domingo, 19 de dezembro de 2004

LANÇAMENTO


O jornalista Antonio Alves passou em minha home-office para pagar com o livro “Artigos em Geral” os 20 paus que havia tomado emprestado na semana passada. “Mais uma batalha vencida – e foram tantas! Melhor: muitas ainda virão”, afirma na mensagem de autógrafo.

Os defeitos do livro mais esperado do ano no mercado editorial acreano ficam por conta da gráfica de Brasília onde foi impresso: cortes mal ajambrados nas margens e numa capa muito mole, além da ausência de uma ficha catalográfica que será pespegada pelo autor com carimbo. Os defeitos param aqui.

Artigos em Geral é uma coletânea de 19 bons textos escritos depois de 1990. Alguns foram publicados em revistas ou jornais do Acre. Outros são inéditos e ficaram, por vários anos, acessíveis a poucas pessoas ligadas às organizações políticas ou sócio-ambientais.

Cobrem uma grande variedade de assuntos, mas todos se inserem, de alguma forma, num amplo debate sobre o ambiente e a cultura da Amazônia e sobre a singular contribuição dada pelo estado do Acre. É o livro três da coleção Arqueologia do Recente, que reúne crônicas, artigos, reportagens, entrevistas, palestras e até poesia do jornalista em cinco livros.

“A década de 80 terminou com um tiro, na noite de 22 de dezembro de 1988. Depois da morte de Chico Mendes, tudo mudou de tal forma que até o tempo deu a impressão de estar passando mais rápido”, afirma Toinho na apresentação.

Toinho, que selecionou os textos pela importância como registro histórico ou para que deles “pudesse reivindicar uma certa autoria”, assina o artigo A República do Acre, claro, com Jorge Viana. É mais um motivo para comprar o livro e conferir o quanto o governador escreve bem.

Como fez em cada artigo, Toinho explica em nota que o longo artigo foi publicado em agosto de 1991 na revista Teoria & Debate. Nas eleições de 1990, o PT havia chegado ao segundo turno apenas no Amapá e no Acre, atraindo a atenção da direção nacional do partido para o estado e seu candidato, Jorge Viana.

“Viramos uma noite escrevendo, na sede do Centro dos Trabalhadores da Amazônia. A editoria da revista “enxugou” o texto, que havia ficado muito longo. Não houve prejuízo no conteúdo, mas o original, que infelizmente perdeu-se, tinha um tom mais coloquial nos parágrafos iniciais”, afirma.

Acho os artigos políticos, que estão no começo do livro, os mais interessantes. Embora sejam muito reveladores, o autor pede paciência ao leitor menos interessado no tema até saltar no miolo cultural e ambiental dos demais.

O melhor deles é "A Defesa Siciliana", escrito há 10 anos, que expõe o quanto o PT no Acre não quis assimilar ou exagerou no aprendizado de algumas lições na floresta.

"A Defesa Siciliana é uma das mais usadas no xadrez moderno. Está baseada no conceito de "defesa ativa", aquela em que não ficamos fixos em nossas posições, mas buscamos o máximo de mobilidade e exploramos qualquer chance de contra-ataque. Gostaria de ter tempo para estudá-la mais nos próximos quatro anos porque é uma das que jogo pior", confessa o enxadrista.

Vou esperar a gentileza do Toinho em trazer o livro um, “O Espírito do Coisa”, com crônicas de feição mais literária. Também de crônicas, mas dedicadas ao debate político, ambiental e cultural, o livro “A Coisa em Si”, e as entrevistas e palestras em “A Florestania Falada”, além da poesia em “Atempo”.

Toinho fará uma palestra de apresentação durante o lançamento de “Artigos em geral” na terça-feira 21, às 18h30, no Teatro Hélio Melo, Memorial dos Autonomistas, como parte da programação da Semana Chico Mendes.

P.S.: Ah! Antes que eu esqueça: clique em
"A República do Acre" para ler o artigo assinado por Jorge Viana e Antonio Alves.

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