terça-feira, 29 de abril de 2014

Brasil que se declara macaco dá patadas em haitianos, senegaleses e dominicanos

O Brasil que se comove e se declara macaco por causa de um jogador de futebol a quem a torcida jogou uma banana é o mesmo Brasil que dá patadas em imigrantes haitianos, senegaleses e dominicanos. No domingo, para escrever nota publicada ontem (leia) no Blog da Amazônia, fui ao Parque de Exposição, em Rio Branco, local de acolhimento dos imigrantes, acompanhado do Samuel Campos, 11, meu neto. Samuel foi abraçado, convidado a almoçar e tirou dezenas de fotos a pedido dos imigrantes. Meu neto não vai crescer destilando ódio contra imigrantes negros. O governo do Acre declarou que não deportou os haitianos, mas a sociedade acreana aplaude o governador pelo seu gesto de livrar o Estado deste peso. É a mesma coisa que dar patada. Os brasileiros vão receber os turistas da Copa com as mesmas patadas que dão nos imigrantes negros? Não, certamente. Fossem imigrantes brancos, loiros, de olhos verdes ou azuis, a inflexão do brasileiro seria outra em relação aos haitianos, senegaleses e dominicanos que buscam o Brasil. Prefiro a autocrítica #somostodosracistas ao oportunismo e racismo do #somostodosmacacos. A vida é multicor.

7 comentários:

Alma Acreana disse...

Valeu, Altino!
Somos de fato um país racista e nos camuflamos sobre a máscara da hipocrisia social. Não esqueçamos que quase ontem ainda éramos um país que permitia a escravidão. Hoje ela só mudou de nome. Somos livres, mas apenas para consumir.
Todos são bem vindos ao Brasil, desde que para consumir ou para ser mão de obra barata.
Enquanto por aqui tudo vai mal, nos vangloriamos das melhores bundas e do futebol!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Uma vez, eu li em um livro algo que dizia "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei".
Belo trabalho pai, te amo muito!

Unknown disse...

Seu Altino,
Com futuro eleitoral incerto, a verdade é que o Governo do Povo do Acre preferiu "economizar" recursos. Tá enxugando geral!
Nesses "dias difíceis" o pseudo humanismo desapareceu.
Quem adorou a medida foi a população de Epitaciolândia e não lhes tiro a razão: um lugar pequeno, índice de desenvolvimento humano ruim, sem perspectivas, hermético politicamente e economicamente, tinha que disputar os péssimos serviços públicos com os estrangeiros.
Sob essa ótica, Altino, os imigrantes podiam até ser louros de olhos azuis. Mas em um mês já teriam igualmente saturado a população do município.
O Acre aprendeu da pior forma que acolhimento humanitário requer "backstage": logística apurada que vai do serviço inicial de saúde passando pelo treinamento da força policial adequando-a à situação, fluência em idiomas, alimentação adequada à cultura do imigrante(!), celeridade na obtenção de documentos até o destino final desses imigrantes.
Não se faz obra humanística com politicagem ou apenas boa vontade.
É preciso investimento e competência que estão além, muito além das propagandas oficiais.

Edkallenn disse...

Simplesmente SENSACIONAL observação!
Assino embaixo plenamente de tudo!
Infelizmente somos extremamente racistas, sim.
Quando a maioria da população é negra, mas essa maioria ganha menos, morre mais, se forma menos no nível superior, não tem representação parlamentar proporcional e é mais pobre (com uma distância gigante dos mais ricos) esse país é, sem sombra de dúvidas, racista!
Infelizmente.
Temos ainda um longo caminho a percorrer enquanto sociedade!

Edkallenn disse...

O governo "joga para a torcida" pois sabe que a maioria é racista também! Embora eu não duvide que as intenções iniciais (acabar com a situação deplorável que se encontravam no abrigo em Brasiléia) não tenha sido justa. No caso, a impressão que se tem é de realmente ter-se "jogado para a torcida"!
Abs.

Unknown disse...

Não chega a ser racismo, o problema é que esses imigrantes estavam causando uma série de transtornos em Brasileia e Epitaciolândia, duas cidades pobres, sem qualquer condição para o atendimento a estes imigrantes. Clientes brasileiros nos bancos e nos Correios estavam deixando de ser atendidos para dar prioridade aos imigrantes. Órgãos Públicos como a Receita Federal estavam funcionando apenas para o atendimento as estas pessoas. E se não fossem atendidos primeiro, era motivo para confusão. Sem contar dos vários incidentes que vinham realizando nas cidades, como fazer suas necessidades fisiológicas na frente das casas, transar em locais públicos e brigar dentro do abrigo. É muito fácil sentar e criticar, principalmente quem não viveu esta situação, mas o fato é que se fosse de qualquer raça, a população destas duas cidades teriam o mesmo comportamento que tiveram com os Haitianos. A culpa maior é do governo Federal, que mantém a fronteira aberta e quer que os municípios, pobres como são, mantenham esses imigrantes sem qualquer ajuda. O governo do Acre age errado ao mandar os Haitianos a São Paulo, pois deveria mandar a Brasília, aí eu queria ver como esse governo incompetente do Brasil se comportaria diante deste novo problema que surgiu.