quinta-feira, 24 de novembro de 2005

DESCOBRIMENTO



Mário de Andrade

Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu.

Nota do blog:
Fui sugestionado a reproduzir o poema "Descobrimento" por minha amiga Gisela Brugnara, uma arquiteta que nasceu lá em São Paulo e mora em Rio Branco, a quem está concedido publicamente o informal título de cidadã acreana. "Dois poemas acreanos" (Descobrimento e Acalanto do Seringueiro) foram escritos em 1925. Em "Acalanto..." ele pergunta: "Como será a escureza/ Desse mato-virgem do Acre?" Estará aqui em breve. O Acre foi chamado pelo escritor paulista de "irmão caçula" no poema "Noturno de Belo Horizonte". Quanta falta a poesia faz aos homens.

2 comentários:

  1. Anônimo4:49 PM

    É o "Clã do Jaboti"! A "Espiral da Vida" de Gesileu Salvatore! É aquele cipó que é escada! Mira, mira! que belo: o ó do cipó! (Altino, querido, gostei do "informal".)

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  2. PESSOA QUERIA UM COMENTARIO DO POEMA DESCOBRIMENTO DEFERNANDO PESSOA OQ VCS ENTENDERAM DESSE POEMA VLW PELA AJUDA

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