sexta-feira, 26 de agosto de 2011

SERTANISTA EXPLICA MORTE DA ONÇA-PINTADA

POR JOSÉ CARLOS DOS REIS MEIRELLES
Direto da Frente de Proteção Etnoambiental, na fronteira Brasil-Peru


Oi,

Altino, é bom que se diga que a morte da onça seja creditada a mim e a nossos mateiros.

Se o cachorro não estivesse dormindo a cinco metros de dois soldados que estavam de guarda, fora de casa, teríamos um soldado da Força de Segurança Nacional morto ou gravemente ferido. 

Leia mais: 

Onça é morta a tiros ao atacar base da Funai na fronteira Brasil-Peru

As pessoas criadas na cidade, que pouco conhecem de mata, podem nos achar uns predadores. Só que por aqui ou você preda ou é predado.

Não dá pra levar um papo com a onça na porta de casa. As onças aqui não falam português. A vida por aqui pode ser dura e seca. Às vezes você tem que decidir se mata ou morre.

Fiz o e-mail e mandei as fotos pra você na tentativa de mostrar o quanto somos vulneráveis, pois nem arma podemos portar, oficialmente.

A natureza por aqui nos coloca ora caçadores, ora caça. Não tem meio termo, dardinho tranquilizante, ou telefonema pro Ibama.

Além dos traficantes que resolveram estar por aqui, nas terras dos isolados. Se puder e quiser, gostaria que você esclarecesse isso.

E que o pessoal da Força Nacional de Segurança não ajudou, em hora nenhuma, a matar a dita onça.

Uma pintada rosnando ao matar um cachorro a cinco metros deles, parece ser uma situação nova. O susto foi bem grande.

Um abraço.

15 comentários:

Editor disse...

Entendo a ocasião e peço a todos os críticos que se coloquem nessa situação. Dizer uma coisa é diferente de presenciar o animal à sua espreita. Não podemos ficar conjecturando possibilidades filosóficas alternativas de dentro de nossas casas numa cidade qualquer para orientar o sertanista em sua atuação diante do animal. Nesse tempo que levamos pensando a onça teriam matado a nós umas dez vezes, sem exageros.

Eymard disse...

É difícil opinar diante de uma situação onde você tem que decidir entre sua vida e a do outro. No momento lamentamos pela vida da onça - uma a menos - mas poderíamos estar lamentando por sertanista a menos...seria também muitíssimo doloroso...eymard

silene disse...

Em Olhos D'Agua-Goiás, tem uma grande festa amanhã, o nome é: "O Fiofó da Onça". Pense!Vida longa ao Meirelles!

Roberto Feres disse...

Não há quem recriminar pela morte da pintada senão o improviso como o Estado brasileiro lida com essas ações de pequena visibilidade e nenhum ganho eleitoral.
Pouco importa se foi o mateiro ou o policial o algoz da bichana. Era questão de auto e legítima defesa e pronto.
Menos mal que quem morreu foi a onça.
Fosse uma obra de engenharia que desenvolvessem no local, a equipe só estaria ali depois de expedida a licença ambiental e equacionados todos os potenciais problemas para a proteção das espécies daquele ecossistema e para a mitigação de eventuais danos.
Na mais econômica das hipóteses, seria exigida a permanência de uma equipe só para cuidar da proteção da fauna e flora, que se incumbiria da captura, documentação e devolução segura da pintada para a floresta.
Elocubrei? Perdoa... sexta-feira a noite eu e a Eletroacre já suspendemos...

Ze Buchada disse...

Vejo certos comentarios com teor ironico e hipocrita. A morte do sertanista seria triste somente pra familia dele, pro restante seria apenas mais um causo. Parceiro ta com peninha do felino, pega uma e presenteia um familiar, sente o drama na pele.

@MarcelFla disse...

Afinal de contas o que é um dardinho tranquilizante né? Derrubam rinocerontes, mas oncinha não! O gatuno danado!

LUÍZIO VIDEOREPÓRTER disse...

Creio que a primeira reação quando se depara diante de um animal como esse é de medo, a outra é de defesa, diante do bicho o que fazer? Ou atira para cima que é o mais correto ou mata o animal, no caso dessa onça, pelo que o sertanista diz, ela estava atacando o cachorro, e é bom lembrar que um animal atraiu o outro, já que o catedrático em floresta diz que as pessoas criadas na cidade não entendem de mata, pois fique sabendo caro sertanista que qualquer suplente de vereador sabe que se não tivesse cachorro na base provavelmente a onça não teria ido de encontro a vocês. Agora que pena, a oncinha “marvada” matou o cachorro que vocês usavam para caçar, agora vão ter que caçar com gato.

