sexta-feira, 15 de junho de 2012

50 ANOS DE INCOMPETÊNCIA E CORRUPÇÃO


Faz 50 anos que o presidente João Goulart sancionou a Lei 4.070, de autoria do deputado Guiomard Santos, que elevou o Território do Acre à categoria de Estado.

A mudança começou por nos possibilitar eleições de governador e de deputados à Assembleia Legislativa.

Em seguida, as dotações consignadas no Orçamento Geral da União, para o Território do Acre, foram transferidas à aplicação do governo do Acre.

No exercício financeiro subseqüente ao da promulgação da Constituição Estadual, o governo do Acre recebeu da União um auxilio correspondente ao valor global das verbas orçamentárias atribuídas ao Território, no exercício anterior.

E o Estado do Acre segue contando com a generosidade da União no repasse de verbas e créditos orçamentários que alimentam a máquina pública.

Mas os recursos da União somados aos recursos que passamos a arrecadar foram mais que suficientes, todos sabem, para deixar o Acre melhor do está.

O problema é que este meio século do Estado do Acre está marcado por incompetência, desmandos e corrupção.

Como sociedade, o que conseguimos mesmo foi transferir, de modo nada sutil, a matriz da empresa seringalista para a vida pública.

No esquema do Estado do Acre pretensamente moderninho estão barracões, casas aviadoras, coronéis de barranco, patrões seringalistas, estradas de seringa, jagunços, capatazes e seringueiros no cativeiro, presos por um sistema de endividamento.

Viva o Estado do Acre, que comemora 50 anos com o aeroporto da capital fechado para reforma.

12 comentários:

zaca disse...

Concordo em parte com o que citas, mas com certeza já tivemos em tempos passados mais corrupção e desmandos com a coisa pública.
Porém tem uma coisa que deve ser dita, temos que conhecer nossos problemas para solucioná-los com os investimentos corretos e de maneira adequada.
Ontem num artigo desse blog, houve várias afirmações errôneas atribuídas ao Dep. Tchê. Primeiro tem que ser explicado como é a composição da tarifa da energia elétrica de nossa distribuidora, para fazer tal afirmação. E o deputado afirmar que deve ser construído novas hidrelétricas para melhorar para acabar com o desperdício é de chorar.
Como disse Jean Claude Coja: A sabedoria é o gerenciamento da ignorância”
Como vamos ter bons administradores com tamanho grau de incompetência sendo presidente da unale.
“A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada, a embriaguês passa, mas a estupidez dura para sempre”

ALTINO MACHADO disse...

Zaca, não é verdade que tenha sido publicado neste blog, ontem, artigo envolvendo o nome do deputado Tchê. E mais: minha nota não entra no mérito de quem foi ou deixou de ser mais corrupto. Ela se refere genericamente aos 50 anos de autonomia do Acre.

zaca disse...

Erro meu foi no ac24horas...

zaca disse...

erro meu foi noac24horas

Fátima Almeida disse...

Eu tenho comigo um livro de atas de 1958 da associação de seringalistas do Vale do Acre onde consta que eles enviaram várias cartas para o Ministério da Justiça no Rio de Janeiro, apelando para que o projeto de elevação do território a estado federado não fosse efetivado. Entre as assinaturas: Chico Paes, Tufic Assmar, vários outros e até a assinatura de Aloísio Maia. De fato, o Acre surgiu no cenário e ganhou identidade político-administrativa em função da exploração do látex e, com a concorrência que se estabeleceu, essa economia entrou em declínio.Daí a convicção daqueles de que o Acre passaria a Estado só no nome pois na prática continuaria a depender de verbas do Governo Federal que até hoje continua retirando do que sobra da arrecadação do Estado de São Paulo para enviar para Acre,para o Piauí e outros. Afinal, "verbas federais" é o dinheiro,a riqueza produzida pelo trabalho de pessoas e não algo que cai das nuvens. Por isso mesmo que, há dez anos mais ou menos, alguém publicou artigo em jornal de São Paulo sugerindo que se vendesse o Acre para o Japão, esse "quarto dos fundos", dizia, que não serve para nada. Lembro-me ainda que algumas pessoas me paravam nas ruas para me instigar a "responder" o tal artigo mas eu não tinha nada a dizer, nem a defender já que a elevação do Acre a Estado foi mesmo uma saída, que nada teve de honrosa, de um grupo de seringalistas e comerciantes ligados ao PSD, depois ARENA,PDS, para continuarem a manter e crescer o próprio patrimônio familiar. Chico Paes era do PTB, fundou o PTB debaixo de uma mangueira....Hoje em dia, um grande problema para quaisquer historiador preocupado com esses fatos é entender o pacto entre a Igreja progressista do Acre e esse grupo que ascendeu ao poder através do PT, um partido de massas que no Acre se comporta como partido de elites pois os mandatários tomam decisões de forma privada e não ao modo coletivo como deveria ser conforme a proposta de um partido de massas.

