quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

ACRE DESLIGADO DO BRASIL

POR MARCOS LIMA

Um dos principais problemas enfrentados pelas empresas acreanas no transporte de produtos é a falta de uma ponte sobre o Rio Madeira, para facilitar o acesso das carretas ao estado do Acre.

Atualmente, uma carreta chega a pagar cerca de R$ 180,00 pela travessia da balsa, e não perde menos que uma hora neste processo. As dificuldades oneram o custo do frete, aumentam o prazo de entrega, sem contar outros entraves, como, por exemplo, na época de seca, chegamos a ficar praticamente sem abastecimento no Acre. Na época de cheia, a dificuldade é devido ao grande volume de água no rio.


Leia no Blog da Amazônia:

Deputado ganha R$ 1,8 milhão por mês com transporte no Rio Madeira

A necessidade da construção desta ponte é histórica. Agora não sabemos o que realmente acontece por trás dos bastidores. Quais são os jogos de interesses?  Por que ainda não saiu esta obra? Por que todas às vezes que o projeto é liberado para licitação, o Ministério Público do Estado de Rondônia embarga? Alguém está se dando bem com isso. É um jogo mesquinho de interesses que prejudica toda a população do Acre.


Talvez o consumidor final se pergunte: o que tenho a ver com isso? Mas tudo está incluso no preço dos produtos quando o consumidor vai ao supermercado ou a uma loja de confecções.

Para quem acha que a obra não foi realizada ainda pelas dificuldades de construção ou outros entraves referente a obras civis ou ambientais, saiba que a obra é possível de ser realizada e em um prazo não muito longo de tempo. 


A ponte construída sobre o Rio Madre de Dios, na cidade de Puerto Maldonado no Peru, foi  inaugurada em 7 de setembro de 2011, menos de dois anos após a ordem de serviço. Isso mesmo, em menos de dois anos. A ponte tem 74 metros de altura com seus dois pilares imponentes e uma extensão de 722,95 metros. É a maior ponte do Peru. além de reduzir o tempo de travessia, eliminou o custo cobrado pelo serviço de balsa que era de US$ 40,00. A ponte faz parte da rodovia interoceânica, que liga o Brasil ao Peru.

Esta mesma rodovia interoceânica que conta com esta imponente ponte, é a que atravessa os estados do Acre e Rondônia, e passa pelo transtorno da travessia da balsa no Rio Madeira. Pasmem: o Rio Madeira do lado brasileiro é o mesmo Rio Madre de Dios pelo lado peruano, sob o qual foi construída a ponte peruana.


Está mais do que provado que é possível a construção da ponte sobre o Rio Madeira. Agora nos resta saber quais são os principais interesses que fazem com que esta ponte não seja construída. Enquanto isso, o povo acreano sofre com falta de abastecimento, produtos com custos elevados, dificuldade no transporte, pois nem todas as transportadoras querem enfrentar este trecho. Até quando? A pergunta é: até quando?

Como sempre costumo dizer, chega a ser uma ironia: o Acre tem pontes que o ligam aos países Bolívia e Peru, mas não tem ponte que o ligue ao Brasil

MARCOS LIMA É Gerente de logística e transportes do Supermercado Araújo. Escreve no blog Logística da Floresta


3 comentários:

Enzo Mercurio disse...

Avisaram a dilma sobre isso.?
Seria bom ligar para ela e avisar que o Acre esta isolado.

Clênio Plauto S. Farias disse...

Os reais interesses eu não sei. Mas, a quem interessa esta ponte? Ao Acre. Escolhemos ser brasileiros, mas, o Brasil que escolhemos não é o mesmo Brasil que estamos inseridos, não é só a geografia, é o fato de que não temos um projeto de nação. A quem compete? O Governo Federal. Nossos representantes, aliados políticos há anos deste governo, parecem ganhar alguma coisa com isto. Nosso planejamento em infraestrutura é aliado das "oportunidades" de nossos mandatários. Nosso país vizinho, tido como um país pobre, tem muito a nos ensinar. Não foi só a ponte que foi feita, várias foram feitas, toda uma estrada, em condições adversas, que sai da amazônia e atravessa os Andes, até o árido litoral peruano, sinalizada, com manutenção e condições de trafegabilidade. Aqui, se vive de manter uma estrada que se esfarela todos os anos em razão dos desvios e péssimo emprego do dinheiro público, a solução técnica é o refazer.
O modelo da gestão da vias, no país vizinho, é através da privatização. As melhores vias do Brasil estão em São Paulo é segue este modelo. Mas, São Paulo é um país a parte, dentro do nosso Brasil e, nós? Vamos inventar roda, para rodar em nosso país, o país de Galvez.
Para saber mais: http://www.iirsasur.com.pe/es
http://www.autoban.com.br/

Altemar disse...

Cpl és brasileiro/acreano?