NINE RICCIARDI ROCHA

Após ser aprovada no ano passado para ingressar no estágio modular da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, a acreana Stephanine Ricciardi Rocha, 19, que iniciou os estudos de ballet clássico em 2000, em Rio Branco, agora está adicionando nova proeza à carreira: foi aprovada em seletiva realizada em São Paulo para concorrer em Nova Iorque com os 300 melhores jovens alunos de ballet do mundo.

-Altino, estou muito feliz da vida. Feliz mesmo. A iniciativa de concorrer foi minha mais uma vez, mas agora dependo de patrocínio. Seria tão bom se eu conseguisse um patrocínio. A minha mãe está doente e não tem como me custear. Já me bancou nessa ida para São Paulo. Tadinha. Ela faz tudo, mas sei que ela nao pode ficar fazendo tudo o tempo todo.

Nine vai concorrer no Youth American Grand Prix, que é o único concurso de ballet na América que oferece bolsas de estudos em várias escolas dos EUA e também em outros países. A competiçao ocorre anualmente em Nova York e oferece oportunidade a estudantes de várias nacionalidades na faixa etária de nove e 19 anos.

Em julho, Nine concorreu com 25 bailarinas em Brasília por uma bolsa no exterior, quando foi convidada para fazer audição no Canadá pela professora Vera Timashova. O que impressiona na carreira dela é o desempenho que costuma obter, embora tenha começado a dançar tarde, isto é, aos 15 anos, na Escola de Dança Dançando no Ritmo, em Rio Branco.

- No concurso, fiquei em terceiro lugar(bronze), sendo que não houve primeiro nem segundo lugares. Fiquei muito feliz. Nem acreditava que fosse ser uma das três melhores e já me contentava com a audição no Canadá. Para Brasília também fui por minha iniciativa e conta da minha família. Não posso deixar o tempo passar. Você não faz idéia do que seja uma bailarina ensaiar sozinha. Ensaiva quando podia, mas o esforço foi compensador.

Nine é filha do casal Anísio e Marystela Rocha. Para ingressar na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, concorreu com 400 candidatos de várias regiões do país. O estágio dela começou em fevereiro, em Joinvile, no norte de Santa Catarina, que é a primeira cidade do mundo a ter uma filial da Escola Coreográfica de Moscou.

- Sou acreana e tenho orgulho da minha terra. Continuo alimentando um sonho: ir mais além e depois retornar ao Acre para contribuir com a dança, no futuro. Quando for uma boa bailarina, uma boa profissional, gostaria de retornar e dançar para o povo acreano, principalmente para as crianças. Quero mostrar que é possível sonhar e dizer para elas: Realizem seus sonhos, não desanimem com as derrotas ocasionais, sigam em frente.

Nine concorreu em São Paulo com 60 bailarinas. Apenas seis foram aprovadas. Está no grupo de 20 bailarinas que vão representar o Brasil. As seletivas ainda estão sendo realizadas em outros países. O Brasil foi o primeiro a encerrar a seleção.

- Deverei dançar duas variações de ballet e uma de contemporâneo. Depois terá uma audição por lá também, quando terei a possibilidade de ganhar bolsa para fazer parte de alguma companhia de ballet desse mundo. É muito importante para mim participar desse concurso. Mas os custos são muitos e estou à procura de patrocínio que possa ajudar em algumas despesas que terei.

Torço para que a Fundação de Cultura do Governo do Acre ou alguma das empresas que prosperam com a exploração das riquezas da região se sensibilizem com a história da obstinada Nine Ricciardi Rocha.

Boa sorte, "menine"!