quinta-feira, 14 de abril de 2005

FLORESTAS PÚBLICAS


Estive na audiência pública do Projeto de Lei que regulamenta o uso sustentável das florestas públicas brasileiras e cria o Serviço Florestal Brasileiro. Othília Sampaio, advogada e ex-diretora nacional do Incra, protestou tocando fogo numa cópia do projeto.

A audiência realizada em Rio Branco durou mais de cinco horas
. Othília argumentou que as leis e as instituições brasileiras que já existem são suficientes para viabilizar todas as medidas sugeridas pelo projeto.

-O que está sendo proposto na verdade é a internacionalização da Amazônia e não posso aceitar isso calada - afirmou. Othília entregou ao representante do Ministério do Meio Ambiente e aos deputados federais um documento contendo suas contestações.

Quando o calor das chamas aqueceu-lhe a mão, Othília se viu obrigada a pedir socorro aos seguranças:

-Peguem aqui! Peguem aqui!

Noutro protesto, o professor Élder Andrade rasgou o projeto. No entanto, as manifestações de apoio superaram os protestos durante a audiência. A foto acima é da jornalista Alcinete Damasceno.

"Audiência sobre o Projeto de concessão das florestas públicas. Élder Andrade foi radical, rasgou o projeto ao final de sua performance teatral. Mas foi superado por Othília Melo (sim, a irmã do Flaviano), que queimou o projeto em nome de “nossos antepassados”. Bem, ela sabe o que diz: sua autoridade sobre o assunto vem desde que seu avô, o coronel Flávio, era dono de quase toda a cidade de Rio Branco e tinha poder para decidir quem vivia sobre a terra e quem ia morar embaixo dela", afirma o jornalista Antonio Alves.

Para ler a opinião dele, no blog "O Espírito da Coisa", clique em "Insustentável...". Vale a pena ler também o artigo "Amazônia e Xenofobia", de Maria Teresa Jorge de Pádua, fundadora da Funatura.

Ao contrário do que informa o site Notícias da Hora, também conhecido como Erros da Hora, o governador Jorge Viana e o prefeito Raimundo Angelim não participaram da audiência, que começou pela manhã e se estendeu até a tarde.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também não compareceu por estar enfrentando dores nas pernas.

7 comentários:

Vandre Fonseca disse...

Saudações Altino,

Sempre gostei de pular fogueira e fazer balão galinha subir.
Mas numa discussão sobre o futuro da Amazônia o fogo talvez seja o pior símbolo para quem quer defendê-la.
Melhor do que liberar carbono na atmosfera é sentar para discutir, e até bater boca, mas tentar mostrar com argumentos porque a proposta é ruim.

Anônimo disse...

No afã de defender o projeto e sua (do projeto e do Toinho)musa inspiradora, Marina Silva, o Antônio Alves está apelando até para a árvore genealógica das pessoas. Desqualificar as idéias e opiniões da Otília Melo, ou mesmo a atitude de queimar o projeto, é uma coisa. O que o avô da moça tem com isso, por mais erros que tenha cometido?
Porque não apresenta também o "prontuário" (como o pessoal da FPA costuma dizer) do avô do Elder, que teve atitude semelhante?
Para um ecologista, o "preconceito biológico" não cai bem. Mas faz sentido...
Pelo jeito, a censura petista está atuando até retroativamente.

Anônimo disse...

Porque será que no Acre ninguém trata ou se refere às pessoas pelo que elas são ou fazem, mas sempre em termos familiares, do tipo: irmã de fulano, mulher de beltrano, neta de sicrano? Principalmente quando a pessoa citada é mulher, isso vira machismo puro.
Atitude semelhante se observa em relação a quem não nasceu aí.
Não é à toa que vcs são governados por uma família e pelo jeito, estão felizes com isso.

Anônimo disse...

Caro Altino, corrija rápido "o calor das chamas aqueceram-lhe", antes que o Aldo te pegue. Caros anonymous, o que fiz foi apenas uma leve ironia com o "radicalismo" de uma pessoa que nasceu e se criou no centro do poder e agora fica um tanto deslocada no papel de incendiária. Eu não deveria explicar ironias, mas às vezes sou condescendente com pessoas que não sabem escrever o próprio nome.

ALTINO MACHADO disse...

Toinho, valeu! Está corrigido. Já imaginou se o Aldo tivesse visto? Putz! Ou então o Roberto Vaz?

Anônimo disse...

não foi a Perpétua que sugeriu essa audiência pública? Poque ninguém fala dela?

ALTINO MACHADO disse...

Anonymous, você ainda tá nessa? Que cobrancinha stalinista, sô! Mas explico: tenho me esforçado para não tornar as notas enfadonhas. Do contrário, ninguém volta para ler o que escrevo. No contexto do blog julguei mais relevante citar a ausência da Ministra do Meio Ambiente e e a informação equivocada de um site de que o prefeito e o governador estiveram na audiência. Caso tivesse citado a deputada como proponente da audência, teria que explicar que ela não compareceu, mas enviou uma carta explicando que estava em repouso por recomendação médica. Entre citar duas ausentes por motivos de doença, preferi citar a ministra. Tenho certeza que a deputada e as pessoas que trabalham para ela preferem os desdobramentos da audiência ao prazer fugaz de ter o nome citado num bloguinho perdido nos confins da web. O importante é que os blogs do Toinho e meu fizeram uma cobertura até melhor do que a da "grande imprensa" acreana. No meu tem até uma foto exclusiva do fato mais pirotécnico da audiência. Ah! Antes que me esqueça: o jornal A Tribuna repetiu várias vezes, em coluna e reportagem, que a deputada propôs a audiência. Não existe nada de extraordinário nisso, meu caro. Volte sempre, mas não queira dizer quem eu devo citar ou não. Melhor eu sair cantando a música Fico louco, do Itamar Assumpção: Fico louco, faço cara de mau, falo o que me vem na cabeça/ Não digo que com tudo isso eu fique legal/ Espero ver você curtindo o reggae deste rock comigo/ Grite forte, dê um jeito, cante, permaneça comigo/ Fico louco, xingo, quebro o pau, só você me faz a cabeça... Aproveita e ouça essa canção em http://www.mpbnet.com.br/sound/
canto.brasileiro/itamar.assumpcao/ fico_louco.rm. O endereço está quebrado para não desonfigurar a janelinha. Copia-o e cola no teu navegador e suprime os espaços em branco. Depois ouça em Real Áudio. Abraço!