quinta-feira, 9 de junho de 2005

FOLHA DE RONDÔNIA

Um comentário:

Anônimo disse...

Flores, flores para...

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“Os militares batiam, davam choques e insultavam na sessão de tortura, mas vi muitos dizendo que me respeitavam porque deixei um bom emprego para combatê-los com risco de vida. Eles viam ideais no meu corpo arrasado pelo tiro e pela cadeia.
O PT queria que eu abrisse mão exatamente da minha alma, e me tornasse um deputado obediente, votando tudo o que o Professor Luizinho nos mandava votar. Os militares jamais pediriam isso. Desde o princípio, disseram que eu era irrecuperável e limitaram-se à tortura de rotina.
Jamais imaginei que seria grato aos torturadores por não me pedirem a alma.”

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Essa coisa aí em cima é um trecho de um artigo de Fernando Gabeira, intitulado “Flores, flores para los muertos”. Mas bem que poderia receber o título de “Síndrome de Estocolmo”, ou, com sutil adaptação, “Como era gostoso o meu torturador”.

Parece que estou vendo:

O carcereiro, abrindo a porta da cela, anuncia:

— Senhor Gabeira, queira nos desculpar por interromper a sua evacuação fisiológica provocada pelas últimas porradas, mas está na hora de sua sessão de tortura.
— O que é isso, companheiro?! Eu já estava terminando mesmo! Vamos lá. Serei sempre grato àqueles que me respeitam. Além disso, antes do primeiro interrogatório, eu estava com prisão de ventre, apertadinho, não passava nada, agora relaxou de vez. Vamos, vamos lá. Façam os seus trabalhos — volta-se para o parceiro de cela e diz: — eles são muito educados, só insultam durante o trampo. E tem mais: eles não querem que eu abra mão de minha alma.
O carcereiro concorda:
— Claro que não, companheiro! Se você morrer, a gente fica desempregado.
— E ainda tem mais: eles não me pedem pra votar em nada!
— Isso é verdade: nem pra presidente, nem pra governador, nem pra senador... nada! Além disso, o Gabeira é irrecuperável: a esquerda jamais o terá de volta!

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Sr. Gabeira, quer criticar, protestar, queixar-se, reclamar, ou seja lá o que queira fazer ou dizer sobre/contra o governo do PT? Então, seja decente, faça como boa parte da população: critique, proteste, queixe-se, reclame; diga qualquer outra asneira, mas não elogie torturadores, em nenhuma hipótese!!! Aprendi isso com Fausto Wolff, Ziraldo, Jaguar, Henfil e tantos outros pasquineiros. Você também esteve por lá, Gabeira. Claro que o meu primeiro professor foi meu pai, mas eles me ensinaram muito. Quer ver um título que aprovariam para o seu artigo:

“Flores, flores para las posaderas”, ou para o orifício que fica entre elas.

Fernando Soares Campos

Rio de Janeiro

http://www.maltanet.com.br/mural/index2.php