quinta-feira, 11 de outubro de 2012

ACRE JÁ TEVE "VACA MECÂNICA" EM ESCOLAS

Em disputa pela prefeitura de Rio Branco, tucanos e petistas seguem no segundo turno eleitoral envolvidos numa polêmica sobre a "vaca mecânica" proposta pelo candidato Tião Bocalom (PSDB).

Quem consultar o arquivo do jornal O Rio Branco vai encontrar, na primeira página da edição do dia 20 de novembro de 1971, a notícia "Vaca mecânica abastece escolas". 

Quem mamou e matou as "vacas mecânicas" das escolas do Acre? 



"A representação federal da Campanha Nacional de Alimentação Escolar do Acre recebeu da entidade três máquinas reconstituidoras de leite, para distribuí-las às escolas da capital. Denominada "vaca mecânica", essa máquina de procedência dinamarquesa, faz a conversão do leite em pó em leite líquido, que pode ser enriquecido com diversos produtos. Melhores condições de higiene e menor dispêndio de tempo na preparação do leite, a "vaca mecânica"leva a vantagem de homogenizar (sic), pasteurizar e refrigerar o produto, reconstituindo em vinte minutos 44 letros (sic) de leite. Os grupos Mário (sic) Angélica de Castro, Dr. Mário de Oliveira e um de Cruzeiro do Sul, foram contemplados com a "vaca", mas outras serão recebidas em breve e dadas aos grupos com mais de 500 alunos. Na montagem das máquinas conta a CNAE com a colaboração do governo do Estado".

Leia mais:

A "vaca mecânica" de Lula e Bocalom

3 comentários:

Beneditino disse...


Altino,

As duas matérias falam de "vacas mecânicas" distintas. A primeira, de 1971, refere-se a uma que reconstitui o leite em pó em leite fluido (que chamam de líquido na matéria). A segunda "vaca" é que produz um "leite" à partir da soja. A primeira era realidade no tempo em que a região Norte precisa importar leite em pó, já que o UHT não existia no Brasil. A segunda é uma tentativa de fornecer um alimento proteico de baixo custo às crianças. Em rigor isto não é leite, poderíamos chamar de um "suco de soja".
A discussão atual é fruto de falta de políticas públicas para a pecuária leiteira no Acre. Praticamente todo leite consumido no estado é importado de Rondônia.
Por fim, o comentário do ex-presidente Lula mostra sua ignorância sobre o assunto. Criança deve receber leite de vaca em sua alimentação, não "leite de soja". Isto é questão de segurança alimentar.
Saudações Beneditinas.

Roberto Feres disse...

Só um acréscimo ao comentário do Beneditino:
A discussão oda iniciou porque encontraram a proposta da Vaca Mecânica num antigo plano de governo de quando o Bocalom disputou pela primeira vez a prefeitura de Acrelândia.
Naquela época, a próspera indústria leiteira acreana dos tempos da CILA estava em franca decadência e Rondônia não tinha ainda produção significativa.
Era sim necessário encontrar uma solução para complementar a merenda escolar, numa cidade que se formou no núcleo de um imenso assentamento agrícola do Incra com pretensões de produzir grãos, num tempo onde criar gado era atividade anti-ecológica e mal vista.
Pode ser que hoje os tempos sejam outros e baste ao Acre tratar embaladoras de feijão como agro-indústria.

Evandro Ferreira disse...

Altino,

Eu lembro bem da 'vaquinha mecanica' que existia no Grupo Escolar Mário de Oliveira, no bairro Cerâmica. Estudei lá entre os anos de 1972 e 1974 e o leite produzido pela vaca mecânica era saboroso - um gosto bem diferente do leite in natura fervido que a gente tomava em casa. Eu era um menino muito luxento e detestava a 'nata' que era produzida depois que o leite in natura era fervido...o leite da vaquinha mecânica não tinha isso.

A máquina em sí era enorme e ocupada toda a ante sala da cozinha onde o lanche era preparado. Era toda de aço inoxidável e tinha numerosos tubos.

Na hora do recreio a gente fazia fila e eu lembro que quando chegava a minha vez de ficar na porta da cantina para pegar a minha 'merenda', eu ficava admirado com a tal 'vaca', que não dava pista onde ficava a cabeça ou o rabo, mas que tinha quatro pés - aço - isso ela tinha...

Lembro bem que na escola o leite produzido pela vaca mecânica era usado para fazer Nescau - outra novidade que aprovei de imediato. E claro, não faltava, para acompanhar a bebida, o nosso tradicional 'bodó', que as merendeiras do Mário de Oliveira passavam em uma mistura de açucar com canela...fiquei fã de bodó...até hoje costumo eu mesmo preparar umas pratadas para comer com Nescau. E meus dois filhos também viraram fã...

A idéia do Bocalom era mais que certa, considerando que na época leite pasteurizado ainda era coisa rara pelas bandas de Acrelândia. O leite UHT - de caixinha - não existia no Acre.

Evandro