domingo, 12 de abril de 2015

O primeiro aniversário de Ruth no Brasil e suas amigas apátridas em abrigo no Acre


Estive na festinha do primeiro aniversário da pequena Ruth Mikauly Louissaint. Na semana passada, ao ingressar em território brasileiro, a criança foi separada da mãe, a imigrante haitiana Michelove Senatus, 24, porque não portava documento que pudesse comprovar que é mãe da criança.

Mãe e filha terão que permanecer mais dias na Chácara Aliança, em Rio Branco, que funciona como abrigo de imigrantes mantido pelos governos federal e estadual para caribenhos e africanos que buscam melhores condições de vida no Brasil.

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Michelove está na 36ª semana de gravidez. Ela só poderá viajar após o nascimento do novo brasileiro, que pode nascer a qualquer hora e que será chamado de Fritzly Michel Louissaint.

Uma cunhada de Michelove já saiu da República Dominicana com destino ao Brasil. Traz Huygen, de três anos e sete meses, e Emmanuel, de dois anos, irmãos de Ruth. Ela deverá chegar ao Acre dentro de uma semana e seguirá viagem para São Paulo com as três crianças, enquanto Michelove e Fritzly ficarão aguardando autorização médica para fazer o mesmo.

Detalhe da foto: à esquerda, as irmãs Zuleika e Jachira Vilbrum, que também foram apartadas de parentes e entregues pela Polícia Federal ao Conselho Tutelar. Ambas estavam na Instituição de Acolhimento Regional do Alto Acre, em Epitaciolândia (AC), destinada a crianças e adolescentes, para onde Ruth fora encaminhada. As três crianças vieram para Rio Branco juntas, após autorização judicial.

Zuleika e Jachira são apátridas. Os pais nasceram no Haiti e foram morar na República Dominicana, onde os filhos de haitianos não são reconhecidos como dominicanos. São elas que ajudam Michelove a cuidar de Ruth no abrigo.

Essas estão entre as histórias menos dramáticas que se vê no fluxo constante e crescente de imigrantes que passam pelo Acre, vítimas da exploração de coiotes, funcionários e policiais corruptos no Haiti, República Dominicana, Panamá, Equador e Peru.

Apesar da precariedade do abrigo superlotado, no Acre é onde os imigrantes são melhor tratados.

Para ajudar Michelove e seu bebê, contato com três servidores do governo estadual que trabalham na gestão do abrigo de imigrantes: Cesar 68 9213-9518, Crispim 68 9999-8191 e Lucinei 68 9957-0181.

Um comentário:

Quilombo Gerais disse...

Prezado Altino, encontrei esta notícia ao procurar dados sobre a grande atriz negra, Ruth de Souza, que completou 94 anos no último 12 de maio.
Parabéns à jovem homônima do Haiti, que está no Acre.
Sua matéria muito me sensibilizou, pois retrata a situação de uma criança, separada de sua mãe devido a trâmites burocráticos.
No Rio Grande do Sul, uma menina haitiana também está separada de sua mãe fazem 10 meses, pois a mãe migrante, ao deixar sua filha com um casal de brasileiros enquanto ia trabalhar, o casal entrou na justiça e ganhou a guarda da criança ao alegar que tinham melhores condições financeiras que a mãe migrante haitiana.
O caso está na justiça, e a mães só conta com o apoio de pessoas e advogados voluntários.
São dramas dos migrantes haitinos que raramente alcançam as manchetes. Ao divulgar a situação da jovem Ruth e sua mãe " SEM PAPÉIS", que haitianas antes de chegarem ao Brasil, viveram na República Dominicana, revelam a ponta do iceberg da difícil situação dos migrantes do Haiti. Que além de terem sofrido um terremoto. São discriminados racialmente na República Dominicana, onde foram buscar abrigo e, suas crianças se tornam apátridas, "sem papéis", ilegais, relegadas pelo mundo.
Peço licença para reblogar no meu blog mamapress.org
Abraços romao@gmx.de