sábado, 28 de abril de 2012

TENHAMOS BOM SENSO

POR JANU SCHWAB

A questão que envolve colonos brasileiros em terras bolivianas é antiga. Tão antiga quanta a História do Acre - afinal, me desculpem os mais ufanistas, o que é a formação territorial do nosso Estado se não uma "invasão" às terras que eram, sabemos, pois, da Bolívia?

O povo boliviano se formou assim: achando que os vizinhos queriam sabotá-lo. Por isso se encrencou com chilenos, peruanos e brasileiros. A chegada de Evo Morales ao poder só reacendeu essa chama.

Populista que só ele, entre outras bandeiras mequetrefes, voltou a reclamar a faixa de terra tomada pelo Chile e, para o espanto dos acreanos e a alegria sarcástica do Diogo Mainardi, o Acre de volta.

Leia mais:

Brasil desloca militares após Bolívia expulsar brasileiros

O "amigão" aqui não está defendendo a causa boliviana que justifique a ação truculenta do exército vizinho ou, pelamordedeus, dizendo que o Acre deveria voltar a ser da Bolívia.

Também concordo com a ideia de que a diplomacia brasileira é passivista e esquizofrênica - dá para entender o apoio a gente como aquele sacripanta do Ahmadinejad e o regime daquele psicótico do al-Assad?

Só acho que, seguindo a cartilha do Barão do Rio Branco, devemos optar pelo bom senso e não o toma-lá-dá-cá. Quando os refugiados haitianos começaram a chegar, o que teve de acreano gritando para que fechassem as porteiras do País e expulsassem todos em nome das nossas poucas vagas de empregos, foi de assustar.

Imaginemos, pois, se colonos bolivianos estivessem ocupando terras brasileiras. Se o Exército do Brasil não fizesse nada, talvez teríamos grupos paramilitares brasileiros chutando baldes e canelas dos hermanos.

Deixar de despejar reais na Zona Franca de Cobija não devia ser apenas consequência de um boicote (leia) contra as incursões do exército boliviano contra colonos brasileiros em território boliviano, mas de consciência da roda da esquálida economia local. Nem todo mundo vai a Cobija apenas para comprar desodorante e bebida. O descaminho de insumos de tecnologia, informática e afins é grande.

Essa proposta de boicote a economia de um local como símbolo de solidariedade aos nossos e contra os deles é como dizer: Quem vocês pensam que são para tratar brasileiros (que a gente nem se importa tanto) dessa maneira? Não interessa se eles invadiram terras (que são bolivianas), nem que a diplomacia brasileira nunca fez nada (porque nossa região é negligenciada), vocês dependem de nós.

Os parênteses registram que o buraco é mais embaixo e que a questão que envolve colonos brasileiros em terras bolivianas é antiga. E quando o buraco é mais embaixo - e, ao contrário dos heróis encrenqueiros que temos em nossa História, façamos como o Barão do Rio Branco: tenhamos bom senso.

Janu Schwab é publicitário

23 comentários:

Beneditino disse...

Antes de cobrar bom senso de nós, porque não cobrar bom senso deles? Ahmadinejad é sacripanta e al-Assad é psicótico. Mas o que é Evo Moralles? Um falso-índio-cocaleiro. Estou cansado desse negócio de se julgar apenas o governante e não o povo por fatos ocorridos. Hitler fez o que fez sem o apoio do povo alemão? Milhões de inocentes e um só vilão. Tá bom!

André Vieira disse...

Falou, falou e não disse nada! Ademais, o bom senso é -deveras- uma questão de ponto de vista. Para mim, um boicote, em detrimento a pagar na mesma moeda (saquear, matar, assassinar), já é um ato de bom senso.

João Francisco disse...

Vamos fazer uma troca? O Anibal de Diniz vai ser senador sem votos na Bolivia e os muchachos nos deixam em paz e param de reclamar das terras que roubamos deles.

neycandia disse...

