quinta-feira, 22 de setembro de 2005

FORA DE FOCO E DO FOGO

Após mais de 32 horas em vigor, a situação de emergência no Acre está sendo noticiada pela Folha Online. A situação de emergência foi decretada na quarta-feira e não na terça-feira conforme consta da reportagem a seguir, apurada por telefone por Sílvia Freire.

"O governador Jorge Viana decretou estado de emergência nos vales do alto e baixo Acre, na terça-feira (21). O motivo é a densa fumaça proveniente de queimadas em Estados vizinhos e na Bolívia. Ela prejudica a saúde dos moradores, o tráfego em rodovias e o funcionamento de aeroportos.

Relatório produzido pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) com base em imagens de satélites contabilizou 42.740 focos de calor no Acre, Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, Pará e Maranhão, desde a última segunda-feira. Destes, 1.068 estão em território acreano.

Nesta quinta, porém, a fumaça dissipou um pouco, em relação aos dois dias anteriores.

O número de internações por problemas respiratórios nos hospitais do Acre do início de agosto até agora é de 1.819. Esse número é mais do que a metade das internações registradas nos sete primeiros meses deste ano --3.207, ao todo.

"Há um aumento enorme também nas consultas ambulatoriais. Só em Rio Branco nos últimos 45 dias foram 7.309 atendimentos por problemas respiratórios. Um aumento de 100% em relação ao período de janeiro a julho", disse a secretária de Saúde, Suely Melo.

Segundo a secretária, não houve registro de mortes por razão da fumaça no Estado. A fumaça irrita o sistema respiratório e torna o organismo mais vulnerável a infecções. Pessoas com histórico de alergias respiratórias são as que mais sofrem, ao lado de crianças e idosos.

Cruzeiro do Sul, a segunda maior cidade do Estado, é a mais atingida. Foram 532 internações de janeiro a julho deste ano. Nos últimos 45 dias, 717 pessoas foram internadas. O aeroporto da cidade chegou a ser fechado para pousos e decolagens devido à fumaça.

O problema chegou a provocar interrupções de até 24 horas no aeroporto da capital Rio Branco. Os motoristas enfrentam visibilidade prejudicada nas principais rodovias que cortam o Estado. Também foi registrada queda na produção leiteira e morte de animais, devido à escassez de alimentos.

Clima
A concentração de fumaça é agravada pelas condições climáticas. Devido a uma estiagem, a umidade relativa do ar chegou a 25% nos últimos três meses. É o mais baixo percentual registrado no Acre desde o início das medições.

Os incêndios já atingiram até a floresta amazônica que, em situações normais, ajuda a barrar o fogo, pois é muito úmida.

Um levantamento parcial realizado pela Prefeitura de Acrelândia desde o início de setembro apontou que as queimadas já devastaram mais da metade da área do município, de acordo com a administração estadual. Estima-se que o prejuízo, somente lá, supere os R$ 14 milhões.

Com o estado de emergência, as prefeituras ficam autorizadas a adotar medidas emergenciais com o objetivo de minimizar os danos.

Combate
O combate ao fogo foi intensificado. Segundo Anselmo Forneck, gerente do Ibama no Acre, dobrou o número de pessoas deslocadas para o controle dos incêndios. Equipamentos especiais, como abafadores, bombas costais (mochilas com água para apagar o fogo), luvas, botas e máscaras, foram enviados em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira).

Atualmente, 400 pessoas estão mobilizadas nas ações de combate e repressão às queimadas entre soldados do Exército, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e moradores dos municípios atingidos.

"O pessoal vai de manhã para a mata, a gente leva o almoço e eles só voltam no final do dia. Hoje, deve ter umas 60 pessoas entre o pessoal do sindicato e funcionários da prefeitura e da Câmara lá ajudando a apagar o fogo", disse Pedro Celestino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri.

A maior causa dos incêndios são as queimadas provocadas por pequenos agricultores, que, por causa da seca, não conseguem controlar o fogo. A floresta, normalmente úmida, também está seca. E o fogo se alastra.

Cinco peritos da Defesa Civil de Brasília chegariam ao Estado à noite para ajudar no levantamento dos danos".

Um comentário:

Anônimo disse...

Vou reroduzir aqui Altino um comentário seu,desculpe a falta de pedido de autorização:Como é que o sr. Anselmo Fornek (o nome lembra forno aliás) vai se interessar nos graves problemas ambientais? ele é "canidato" .Para mim, esse senhor é mais um delinquente despreparado para dirigir um organismo da importância do IBAMA.