Tu, só, pobre animal, beijas o triste! Tu que o rato devoras, e que os dentes tens afiados para quanto existe! Caprichosa exceção! dize: que sentes?
Amas, pobre animal! e tens tu pena, sim, pode na tua alma entrar piedade? Se pode entrar eu sei! Negar quem há de amor ao tigre, coração à hiena!
Tudo no mundo sente: o ódio é prêmio dos condenados só que esconde o inferno, Tudo no mundo sente: a mão do Eterno a tudo deu irmão, deu par, deu gêmeo.
A mim deu-me esta gata, a mim deu-me isto... Esta fera, que as unhas encolhendo pelos ombros me trepa e vem, correndo, beijar-me... Só não vivo! amado existo!
A Uma Gata - João de Deus (Algarve, 1830 - Lisboa, 1896)
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Tu, só, pobre animal, beijas o triste!
ResponderExcluirTu que o rato devoras, e que os dentes
tens afiados para quanto existe!
Caprichosa exceção! dize: que sentes?
Amas, pobre animal! e tens tu pena,
sim, pode na tua alma entrar piedade?
Se pode entrar eu sei! Negar quem há de
amor ao tigre, coração à hiena!
Tudo no mundo sente: o ódio é prêmio
dos condenados só que esconde o inferno,
Tudo no mundo sente: a mão do Eterno
a tudo deu irmão, deu par, deu gêmeo.
A mim deu-me esta gata, a mim deu-me isto...
Esta fera, que as unhas encolhendo
pelos ombros me trepa e vem, correndo,
beijar-me... Só não vivo! amado existo!
A Uma Gata - João de Deus
(Algarve, 1830 - Lisboa, 1896)
A-M-E-I Altino!
ResponderExcluirAmo gatos e esta tela está simplesmente linda!
Beijos