Gabriela Oliveira
Faço o que cotidianamente todo mundo faz: me embriago com a fumaça dos carros e volto pra casa com dores nas costas.
Normalmente, o suor que vai da ponta da testa aos pés, para no umbigo, deixa aquele cheiro de pus de espinha e volta a escorrer, a cueca fica amarelada, aquele "vuco-vuco" da virilha mancha e as vezes se mistura com o rastro de bosta que ficou da última cagada, resultado de um dia corrido que frequentemente você leva na boa.
No outro dia você veste a primeira meia que encontra, aquela que usou na semana passada e que não teve tempo de lavar, ruídas do tempo, mas confortáveis. Come um pedaço de pão mofado com café velho e se sente adormecido, anestesiado pelo tempo.
Os vizinhos dizem que você precisa de um emprego novo, de uma mulher que cuide da casa, mas você não quer nada disso, você quer continuar parado onde está, esperando que um dia a morte venha e te leve.
Enquanto isso, você vai vivendo como pode, sem muito querer, sem muito sentir. No fim do dia se põe a gargalhar sozinho enquanto bate uma. São coisas da vida.
Gabriela Oliveira, 19, é acreana e acadêmica de direito. Escreve no blog Minha Antena Parabólica.
Um talento e tanto essa Gabriela Oliveira, hein?!
ResponderExcluirÉ Gabriela dei umas gargalhadas em tudo que vc. escreveu, é interessante, vc. é criativa tem senso de humor, e vc. fala com conhecimento de causa de coisas que com certeza vc. não vivenciou, simplesmente imaginou...Parabéns! mais vale ressaltar que muitos brasileiros se identificam com suas colocaçoes.
ResponderExcluirUma descrição perfeita dos meus dias...escreve muito essa menina.
ResponderExcluirInteressantíssima essa sua crônica poética. Você estava muito inspirada, hein? Aliás, a vasta trajetória de seus dias é prato cheio para suas ideias.
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