sábado, 1 de setembro de 2012

A GREVE CONTINUA NA UFAC

POR GILBERTO NUNES DE ÁVILA



Os professores da Universidade Federal do Acre (Ufac), em ato público, na tarde desta sexta-feira (31), realizaram a entrega da contraproposta do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) à reitora Olinda Batista Assmar. Foi reiterado à administração que o acordo firmado com a entidade Proifes possui impropriedades constitutivas, e que o sindicato insiste na reabertura das negociações. 

Os docentes reafirmaram sua posição de manutenção da greve por tempo indeterminado e a disposição em negociar. Pela nova proposta os docentes aceitam a redução do piso oferecido pelo governo federal, com o professor graduado 20 horas em início de carreira recebendo R$ 2.018,77, e os degraus entre os níveis remuneratórios caindo de 5% para 4%, com evolução uniforme, além da redução do teto.

Negociação

Os professores tem demonstrado disposição em negociar nos últimos dois anos, e agora apresentam uma contraproposta que reduz os valores da malha salarial original, preservando porém, em sua conceituação a natureza do trabalho acadêmico.

Em audiência pública no Senado na última quarta-feira (30),  a presidente da entidade, Marinalva Oliveira, explicou aos parlamentares os motivos da greve nacional.

- Entramos em greve pela reestruturação da nossa carreira e por melhorias nas condições de trabalho. O simulacro de acordo feito pelo governo desestrutura ainda mais a nossa carreira, atenta contra a autonomia universitária e contra a concepção de educação de qualidade que defendemos.

Marinalva observou ainda que, das quatro entidades que estavam na mesa de negociação, apenas uma concordou com o que foi proposto pelo governo.

- Não é possível que o governo ache que está fazendo algo de bom pela categoria, assinando um acordo que foi rejeitado por três entidades de maior representatividade junto aos docentes.

O senador Cassio Cunha Lima (PSDB-PB) afirmou que  o governo quando quer, com maioria esmagadora, que tem aprova propostas em 24 horas.

- O governo quando quer, com medida provisória, rasga o regimento e rasga a Constituição Federal. Portanto, não aceitem o argumento que tem um prazo fatal. Quando o governo quer, ele faz, manda e desmanda no Congresso Nacional - acrescentou o senador.

Autonomia em xeque

No Maranhão, as intimidações se transformaram em ações administrativas arbitrárias e o reitor da UFMA, Natalino Salgado, destituiu publicamente a diretoria do Colégio Universitário. Nomeando pró-tempore os membros ora eleitos democraticamente.

Em alguns Estados as ameaças são veladas e se intensificam à medida em que algumas universidades saem da greve como foi o caso da UFRJ, que decidiu em assembleia pelo fim do movimento.

O Proifes tenta desesperadamente voltar à mesa de negociação, numa tentativa de diminuir suas perdas em todo o Brasil, agora pede oficialmente ao governo federal que mude o acordo que ele mesmo assinou. Demonstrando claramente seu oportunismo político.

Em todo o Brasil esta agremiação tentou promover golpes em assembleias esvaziadas, colocando em votação pontos de pauta não previstos em assembleias anteriores.

Na Bahia, o grupo foi desmascarado e teve que pedir renúncia da diretoria do sindicato. Uma das denúcias era a de que não demandava as ações deliberadas nas assembleias, prejudicando claramente o movimento local e nacional.

No Acre, durante o primeiro turno da eleição, este mesmo grupo tentou anular uma eleição legítima alegando que os alunos não compareceriam à votação, mas foi a maior votação proporcional desde o ano de 1988, com mais de 2500 alunos votantes.  

Diálogo

É fundamental que o governo fique atento à retomada do diálogo com os professores, pois a categoria chegou no limite de sua paciência. Chega de tanto jogo sujo com quem quer apenas ter uma carreira digna e não ser obrigado a se aposentar, depois de 40 anos de serviço público prestado à sociedade, com R$ 3.900,00. 

Imaginar a educação como investimento seria o mínimo que o governo poderia demonstrar publicamente à  sociedade brasileira que não aguenta mais tanto descaso com seus filhos. Com o mínimo de respeito à uma categoria que tem história na construção da democracia no Brasil, o governo poderia ter evitado tanto desgaste tanto para si como para a sociedade.

O que pedimos é o fortalecimento do ensino, pesquisa e extensão em todos nossas universidades. O que queremos é uma carreira única para todos os professores federais, uma linha no contracheque, uma progressão de carreira decente e respeito.

Gilberto Nunes de Ávila é professor Universidade Federal do Acre

5 comentários:

Juarez Nogueira disse...

Se tem alguma culpa nessa história é de Lula, herança maldita que deixou para Dilma. Ah, e de quem votou, claro, cumpre lembrar. Ou está desativada a memória recente?

Gustavo Cardial disse...

Matéria parcial, Altino.

Vejamos este trecho.

"No Acre, durante o primeiro turno da eleição, este mesmo grupo tentou anular uma eleição legítima alegando que os alunos não compareceriam à votação, mas foi a maior votação proporcional desde o ano de 1988, com mais de 2500 alunos votantes."

O dito jornalista vê conspirações onde não existem. Menciona eventual grupo que estaria atuando nacionalmente, o que é uma inverdade.

A proposta de realizar eleições após a greve foi democrática, visto que foi democraticamente acatada pela MAIORIA, passando inclusive a fazer parte das regras da eleição.

Posteriormente, a mesmíssima comissão que, conhecendo todas suas implicações e pormenores, democraticamente acatou a decisão, resolveu anulá-la.

Vale mencionar, ainda, que a ideia de realizar as eleições após a greve não configurou-se tentativa de "anular uma eleição legítima", visto que à época que a ideia foi proposta e, reitero, acatada pela maioria, este assunto estava sendo discutido pela primeira vez. Ou seja, não havia nenhuma eleição anteriormente marcada para ser anulada.

Em suma, a ideia de tentativa de golpe é não só parcial, mas esdrúxula.

ALTINO MACHADO disse...

É um artigo, Gsutavo. E você devia se reportar ao Gilberto e não a mim.

Gustavo Cardial disse...

Oi Altino, mencionei seu nome naquela primeira observação pois é você quem decide o que é veiculado aqui no blog. E o jornalista a que me referi é o autor do texto.

Altemar disse...

Concordo com o Juarez: está desativada a memória recente, linearmente.