quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Saúde pública agoniza no Acre após promessas mirabolantes

POR MÁRCIO BITTAR

Deparei-me com dados do Ministério da Saúde mostrando variações negativas na quantidade de leitos hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre 2011 e 2013, foram fechados 12.697 leitos em todo o País. No mesmo período, no Acre, houve encerramento de 116 leitos.

Em andanças recentes no município de Rodrigues Alves, encontrei um aparelho de raios x que estava encaixotado há mais de um ano, na Unidade Mista de Saúde. Segundo relatos de moradores e pacientes, o governo levou mais de um anos para providenciar assistência técnica para a instalação do aparelho.          

Ouço pessoas de todas as idades contando maus tratos e humilhações sofridas por elas e familiares no atendimento à saúde. Fico estarrecido quando sou informado sobre necessidades simples não atendidas e sobre a falta de profissionais em especializações importantes da medicina no Estado. Que tipo de gestão deixa faltar até o básico como lençóis limpos?          

Sei que há uma quantidade grande de acreanos em filas de espera por cirurgias. Sou informado por técnicos do setor sobre a quantidade preocupante de exames médicos represados e a demora na liberação dos resultados. Não há um só cidadão que não clame por fiscalização do governo sobre a prestação dos serviços públicos de saúde à população.          

Percebo que as reiteradas promessas de melhoria no atendimento público de saúde perderam a credibilidade pelo simples fato de que nunca foram cumpridas pelo grupo que governa o Acre há décadas. A má gestão dos recursos humanos e financeiros da saúde pública no Acre é patente e a precariedade do atendimento é notória.          

Chegou o momento de cessar as promessas mirabolantes e as propagandas mentirosas. É preciso descer do palanque e, pelo menos, implementar uma gestão racional na saúde pública no Estado. Deve-se estabelecer metas de atendimento com mais humanidade e qualidade. Essas metas devem ser implementadas, monitoradas e avaliadas para haver política pública de verdade para o setor. É preciso moralização do atendimento, com intensificação da fiscalização por parte do governo do Estado. Todos os desmandos e os ilícitos devem ser investigados e não mais permitidos.          

No mais há fatores externos à gestão da saúde que impactam e pressionam o atendimento. Merecem atenção prioritária do poder público. Em estudo exclusivo do Instituto Trata Brasil sobre os serviços de saneamento básico prestados nas 100 maiores cidades do País é revelado que Rio Branco se localiza na 91ª colocação. A base de dados consultada para a elaboração do ranking foi extraída do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgado pelo Ministério das Cidades. Os dados são de 2011.

A falta de saneamento é um dos elementos impactantes na saúde das pessoas. Outras externalidades são os graves e corriqueiros acidentes de trânsito e a crescente violência urbana no Estado. Todos são fatores que impactam no serviços públicos de saúde e devem ser levados em conta para que haja um gestão digna no setor.          

O acreano merece uma saúde pública minimamente humana e eficiente. É preciso findar com os descalabros administrativos. É urgente uma gestão honesta e competente na utilização dos recursos da saúde pública. Além disso, é preciso contribuir com os municípios para que a lógica de atendimento do SUS seja respeitada. Para tanto, no interior e na capital, é preciso fazer funcionar as redes de atenção básica e os polos de atendimento de média e alta complexidade espalhados pelo Estado.          

Não há problema insolúvel por mais que o caos administrativo tenha se instalado. Com competência técnica, cuidado com o dinheiro público e racionalidade na gestão  é possível solucionar os problemas da saúde pública, sem promessas mirabolantes e ilusões. Com trabalho, respeito e empenho é possível e desejável superar a agonia que se vive hoje na saúde pública do nosso Estado.

Marcio Bittar é deputado federal, presidente da Executiva do PSDB no Acre e 1º Secretário da Câmara dos Deputados

4 comentários:

henrique_fonseca_ac@hotmail.com disse...

Nobre Altino,

com muito orgulho morei e trabalhei no Acre, mas por ventura de minha profissão hoje me encontro em outro Estado do Brasil. Trabalhei no saneamento, sei como são difíceis os processos,ainda mais quando tinha-se um programa já planejado para execução, abrangendo todo o Estado e as metas por água abaixo por alguém que não frequentara um banco de faculdade. Porém, por questões políticas e as pessoas (ou melhor, "a pessoa")que presidiam o agora DEPASA, além de incompetência, arrogância e prepotência, fizeram este estrago no saneamento, como podemos ver pelas notícias, que infelizmente já sabíamos o resultado logo quando esta pessoa tomou posse e deu suas primeiras ordens. Fica aqui meu agradecimento ao Acre e o desejo que o dia de hoje seja melhor que ontem. Forte abraço!

Mari@d@acre disse...

A formação do governante certamente não influência em sua atuação governamental! Já tivemos 1- seringalista/comerciante, e altos índices de desemprego; 2- engenheiro civil, e altos índices de obras desestruturadas; 3 - engenheiro florestal, e altos índices de desmatamento; 4-médico, e altos índices de.......As manifestações só vão ecoar nas próximas eleições se votarmos com o intuito de renovar 99% de tudo que está no poder.

joaomaci disse...

Agora que o deputado tomou pé da situação da saúde pública, diga aí se é a favor, ou contra a vinda de médicos estrangeiros pra trabalhar nas regiões mais pobres do Brasil? Diga se descorda do corporativismo dos médicos já estabelecidos no país e que são contrários à medida!?! Diga o que vossa excelência tem a dizer do fato de Cuba, um país de um governo por vossa excelência hostilizado (publicamente quando da visita da blogueira cubana ao Brasil) e combatido, ser um dos que mais remete médicos neste tal "mais médicos"?
Faço estas perguntas pra ter uma idéia do sentido prático por tras dessas suas críticas e soluções genéricas.

Celina Missura disse...

Mas o senhor, nobre deputado, está fazendo exatamente o quê?