Como sempre falamos grosso com os Estados Unidos e fino com a Bolivia

neycandia disse...

Como sempre falamos grosso com os Estados Unidos e fino com a Bolivia

joaomaci disse...

Ótima a reflexão que traz o texto do Janu. Não precisa ser especialista para perceber que aqueles que propõem boicote ou reações hostis generalizadas aos bolivianos como soluções, sabem apenas de suas relações com a economia boliviana, ou seja: no superavit de seus orçamentos de servidores públicos ou empresários, correm a Cobija para se empanturrarem eletroeletronicos, bebidas caras e outras bugigangas chinesas. Eles não conhecem a realidade de milhares de brasileiros que moram nas regiões de fronteira e que tem suas sobrevivências demasiado dependentes do que se tem na Bolivia, coisas primárias que eles não tem acesso no Brasil. Portanto, tenhamos bom senso e sejamos realistas, estes brasileiros jamais se dariam ao luxo de fazer um boicote.

joao disse...

ATO I - Estou, em parte, com o Janu. Ainda quanto ao artigo do Nicácio, vamos tentar raciocinar de forma inversa. Digamos que a história do Brasil foi pautada por administrações que cuidaram muito mal de sua soberania, desde o Bolivian Sindicate até a contemporânea ocupação de estrangeiros (bolivianos) dentro de sua extensão territorial fronteiriça. Digamos que a nossa Constituição e no novo governo brasileiro estebeleçam o inicio do fim dessa relação de submissão de sua soberania territorial e também no campo de sua economia e uso de seus recursos naturais (gás e petrôleo, por exemplo) antes os interesses estrangeiros. Para tanto, resolvesse mudar, legitimamente, a relação com as indústrias de estração de gás e petroleo, assim como relação a cupação por estrangeiros de seu territorio. Para tanto, estabelece prazo para para que aqueles que ocupam a estração de seus recursos naturais e sua terras fronteiriças fizesse a devido desocupação. Digamos que tanto as indústrias quanto os ocupantes não obedecessem tal ordem que é, não de um poder governamental, de uma vontade da nação, posto que constitucional. E assim, o que fariamos, nós brasileiros, diante de tal situação? (essa condição, longe do exercício hipotético aqui proposto, é realidade em relação aos paises do Norte - mas essa discussão a gente deixa para outro momento)
ATO II - o que observo nos textos, todos, é a manuntenção de uma "tradição" de relação histórica em que se naturalizou uma posição superior e outra inferior. Nossa relação, a do Brasil, com as nações vizinhas sempre tem sido pautada por esse complexo de superioridade - diferentemente da nossa relação com os paises europeus e norte-americano, que sempre foi pautada por um sentimento contrário, de inferioridade. Como superiores, não aceitamos a idéia de que os subalternos resistam à condição de subalternidade. Tanto a fala do Nicácio, quanto a do Janu trazem o traço dessa condição que historicamente aprendemos a reproduzir.
ATO III - Infelizmente, no Acre, há muito tempo que não vemos as organizações e os movimentos dos direitos humanos defenderem com tanto ardo (muitas vezes fazem que não sabem dos fatos) as desocupações (sempre violentas)determinadas pela Justiça de propriedades particulares que estejam ocupadas (invadidas na linguagem da Justiça e dos proprietários) por pessoas que não têm aonde viver e trabalhar.
ATO IV - Que tal ouvirmos o outro lado da questão? Continuaremos, desde a tal Revolução Acreana, cegos e surdos em relação a versão do OUTRO?
João Veras

Roberto da Princesinha disse...

É isso mesmo. Moramos em um pedaço de terra que foi surrupiado da Bolívia. E os bolivianos nasceram e cresceram ouvindo seus 'troncos velhos'nos chamar de ladrões.

Beneditino disse...

