Comentário do procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes:
- Um monte de gente lembra de pedir doação de cestas básicas para as vítimas da alagação causada pela cheia do Rio Acre, mas poucos lembram que uma das principais causas de tal desequilíbrio ambiental é o desflorestamento da vegetação que impacta a bacia do Rio Acre. Muitos dos que estão pedindo as tais cestas básicas agora são os mesmos que criticaram o MPF nas nossas principais ações contra o desmatamento e as queimadas neste Estado. Parece que muitos se preocupam em parecer solidários, mas poucos questionam as reais causas do problema. Sempre assim...
7 comentários:
e pensar que em 1997 o rio ficou um metro mais cheio...
O comentário do procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, e muito sensato... Posar de bonzinho na Tv, pedindo ajuda... compadecido em ano eleitoral francamente... Temos que ter consciência que tais fatos se repetirão com frequência, dada a agressão que o homem pratica contra a natureza... o Rio esta ocupando um lugar que ja era dele... nós somos os intrusos.
Caro Altino,
è muito sóbria a observação do Dr. Anselmo. Digo ainda mais: transformam, ou tentam transformar, uma tragédia em politicagem menor, posição e oposição.
Bom trabalho
Lindomar Padilha
Pois é, o impacto das atividades agropecuárias sobre o meio ambiente deve ter uma influência sim. Mas admitamos que isso já ocorre há muito tempo. Concordo com o procurador que o momento não é pra promover a filantropia amadora das primeiras damas e de seus maridos e puxa-sacos, ou dos pretensos a substitui-los. Mas também não é de atribuir a culpa toda às mudanças climáticas.
Todos sabemos que por mais que se atribua ao acriano, e amazonida em geral, uma relação "afetiva" com o Rio, a ocupação dessas áreas também é determinada pela concentração fundiária urbana na mão das imobiliárias e especuladores em geral.
No plano diretor de Rio Branco está nítido que no que concerne ao reordenamento territorial nestas áreas e fundos de vale há apenas INTENÇÕES de medidas pra evitar esse tipo de coisa. Em contrapartida, o plano diretor está cheio de instrumentos que favorece aos interesses das imobiliárias, que aliás foi quem deram o tom da elaboração do tal plano.
Mas a culpa é das mudanças climáticas, sim. A previsão, há anos, é que vamos ter mais fenômenos extremos, ou seja, mais seca no verão e mais inundação no inverno. Quando tem seca o solo perde porosidade, e permeabilidade. Isso torna mais difícil a absorção da água pelo solo. Além disso, o fim das matas ciliares acelera a velocidade do curso do rio, seja para baixo ou para os lados, o que faz com que as alagações aconteçam com mais rapidez.
talvez não seja a melhor hora pra comentar isso, mas vendo as fotos aéreas de rio branco, dá pra notar nitidamente que as pontes estão muito juntas. a quarta ponte foi construído no local errado, por isso temos tanto engarrafamento no centro da cidade
O fato de alguns tentarem tirar proveito político da situação fragilizada em que se encontram as pessoas atingidas pela cheia é realmente deplorável. No entanto, discordo que a cheia seja decorrência direta do desmatamento ou das queimadas, como alguns querem atribuir para tentar encontrar culpados para o problema.
Não estou querendo aqui dizer que não tenhamos que combater o desmatamento ou as queimadas, mas relacionar isso com as enchentes me parece inadequado para o momento.
A enchente é um fenômeno natural e, diga-se de passagem, até desejável, pois faz parte do ciclo dos rios da Amazônia.
O problema profundo não é a enchente - um fenômeno natural que sempre vai acontecer - mas a questão social que leva um grande número de famílias a residir em áreas que não deveriam ser habitadas.
Então a solução da questão passa necessariamente por uma política de geração de emprego e habitação digna, evitando-se assim que as famílias tenham que viver em áreas alagadiças. Feito isso, podemos deixar o Rio encher sem preocupação, prestigiando esse fenômeno que, apesar de trágico, é belo.
Marcos Motta
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