Matthew Meyer disse...

Não sei se o conflito entre os interesses públicos e privados é único ao Acre.

Que a União desempenha um papel para com o Acre mais pro lado do patrão-benfeitor do que em outros Estados parece correto.

Mas o jeito que dinheiro dos cofres públicos entra, no Acre, nas redes de endividamento e faz parte da manutenção das relações sociais...isso é geral no país, não é?

Pois qual brasileiro não reconhece a verdade profunda (e às vezes dolorida) no velho ditado, "para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei!"

Beneditino disse...

Nem tudo está perdido, leiam:

Por Paulo Peixoto, na Folha Online:
A ministra Izabella Teixeira (Ambiente) criticou nesta quinta-feira (14) ambientalistas estrangeiros, que, segundo ela, desconhecem a realidade do homem na Amazônia brasileira e vivem do que chamou de “achismo ambiental”. “Eles defendem muitas vezes a fauna, mas esquecem de defender o homem”, disse Teixeira, sem nominar pessoas ou grupos.

Ela se referia, contudo, a ambientalistas que criticam questões como o desmatamento na Amazônia e obras em execução na região, como a construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. A crítica da ministra brasileira foi feita em Belo Horizonte, na abertura do Congresso Mundial do Iclei (Governos Locais pela Sustentabilidade), associação que reúne prefeitos e representantes legais de cidades comprometidas com a sustentabilidade. Teixeira afirmou que o papel do seu ministério envolve também temas de inclusão social, como gerar e levar energia para os povos da floresta.

Disse que há 25 milhões de pessoas vivendo na região que precisam se desenvolver socialmente, precisam de energia elétrica e muitas vezes têm que navegar até 400 quilômetros para conseguir água potável.

Roberto Feres disse...

Altino, Fátima...
Para o bem ou para o mal, estamos nós cinquentões no Acre cinquentenário.
Vale que contribuimos nisso dando o nosso melhor.

Unknown disse...

Altino, pra quem gosta de um bom texto e de boas provocações, fica a dica do capítulo "Acre" do livro Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, de Leandro Narloch. Ah, o livro todo é muito bom. Até mais. Edinaldo.

@MarcelFla disse...

Tô com o Roberto e não abro, é assim em todo mundo, é nosso dever não nos acovardar e lutar por um Acre cada vez melhor, confesso que hoje estou feliz por ser acreano, pelos amigos e amores que esta terra me deu, por ser meu porto seguro.

Agora é lutar para que os próximos cinquenta anos sejam melhores, levando sempre em conta os exemplos do passado, bons e ruins.

Paulo Wadt disse...

Estou há dez anos no Acre e ainda não compreendo totalmente sua complexidade social e ambiental.

Sou fascinado por viver no estado que possui as terras mais férteis de toda a Amazônia brasileira, e provavelmente, está entre as melhores terras do mundo.

Mas também envergonha-me a realidade de nosso povo, que por casualidades da história, sempre foi proibido de cultivar a terra, antes por ser um extrator do latéx, agora por lhe ser imposta a ilusão da florestania.

E de forma espantosa, milhões de recursos públicos são transferidos da União para promover um desenvolvimento susntentável que sempre beneficia muitos poucos em nome de muitos dos que vivem aqui, ou dos que labutam em outros estados.

Paulo Wadt disse...

Altino, gostaria de sugerir aos leitores desta matéria o link de um artigo que li e que trata do custo do Acre para a União.

http://cleomiltonfilho.blogspot.com.br/2010/04/quanto-custa-o-acre.html

Creio que nosso desafio nos próximos anos seria inverter esta equação e passar a gerar riqueza, primeiro para os que aqui vivem, e depois para o pais.