pior coisa que poderia acontecer para a imagem da ministra do Meio Ambiente Marina Silva, ganhadora do Goldman Environmental Prizee, e do governador do Acre Jorge Viana, o engenheiro florestal que foi destacado pela Time e CNN como um dos líderes do milênio.

O maior equívoco do Governo da Floresta tem sido o de acreditar que os fazendeiros e madeireiros do Acre, históricos vilões dos crimes ambientais e da violação aos direitos humanos na região, alcançaram civilidade a partir do benevolente discurso do desenvolvimento sustentado.


Nem Chico Mendes sobreviveu.

2 comentários:

Anônimo disse...

já respirou hoje?
Agradeça a um fazendeiro

Anônimo disse...

Altino, tenho passado o endereço de seu blog para vários amigos do "Sul". O pessoal simplesmente não está acreditando no que vê ou, melhor, no que não vê. Poderíamos aproveitar a mídia blog da Tranzamazônica Virtual e lançar uma campanha para declaração de estado de emergência, calamidade pública, sei lá. Temos a Márcia no Amapá, a Vânia em Rondônia, os blogs daqui e os outros links de cada um. No mínimo, aproveitar a calamidade para mover outros esforços pois nós aqui estamos paralizados, economizando o parco oxigênio que nos resta nas veias.