quarta-feira, 22 de agosto de 2012

PRODUTOR E PRODUTO NO MESMO SACO

POR ARTHUR SOFFIATI

Acompanho a discussão levantada pela economista Amyra El Khalili no Blog da Amazônia sobre a Lei de Pagamento por Serviços Ambientais do Estado do Acre. Já opinei publicamente, inclusive, sobre o artigo dela “Lei de Pagamento por Serviços Ambientais do Acre beneficia mercado financeiro”. Agora, se me permitem, opino sobre o artigo “Mira do fogo amigo erra ao criticar Lei de Pagamentos por Serviços Ambientais do Acre”, escrito por Virgilio Gibbon, que rebate as posições da economista. Como sou historiador ambiental e ativista do movimento ecologista, minhas observações se restringem a conceitos empregados por especialistas da minha área e por militantes ligados à reflexão atual sobre a questão ambiental.

Se o articulista conhece o funcionamento do mercado financeiro, não sei. O que sei é que o aparato conceitual utilizado por ele é antigo e pode nos levar a conclusões equivocadas. E exatamente ele, que, no início dos seus comentários, sugere ocupar postura pioneira. Usar o conceito de preservação de modo generalizado faz tábula rasa da natureza não-humana. Parece irrelevante minha observação. No entanto, se o autor recorrer ao artigo “Duas filosofias de proteção à natureza”, de Catherine Larrière, incluído no livro Filosofia e Natureza: Debates, Embates e Conexões, organizado por Antônio Carlos dos Santos (Aracaju: Editora da Universidade Federal de Sergipe, 2008), verificará que os conceitos de conservação e de preservação são antigos e de fundamental importância para compreender as relações entre sociedades humanas (antropossociedades) e natureza não-humana.

Preservação significa manter íntegra a natureza não-humana. Conservação indica o uso da natureza não-humana respeitando seus limites. Em que sentido Virgilio usa o conceito de preservação? Pelo visto, emprega-o como sinônimo de proteção, conceito que envolve preservação e conservação. Sugiro sempre a meus alunos e colegas: na dúvida, usar o conceito de proteção.

Leia mais no Blog da Amazônia.

Um comentário:

Altemar disse...

Hora de criar o verbo "aziagar".

O texto disse bem: deixem a Amyra trabalhar.

Eu sou fã dela (ela nem sabe) e acho que devemos lê-lá e ouvi-lá mais. Tem no YouTube tambem.