quinta-feira, 10 de agosto de 2006

ÁLBUM DE ARTISTAS



"Cher Altino, filho do carbono e do amoníaco, hoje é meu aniversário, tô ficando réi, mas continuo lindo!

Fernando
"

Fernando França, também conhecido como Fernando Socó, é o grandalhão que aparece na foto acima, com a Laísse, Marina e Henrique. Ele é um acreano muito mau.

É artista plástico, mudou para Fortaleza, vive fazendo exposições pelo mundo afora, mas não esquece o Acre e jamais perdeu a mania de guardar tudo, mas tudo mesmo: gibis, cartas, presentes e tudo mais que seus amigos possam imaginar.

Participamos, nos anos 80, do grupo Semente, que construiu o Teatro Horta, no bairro Estação Experimental. Estavamos lá, entre outros, Marina Silva (figurinista e atriz), Binho Marques (ator e diretor), Clarisse Baptista (atriz sem o pai saber), Écio Cunha (ator e violonista), Sílvio Margarido (ator, poeta, cineasta e percussionista), Danilo D'Sacre (artista plástico e poeta), Ariosto Miguéis (teórico e carregador de piano), Branco Medeiros (ator e artista plástico), Henrique Silvestre (ator), Beto Brasiliense (poeta e compositor), Johnson Nogueira (ator e percussionista). Eu era poeta, à-toa e ator, mas escapei de fininho pra escrever essa nota.

Fernando, que aniversaria hoje, enviou essas fotos. Elas foram tiradas em maio de 2000. Naquele ano, 41 pessoas que formavam o grupo Semente se reuniram para cumprir um compromisso assumido quando o grupo se desfez e cada um foi cuidar de sua vida: se reencontrar em Rio Branco 20 anos depois.

Muita coisa mudou e continua a mudar: Marina virou vereadora, deputada, senadora e ministra; Binho foi secretário de Educação, é vice-governador e candidato a governador; Clarisse foi estudar teatro no Rio, voltou pro Acre, dirige a Usina de Artes João Donato e vai participar da minissérie "Amazônia", de Glória Perez; Écio se formou em violão na UNB; Sílvio abandonou a carreira de ator, mas continua poeta, cineasta e percussionista; Danilo continua artista plástico; Ariosto é delegado de polícia; Branco voltou para Belém, onde nasceu e vive ainda como artista plástico; Henrique é poeta e professor de literatura da Ufac; Beto voltou para Brasília e continua poeta e compositor e Johnson, formado em geologia, é professor-doutor da Univerdade de Sobral (CE).

É muita sacanagem do Fernando Socó enviar essas fotos, que me remetem aos dias mais felizes de nossas vidas, sem nenhuma moeda no bolso, mas cheios de sonhos. Chegávamos até a passar fome, mas havia sempre música, inspiração para escrever poemas, pichar muros e acreditar que a gente iria mudar o mundo. O cara que vivia em melhores condições era o Binho, dono de um Gurgel caindo aos pedaços, sem capota, que tinha algum trocado para pagar matrícula e comprar os livros de estudos da Marina.

Paro por aqui, Fernandão, parabenizando-o e citando o "Cemitério cênico", poema que escrevi naqueles dias, no esplendor dos meus 17/18 anos, e sem o qual, sei, você não ficaria mais feliz neste dia:

"A crueldade opaca da melancolia
Tomou o cemitério em seus braços
E acalentou os mortos com o estridente réquiem
Gravado no peito amargo das necrópoles inertes.

Então, os mortos nefastos
Adormecidos e embriagados
Dormiram perpetuados
Na esperança necromântica, romântica
Do necrólatra e necrófobo que sou
Alma".

Ah! Aqui vai, veja só a contradição, a terrível epígrafe do poema: "Para pertencer a todos, exceto o nulo e Augusto dos Anjos".


11 comentários:

  1. Anônimo4:32 PM

    Altino, boa noite.

    É emocionante ler e sentir essas esperanças juvenis. Tantos sonhos em almas e corpos famintos! Lindas almas, lindos corpos ainda hoje jovens no amor pelo país e no carinho entre si.
    É maravilhoso!
    Parabéns ao Fernando, pelo aniversários e a todos os outros pela beleza dos seus corações.

    Beijos

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  2. Anônimo5:10 PM

    Parabéns pela réisse!!!Se tivesses nascido três dias antes poderiamos ter feito uma festa juntos. E ainda dizem por aí que agosto só dá desgosto.

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  3. Anônimo9:50 PM

    Putz... eu sabia que o nome Fernando França não me era estranho! Quanto tempo! Faz uns 25 anos ou mais que não o vejo. Feliz aniversário, Fernando. Um grande abraço,
    Duda.
    P.S.: Altino, umas fotos da época do Famp 80, aqui no seu blog, ia ser 10. Será que alguém ainda tem algumas fotos daquela época?

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  4. Anônimo9:55 PM

    Fernandão com certeza tem. Vamos esperar ele se manifestar.

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  5. Anônimo7:51 AM

    O Socó Boi e muito mau! Mau! Mau! Parabéns meu amigo.

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  6. Anônimo10:07 AM

    Caro Necrófobo Machado, fiquei emocionado com as suas palavras, principalmente, por ter a oportunidade de reler o famoso "Cemitério Cênico", embora eu o saiba de cor.
    Obrigado
    Um grande abraço!
    Fernando
    Abraço para o Duda e para todos!!!

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  7. Anônimo1:40 PM

    Altino. Estou fora do Acre há muito tempo, mas lembro bem do grupo "Semente" e muito bem de algumas pessoas citadas por você e mostradas nas fotos de meu grande amigo Fernandão. Branco, Binho, Ariosto, são pessoas que compartilharam de minha adolescência e dos sonhos juvenis, até que a vida quisesse que eu trilhasse os caminhos do sudeste. Saudades do Acre, de todos esses amigos, que estejam todos bem. Abrace-os por mim, e à nossa querida terra.
    Parabéns pelo poema. Augusto pra mim é o número um.
    Grande abraço pra você.
    Fernando Mello

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  8. Anônimo6:46 PM

    Altino,o Fernando Mello é um grande amigo meu, Cruzeirense do Sul como você, que também morava no bairro do Ipase. Faz muito tempo que ele mora no Rio (Teresópolis), e é um músico reconhecido por lá. Você poderia bater um papo com ele, pedir para ele lhe mandar o seu CD. O e-maildele é fernesmello@terra.com.br.
    Abraço
    Fernando

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  9. Anônimo10:50 AM

    albo tais

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