Hoje, no Acre, as bandeiras do Estado, do Brasil e do Ceará são hasteadas nas datas comemorativas nacionais e acreanas. São dois estados-irmãos que comungam ligações históricas e afetivas
Flamínio Araripe
As ligações do Ceará com o Acre vêm desde a origem deste território incorporado ao Brasil em 1903. Os bolivianos do altiplano, inaptos para a exploração extrativista da faixa de amazônia que pertencia à Bolívia, assistiram com interesse apenas aduaneiro à ocupação da floresta por seringueiros cearenses e nordestinos.
A Bolívia reagiu tarde. Houve dupla vitória do Brasil no conflito conhecido como Revolução Acreana e na habilidade da diplomacia que anexou o território. O Acre é tema da mini-série da TV Globo que
inicia em 2 de janeiro.
Hoje, no Acre, as bandeiras do Estado, do Brasil e do Ceará são hasteadas nas datas comemorativas nacionais e acreanas. São dois estados-irmãos que comungam ligações históricas e afetivas, raras em outros entes da Federação. Os laços permanecem vivos na sociedade.
Todavia, precisam ser ampliados para o terreno da colaboração política e institucional. Temos em janeiro de 2007 um alinhamento político com governo do PT no Acre e do PSB no Ceará coligado ao PT. Talvez não haja melhor momento para desengavetar velhos acordos e firmar novos convênios de colaboração com o apoio do governo federal.
Depois de 17 anos, voltei ao Acre no ínício de dezembro para participar de uma Reunião Regional da SBPC em Cruzeiro do Sul para discutir o projeto da Universidade da Floresta do Alto Juruá. O encontro de três dias reuniu lideranças indígenas de quatro etnias, de seringueiros, pequenos agricultores e ribeirinhos, com pesquisadores das universidades federais do Acre, Viçosa, da Unicamp e UnB.
O projeto tem sustentação num tripé de extensão, pesquisa e ensino. O CVT da Floresta, em Cruzeiro do Sul, há oito meses dá cursos de capacitação e busca agregar valor aos produtos naturais. Vem sendo discutida a criação de um instituto de pesquisa por índios, seringueiros e pesquisadores para unir o conhecimento tradicional ao conhecimento cientifico com a idéia de manter a floresta em pé pela exporação sustentável das suas riquezas. O ensino inclui curso de Educação Indígena a ser iniciado em 2007. A graduação em Engenharia Florestal foi iniciada.
O Ceará tem muito a contribuir com este projeto. Temos a exclência em cursos de capacitação e de inclusão digital no Instituto Centec e a arquitetura das Infovias, a rede de videoconferência para ensino a distância, preciosa na dispersão geográfica da Amazônia.
Outro campo de colaboração pode ser explorado com a expertise do Padetec no conhecimento dos óleos essenciais, para agregar valor aos produtos da natureza e transferir tecnologia para a criação de incubadoras de empresas de base tecnológica.
A Uece e Funceme com o avião-laboratório constituem outro parceiro na pesquisa e no monitoramento ambiental, assim como o Nutec e a TecBio têm tecnologia a oferecer na exploração do biodiesel. A Funcap pode auxiliar a fundar entidade congênere no Acre, que ainda não tem Secretaria da Ciência e Tecnologia. O Ministério da Ciência e Tecnologia, CNPq e Finep, podem dar apoio na relação entre os dois estados da Federação.
Fortaleza tem a aprender com Rio Branco, com a iniciativa de construção de calçadas. O prefeito local, Raimundo Angelim, depois de pavimentar muitas ruas, lembrou da população que anda a pé e resolveu fazer 52 Km de calçadas para pedestres.
◙ Flamínio Araripe é jornalista cearense. O artigo foi publicado hoje na seção de opinião do jornal O Povo, de Fortaleza. Agradeço a colaboração e faço votos de feliz Ano Novo ao grande Flamínio.
Seria interessante os governantes e as instituições atentarem para algumas "dicas" expostas nesse artigo.
ResponderExcluirO Acre e o Ceará têm muito a trocar e ganhar.
Num país continental como o Brasil e onde a verba pública para a Ciência e Tecnologia é restrita, ações de troca de experiências são fundamentais.
E o Acre já merece uma Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Vamos aguardar pra ver!!