Vejamos o que informa a Wikipédia:

Em 1866 e 1874, foram firmados tratados para resolver o litígio com o Chile sobre o deserto de Atacama, rico em depósitos de nitratos de sódio e de cobre. Nesses tratados, adotou-se como linha limítrofe entre Chile e Bolívia o paralelo 24º de latitude sul. Foram outorgados ao Chile diversos direitos alfandegários e concessões de exploração mineral a empresários chilenos no Atacama boliviano. Estas últimas disposições originaram o litígio entre os dois países, já que o estado boliviano não respeitou os acordos alfandegários, incrementando o imposto à extração de salitre às companhias salitreiras de capital chileno-britânico. Em 1879, o Chile ocupou o porto boliviano de Antofagasta, iniciando a chamada guerra do Pacífico, na qual a Bolívia e seu aliado Peru foram derrotados pelo Chile. Ao ser despojada de sua única possessão litoral, a Bolívia deixou de ter saída para o mar. O litoral boliviano abarcava, aproximadamente, 158 000 km² e, além de Antofagasta, contava com os portos maiores de Mejillones, Cobija e Tocopilla. Em 1904, foi ratificado um tratado de paz e amizade que reconheceu o domínio perpétuo do território em litígio por parte do Chile, enquanto garantiu à Bolívia o livre acesso ao mar.
A Bolívia manteve, também, uma guerra com o Brasil pelo território do Acre que concluiu com a cessão de 191 000 km² a este país em troca de uma indenização econômica e uma pequena compensação territorial. Além desses, teve conflitos territoriais por questão de limites com a Argentina, o Peru e o Paraguai.
A solução pacífica do litígio com a Argentina foi atingida em 1925. Em 1930, Peru e Bolívia nomearam uma comissão conjunta para delimitar a fronteira e solucionar o litígio sobre a península de Copacabana.
O problema fronteiriço boliviano-paraguaio se centrou sobre o Chaco boreal, uma zona de terras baixas situada ao norte do rio Pilcomayo e a oeste do rio Paraguai, que se estende pela disputada fronteira de Bolívia. Os dois países reclamavam o território em sua totalidade. Em julho de 1932, eclodiu a guerra do Chaco, conflito não declarado que durou três anos e no qual morreram 50 000 bolivianos e 35 000 paraguaios. Em julho de 1938, foi firmado o tratado de paz, segundo o qual o Paraguai ficava com 75% da região do Grande Chaco. Foi o maior conflito bélico da história boliviana: em três anos de contínuas lutas e perdas, a Bolívia sofreu um contínuo retrocesso que, finalmente, concluiu-se em Villamontes, onde os fortes cordilheiranos ajudaram o exército da Bolívia a deter o avanço paraguaio.
Desde a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945, a Bolívia solicitou à Assembleia Geral para que considerasse sua petição de recuperar una saída livre e soberana para o oceano Pacífico. Também apresentou o assunto na Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 1953, o Chile concedeu à Bolívia um porto livre em Arica, garantindo a esta direitos alfandegários especiais e instalações de armazenamento.

Conclui-se:
- O Brasil não surripiou nada, pagou.
- O ódio boliviano deveria se voltar para o Chile.
- Ocorreram perdas consideráveis de territórios para Argentina, Peru e Paraguai, também.
- Assim, a diplomacia boliviana inexiste e seus exércitos sempre foram fracos.

Na economia:
- 44% de tudo que a Bolívia exporta é para o Brasil.
- Argentina e Peru importam algo próximo de 6% cada.

Nova conclusão:
- Um parceiro como o Brasil deveria ser mais respeitado.

Nicacio disse...

Meu caro João Veras..bem vindo ao mundo real. Estava sentindo sua falta. Sua opinião é sempre bem vinda, ms com um pouco mais de garapa de cana.
Abraços

Nicacio

. disse...

Esse discurso politicamente correto, não passa de hipocrisia e demagogia pura. Se não tivesses um governo federal e estadual de frouxos, aqueles colonos não estariam passando por tantas humilhações.

