quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

UMA CRISE DIFÍCIL DE ABAFAR

A indisposição de Tião Viana e Binho Marques

Os esclarecimentos do governo do Acre a respeito das normas de acesso aos presídios soam convincentes, mas podem aumentar a indisposição que já existia entre o senador Tião Viana (PT) e o governador Binho Marques (PT), que exonerou o radialista Washington Aquino, apadrinhado do senador, da direção da Difusora Acreana.


De acordo com a versão do governo, a polêmica sobre o acesso aos presídios nos dias de visita não passa de um grande mal entendido. Em nenhum momento a direção Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) teria adotado qualquer portaria nova que impedisse a visita de pessoas com antecedentes criminais a familiares que cumprem pena em qualquer unidade do sistema.

O decreto governamental 7.880, que regulamenta as visitas e o sistema de funcionamento dos presídios, é de maio de 2003, assinado pelo então governador Jorge Viana. O atestado de antecedentes exigido serve apenas para identificar melhor o visitante, de forma que a direção do presídio dedique a atenção adequada a cada pessoa.

Segundo o governo, ao contrário do que foi divulgado pelo radialista, o procedimento para a obtenção da carteira de visitante ficou muito mais fácil do que era no passado.

- Nunca houve carteira de visita recusada por antecedentes criminais. O que ocorre é que temos um grande número de pessoas com carteiras de visitante que precisam ser renovadas de acordo com o novo modelo exigido pelo sistema único de cadastro, que reúne as informações de todas as penitenciárias do Brasil - afirmou Laura Okamura.

Exoneração
No programa de maior audiência do rádio acreano, Aquino acusou a diretora do Iapen, Laura Okamura, de impedir que pessoas com antecedentes criminais visitassem os presidiários.

- O governo reconhece o bom trabalho que você vem realizando, mas os seus comentários estão desestabilizando a equipe de governo. Entre a equipe e você, eu fico com a equipe - teria afirmado o governador, de acordo com a versão do radialista, ao ser comunicado da exoneração.

- Nós vamos vencer mais essa - disse o senador ao telefonar para manifestar solidariedade ao radialista, que se valeu de seu programa numa emissora de TV onde Tião Viana é muito influente, para dizer que é mais conhecido no Acre que o governador.

Um petista que sofre com a situação, pois é ligado ao governador e ao senador, considera lamentável que, mesmo diante dos esclarecimentos, a maldade da imprensa sobre a polêmica permaneça com a mesma intensidade.

- Estamos evitando polemizar diretamente com pessoas, porque o governo é muito maior que as pessoas individualmente. Não vale a pena polemizar de forma particular, quando tudo o que queremos é que a sociedade esteja tranquila, porque as pessoas que estão à frente dos setores mais complexos do governo são maduras, responsáveis e preocupadas em fazer sempre o melhor para a sociedade - disse.

3 comentários:

  1. Os interesse administrativos do Estado e a unidade partidária devem, ou deveriam, em tese, sobrepor-se aos projetos políticos pessoais. O senador e o governador, legítimos representantes do povo acreano, saberão conduzir esta canoa carregada de responsabilidade, diante do pequeno banzeiro causado pelas declarações do potiguar sem representatividade, que procura perturbar a paz, ao tentar transformar o senador Tião Viana em sua muleta, artificializando um aumento dessa suposta indisposição.

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  2. Anônimo6:59 PM

    Quanto a notícia sobre a proibição ou não, nada melhor do que publicar o decreto para consulta dos seus leitores. Não seria demais também sair fora desse jornalismo parcial e ouvir as pessoas que se sentiram ou ainda se sentem prejudicadas pelo tal decreto. E se, ou quando, a miss Okamura sair indico Valdecir Nicácio pro posto.

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  3. Se esta lei existisse e fosse cumprida, talvez fosse uma maneira de minimizar os problemas operacionais das penitenciárias brasileiras.
    É por essas visitas, "suspeitas", que entram nos presídios, a maioria das coisas estranhas que se encontram lá dentro, celulares, drogas, dinheiro, recados para quadrilhas, instruções para comparsas, etc.
    Discriminação não, mas prevenção, seria saudável...

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