José Augusto Fontes
Governo é ficção. Tem disfarçada intenção de estruturar as relações e visível finalidade de legitimar poderes. É invenção, é criação do homem para ‘organizar’ suas repetidas vontades, suas sucessivas necessidades de governar outros homens. Não se pega em governo, acaricia nem empurra. Governo é ente abstrato, mas o homem que exerce o poder que dele decorre pode ter vontades e necessidades bem concretas, duras como pedra. O poder é o perigo e a graça, é ele que atrai; o poder é a razão principal, é claro, sempre com o manto das melhores intenções e finalidades. Nem era preciso lembrar, ninguém perde isso de vista.
Criou o homem o governo para que ele mesmo, homem, pudesse exercer o poder, que é necessidade e vontade. Os homens foram ficando muitos, os comportamentos variados, os desejos e ambições saindo das vistas, que cresciam querendo acumular, sobrepor. Acumular foi dando na vista como meio de criar poder. Acumular e poder influir, direcionar. Acumular e ter poder, algo que se tem em que pegar. Como organizar tantas coisas? Como estruturar, nivelar, atribuir classes, legitimar o poder, uns aqui, outros lá? Inventou-se o governo. E daí, uma regra notória. Quem entrou, quer continuar. É claro, há sempre novos bons projetos.
As estruturas de administração criadas para este ou aquele governo são até interessantes, no sentido da repartição das competências e das atribuições. E seriam interessantes e úteis, realmente, se o homem acreditasse na finalidade da existência delas para que uns homens interagissem com outros, para que o produto fosse social, para que o bem fosse comum. Mas o problema é o homem, querendo sempre mais do que precisa, querendo mostrar poder para outros homens. O poder embaraça os governos porque os homens estão mais interessados em exercer poder do que em governar, administrar, distribuir.
Também é interessante a ideia da renovação periódica dos governantes, dos membros do poder, nesta ou naquela repartição de competências e de atribuições. No mínimo, serve para que uns saibam que há outros, e que é preciso conduzir-se adequadamente, se quiserem, uns e outros, atingir o objetivo tão igualmente peculiar em todos os casos, que se torna comum: manter sua porção de poder. E seria interessante e útil, realmente, se uns homens acreditassem nos outros, acreditassem na participação, nas ideias, na utilidade, em possibilitar oportunidades. E não perdessem tanto tempo querendo ter poder, uns sobre os outros.
José Augusto Fontes é cronista, poeta e juiz de direito
Governo é ficção. Tem disfarçada intenção de estruturar as relações e visível finalidade de legitimar poderes. É invenção, é criação do homem para ‘organizar’ suas repetidas vontades, suas sucessivas necessidades de governar outros homens. Não se pega em governo, acaricia nem empurra. Governo é ente abstrato, mas o homem que exerce o poder que dele decorre pode ter vontades e necessidades bem concretas, duras como pedra. O poder é o perigo e a graça, é ele que atrai; o poder é a razão principal, é claro, sempre com o manto das melhores intenções e finalidades. Nem era preciso lembrar, ninguém perde isso de vista.
Criou o homem o governo para que ele mesmo, homem, pudesse exercer o poder, que é necessidade e vontade. Os homens foram ficando muitos, os comportamentos variados, os desejos e ambições saindo das vistas, que cresciam querendo acumular, sobrepor. Acumular foi dando na vista como meio de criar poder. Acumular e poder influir, direcionar. Acumular e ter poder, algo que se tem em que pegar. Como organizar tantas coisas? Como estruturar, nivelar, atribuir classes, legitimar o poder, uns aqui, outros lá? Inventou-se o governo. E daí, uma regra notória. Quem entrou, quer continuar. É claro, há sempre novos bons projetos.
As estruturas de administração criadas para este ou aquele governo são até interessantes, no sentido da repartição das competências e das atribuições. E seriam interessantes e úteis, realmente, se o homem acreditasse na finalidade da existência delas para que uns homens interagissem com outros, para que o produto fosse social, para que o bem fosse comum. Mas o problema é o homem, querendo sempre mais do que precisa, querendo mostrar poder para outros homens. O poder embaraça os governos porque os homens estão mais interessados em exercer poder do que em governar, administrar, distribuir.
Também é interessante a ideia da renovação periódica dos governantes, dos membros do poder, nesta ou naquela repartição de competências e de atribuições. No mínimo, serve para que uns saibam que há outros, e que é preciso conduzir-se adequadamente, se quiserem, uns e outros, atingir o objetivo tão igualmente peculiar em todos os casos, que se torna comum: manter sua porção de poder. E seria interessante e útil, realmente, se uns homens acreditassem nos outros, acreditassem na participação, nas ideias, na utilidade, em possibilitar oportunidades. E não perdessem tanto tempo querendo ter poder, uns sobre os outros.
José Augusto Fontes é cronista, poeta e juiz de direito
Altino bom dia. Lhe convido a seguir-nos pelos BLOGs, para a falicidade das minhas leituras.
ResponderExcluirAbraços.
O meu é;
http://josemariacostaescreveu.blogspot.com
E o que pode ter subvertido nossos governos e governantes para pensar como agora inferido?
ResponderExcluirAinda prefiro acreditar que exista virtude em alguns.
Ah Montesqueiu, que saudades de você!!!
Boa reflexão Dr.
Muito simples sair desse impasse: democratize-se o poder. Transforme-se o sistema representativo em democracia (demo + kratos), ao invés desse arranjo contraditório chamado "democracia representativa".
ResponderExcluir.
A representatividade mata a política exatamente porque concentra o poder e solapa o exercício da cidadania ao necessitar da alienação como mecanismo, elemento mesmo do seu funcionamento.
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Democracia não é "estabilidade de instituições", isso é sistema representativo. Não é alternância de poder, isso também é necessidade do sistema representativo. Não é "liberdade de imprensa", já que a liberdade a ser preservada é a de expressão - imprensa é um setor econômico muito organizado utilizado para garimpar interesses dos seus donos, aqui no Acre ou em outros lugares.
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Democracia é exercício do poder por todos. Democratizar o poder anula a possibilidade de uns acumularem poder sobre outros. E se este poder é um pressuposto do sistema, a ponto da alternância ser uma necessidade para impedir a sua transformação numa monarquia disfarçada, isso não significa que não possamos criar algo novo. Todos juntos.
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Sistema representativo e democracia de gabinete produz plutocracia. É isso o que vivemos hoje. Um regime plutocrático.
Caro Altini,
ResponderExcluirO "Estado" mesmo é resultado da necessidade de alguns se imporem sobre outros e exercerem (centralmente) mais poder. O estado é, pois, serviço de poder para o poder e por poder. Qualque permaneência institucional ou pessoal que ultrapasse o usufruto deste poder por mais de 10 anos consecutivos, já se apresenta como ditadura, de classe ou pessoa. Assim, na dita democracia representativa, que permite que um partido, coligação e setores do poder permaneçam por longos anos no poder, esconde na verdade uma unissidade própria de ditaduras. É mais ou menos o que assistimos hoje no Brasil. Não temos opção.
Bom trabalho.
Lindomar Padilha