@MarcelFla disse...

O grande Roberto Feres em seus comentários acerca da morte desta onça-pintada age sóbrio, sensato. Ao que indica foi sim uma situação de estado de necessidade ou legítima defesa, tanto faz, o que me intriga é a tranquilidade com que é encarada a situação por alguns aqui no blog.
Veja bem, o abate de um animal silvestre, e ainda mais um que corre risco de extinção, como é a onça-pintada, não só é crime como é um ato repugnável, se executado por servidores públicos então, é também imoral!
É também de se estranhar que pessoas com tal grau de comprometimento, em causa tão nobre como esta de proteção aos índios isolados, não tenham a sensibilidade de compreender a floresta, a fauna e a talvez a própria flora ao seu redor.
As justificativas e as palavras usadas, a arrogância impregnada nestas, retratam a ação de um pistoleiro cowboy norte-americano, todo machão com um revolver na cintura e um rifle na mão, a la Clint Eastwood.
E a frase “A natureza por aqui nos coloca ora caçadores, ora caça. Não tem meio termo, dardinho tranquilizante, ou telefonema pro Ibama.” O sertanista demonstra este lado cowboy supracitado, afinal, este seria sim um argumento válido, em 1900.
No século 21 são incontáveis os recursos empregados para a captura sem produzir prejuízo a animais silvestres, e já que querem manter-se em tal posto, deveriam ser equipados e treinados, o que não deve ser difícil, afinal a maioria dos dispositivos é só apontar e atirar, e nisso já se mostraram eficientes.
Em 5 minutos no google observei lança-redes, redes de neblina, redes de lançamento manual dentre outros, além de bastões longos com ‘dardinhos tranquilizantes’ para imobilização. E para o sertanista, recomendo os rifles de alta pressão que acertam o animal mesmo a algumas centenas de metros.
Não a morte dos isolados e NÃO a morte da fauna, que se faça o meio termo.

Fátima Almeida disse...

Eu só acho que o Meirelles acende uma vela para Deus e outra pro Diabo. Já trabalhei na Funai - só que concursada - e pedi as contas. Nunca me arrependi disso.Certa vez assisti a um Jamamadi do Kapana cortar a barriga de uma corça para retirar um veadinho pronto para nascer..os cachorros em pele e osso lambendo restos de farinha na paxiúba e no terreiro uma montanha de animais moqueando.. anta, jacaré, de tudo.eles deixavam os animais assim para caçarem para eles eles..até macaquinhos que só tinham mesmo pele e osso eles matavam para chupar as cabeças..araras azuis eles matavam de ruma e ficava aquele monte de discos brancos da cabeça delas..Deus me guarde! Eu era da turma do arroz integral e aquilo foi um pesadelo...no século XVI os índios do Rio Negro tinham criadouros em tanques que construíam na beira do rio e os que moravam na terra firme cultivavam cereais...enfim, existem índios e índios, sertanistas e sertanistas..só sei que no Acre não existe lei alguma de proteção à fauna. Crime ambiental não é penal, ou seja, não é crime. Fala-se tão mal dos EUA mas lá existem guardas florestais e as pessoas são multadas..Se a onça se aproximou deles foi porque estava faminta, é óbvio que todos esses brucutus já acabaram a caça que havia por lá.Bom, um dia é da caça e outro do caçador...espero que tenha sobrado alguma onça por lá pra comer um brucutu desses..

Enzo Mercurio disse...

Agora que a onça ta morta que tal gastarmos nossas energias contra a corrupção no Brasil.

joao disse...

Em que Secretaria de Estado se encontra lotado o senhor Meireles?

Fátima Almeida disse...

SEMA

joao disse...

Secretaria de Estado de Meio Ambiente... deve ter lá algum departamento de indigenismo, já que a questão indígena perdeu o status de secretaria especial...
curioso...

Anônimo disse...

Meu nome é Alexandre Augusto S Lima moro em Natal RN, meu melhor Amigo Paulo P Palmeciano servio aí no Acre. Já enfrentei e enfrento Cães de Guarda e ganho só no grito! Um tiro para cima cumpadre era mais que suficiente.

Gabi Ramos disse...

Esse povo da Funai fica invadindo o espaço alheio e depois ainda quer dar um de Heroi. Lugar de onça é no mato, e lugar de assassino é na cadeia. Punição pra esse povo. Se a onça pintada tivesse escapado com vida, com certeza diria: "Xinga essa gente"