. disse...

Esse discurso politicamente correto, não passa de hipocrisia e demagogia pura. Se não tivesses um governo federal e estadual de frouxos, aqueles colonos não estariam passando por tantas humilhações.

joao disse...

Nicácio, estou no mundo real desde sempre, cê sabe! (e ele comporta tanto a violência do poder quanto a utopia da arte). Quanto à opinião, o gosto fica à critério do "freguês": mais açucar, menos sal, mais ou menos acre.

Grande abraço

João Veras

Fátima Almeida disse...

Bom, a noção de nacionalidade ou nacionalismo sempre compromete a visibilidade das coisas. É o tipo de coisa para a qual devemos ficar alertas, penso eu. Os colonos brasileiros foram sobreviver em território boliviano provavelmente porque não encontraram lugar no seu país. Isso deve ser analisado (papel e função do INCRA no jogo econômico e político local, por exemplo).

Enzo Mercurio disse...

Sou do tempo que eu que morava no Segundo distrito , para mim o Primeiro distrito era a Bolivia .Eu nem atravessava a ponte.

vilmar boufleuer disse...

Curioso: vejo pessoas que criticam a 'invasão gringa' da Amazônia agora defendendo a invasão brasileira da Bolívia!?

Beneditino disse...

Deu no Cláudio Humberto:

"Brasil confia nas investigações da Bolívia sobre ataques a brasileiros".

Sem comentários!

Altemar disse...

Ney Cândia a frase não seria "eles falam fino com os Eeuu e grosso com a Bolivia" ? Pelo menos foi o que disse Chico Buarque.

@MarcelFla disse...

Pando tem para o Brasil a mesma importância do Acre, zero, porém, Santa Cruz e outros departamentos da Bolívia são sim estratégicos, ora, as indústria do sul e sudeste dependem do gás boliviano, se por acaso o Evo fecha a válvula, e São Paulo para por 1 semana, o efeito no PIB, e na economia como um todo seria catastrófico, então, o lance é tentar ir na amizade, no diálogo, a reciprocidade pode ser perigosa ao Brasil, pelo menos até sermos auto-suficientes na produção de gás (os poços existem).

Até lá, ouçam meu conselho, eu vos dou de graça, é inútil alvoroçar-se que o resultado é nada.

Beneditino disse...

Mais uma do falso-índio-cocaleiro:

DECRETO
Bolívia nacionaliza filial de
empresa de energia espanhola.
Evo Morales diz que empresa investiu pouco. (G1)

Comento: Agora o investimento será zero.

Dallas disse...

não é bem assim, pois existem em rio branco, capital milhares de bolivianos que fazem contrabando e se instalaram no terminal e eu nunca ví nenhum ser preso, vai fazer isso lá pra ver o que acontece

Dallas disse...

Dallas Dean - Os bolivianos deveriam dar graças a Deus de os tolerarmos, eu não gosto que me chamem de hermano e nem de patrício, eles fazem o que fazem porque somos frouxos, se pegamos esses bolivianos que se instalaram nas imediações do terminal (têm até loja) expulsamos, uma boa mão de peia nesses contrabandistas, o caso vai parar na onu, já eles.....
os bolivianos não estão nem aí pro resto do mundo, gostam mesmo é de carros roubados e plantar coca

Dallas disse...

Dallas Dean - Os bolivianos deveriam dar graças a Deus de os tolerarmos, eu não gosto que me chamem de hermano e nem de patrício, eles fazem o que fazem porque somos frouxos, se pegamos esses bolivianos que se instalaram nas imediações do terminal (têm até loja) expulsamos, uma boa mão de peia nesses contrabandistas, o caso vai parar na onu, já eles.....
os bolivianos não estão nem aí pro resto do mundo, gostam mesmo é de carros roubados e plantar coca