sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A indecifrável alma humana

POR EDILSON MARTINS

A alma do ser humano continua indecifrável. No empate dos embargos infringentes
 - que burocratez, meu Deus - da decisão do STF, o voto minerva foi dado pelo ministro Celso de Mello. Claro que o seu voto foi embasado na mais pura interpretação da Lei, na defesa dos direitos do cidadão, conforme há havia alertado o "novato" Roberto Barroso.

De resto, os seus pares, 11 no total, aos ouvi-los, temos certeza de que todos têm argumentos robustos na defesa de suas teses, embora contraditórias.

Mas a alma humana é misteriosa. Celso de Mello, e não vai aí nenhum juízo de valor, já residiu, morou junto, com José Dirceu, nos idos das vacas magras,  de vida universitária. E pelo que consta não ficaram  inimigos. Votou a favor dos embargos.

Joaquim Barbosa, que surpreendendo o país não aliviou para o partido que o elevou a ministro, votou contra. Hoje o PT que ver o diabo, mas não quer ver Joaquim Barbosa. Luiz Fux, ao esboçar independência, durante o julgamento, foi também demonizado pelos pro homens do poder. Votou contra.

O "novato" Roberto Barroso, e de resto todos os outros recém-ingressados  na Casa maior da Justiça brasileira, quem sabe até por gratidão, votaram a favor dos mensaleiros, neste último episódio. Alcançar o Supremo Tribunal Federal é o sonho maior de qualquer jurista.

Não estou dizendo que houve aparelhamento, você, caro leitor, com sua veia venenosa, é que está imaginando.

Bom, se incluirmos Ricardo Lewandowski, e o Dias Tófoli, esses próximos demais do governo, que, curiosamente, parte dele não torce pela absolvição,  pode acreditar, a conta se fecha.

Resumindo: prevaleceu de verdade o texto, a letra da Lei, os aspectos jurídicos legítimos, ou mais uma vez falaram mais alto os imponderáveis sentimentos da alma humana, seus impulsos invisíveis, suas franjas de algodão em toalhas de seda?

Em verdade, a história se escreve, vezes há, muito mais pelos sentimentos dessa prosaica e imponderável alma humana, do que pela ideologia, pelas causas justas, pela implantação da verdade. Se é que ela existe.

Edilson Martins é jornalista e escritor

Um comentário:

Altemar disse...

Veia venenosa o cacete. Sugiro que leia mais e desligue a TV.