quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ACREANO OU ACRIANO

O governo federal vai adiar para 2016 a obrigatoriedade do uso do novo acordo ortográfico. As novas regras, adotadas pelos setores público e privado desde 2008, deveriam ser implementadas de forma integral a partir de 1º de janeiro de 2013. As informações são da Folha de S. Paulo.

A reforma ortográfica altera a grafia de cerca de 0,5% das palavras em português. Com o adiamento, continuará sendo opcional usar, por exemplo, o trema e acentos agudos em ditongos abertos como os das palavras "ideia" e "assembleia".

Além disso, o adiamento de três anos abre brechas para que novas mudanças sejam propostas. Isso significa que, embora jornais, livros didáticos e documentos oficiais já tenham adotado o novo acordo, novas alterações podem ser implementadas ou até mesmo suspensas.

Independente disso, este blog e eu seguiremos sendo acreanos, conforme defende manifesto da Academia Acreana de Letras, assinado pelo poeta e escritor Clodomir Monteiro.


Leia trechos:

"O habitante natural do Acre tem como gentílico, desde 1878-1880, acreano[8]. Aqui, nesta parte do país, como em outras, há traços regionais fortes. E uma língua é assim: uma riqueza na pluralidade de normas: culta, familiar, literária, popular, técnica etc. A Língua Portuguesa seria muito pobre se apresentasse apenas uma forma para seu léxico, para sua sintaxe."

 "Até mesmo os dicionários respeitáveis do idioma pátrio, como Nascentes, Aulete, Aurélio e Houaiss, trazem as duas formas, ou seja, duas variações: acreano e acriano. Mesmo assim, a população sempre elegeu acreano como a forma de denominar aquela pessoa nascida no Acre. E agora, vem o Acordo Ortográfico retirar o uso consagrado pela cultura do lugar, justificando tratar-se de vogal átona que recebe a formação –iano. Assim, trata da formação dos adjetivos derivados dos Antropônimos (Camilo, camiliano; Camões, camoniano etc) da mesma forma que trata os gentílicos derivados do topônimo como Acre (acriano), um equívoco cultural."
 

"Por tudo isso, as Ciências Humanas, por mais magníficos e atraentes que sejam seus argumentos lógicos e dialéticos, não propiciam arcabouço seguro para tirar dessa terra acreana o seu gentílico consagrado: acreano. Assim sendo, é imperioso preservar as duas formas, a histórica e a lingüística, pois ambas são vertentes do conhecimento humano. A primeira tem maior possibilidade de retratar o Acre e sua gente, da forma mais completa possível, porque está plena, recheada da identidade regional."

Eis uma boa causa para a bancada do Acre no Congresso, que não demonstra gostar de boas causas.

Clique aqui e leia o Manifesto da Academia Acreana de Letras, para quem o gentílico "acreano" é consagrado pela história.

2 comentários:

Luísa Galvão Lessa Karlberg disse...

Prezado jornalista Altino machado,

Sou a autora do Documento que elaborou a Academia Acreana de Letras, a Universidade Federal do Acre e a Comissão do Estado para defesa da permanência do gentílico ACREANO. É forma consagrada pelo uso, há mais de um século. Ademais, o próprio acordo resguardo os nomes registrados. Para mim, enquanto especialista na área de Língua Portuguesa, nunca devemos grafar "Acriano".
Informo, aqui, que 'a língua faz os homens e não os homens a língua'. Isso assegura o primeiro gramático da Língua Portuguesa, em 1936, Fernão de Oliveira, por ocasião da edição da primeira gramática em língua portuguesa.
Acrescento que a Reforma ortográfica de 1971, a última realizada no Brasil, determinou a retirada do /h/ de Bahia. Os baianos não aceitaram e Bahia permanece com /h/ até hoje.
Surpreende que a impressa e as redes sociais não tenham lido as defesas que fiz em prol do gentílico, assim como a determinação da UFAC, AAL, Governo do Acre para a preservação do gentílico histórico ACREANO.

Estou ao dispor para esse esclarecimento.

Att.

Prof.ª Dr.ª Luisa Galvão Lessa Karlberg
Presidente da Academia Acreana de Letras

Unknown disse...

Estou com a Senhora e com os ACREANOS!