domingo, 29 de maio de 2011

TESTEMUNHA É ASSASSINADA NO PARÁ

Felipe Milanez, Terra Magazine

Foi encontrado neste sábado (28), morto em um matagal, Erenilton Pereira dos Santos, 25 anos, integrante do assentamento Praialta-Piranheira, o memo onde vivia o casal José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, executados na última terça-feira (24), em Nova Ipixuna, sul do Pará. O corpo estava a sete quilômetros do assentamento e a cerca de 100 metros da estrada. Erenilton era testemunha do caso do homicidio de José e Maria. Ele viu uma moto Bros vermelha sair do assentamento. A mesma moto foi flagrada por outra testemunha entrando no local, minutos antes do crime.

Dois dias após o duplo homicídio, Erenilton foi comprar peixe em Porto Barroso, no lago Tucuruí. Ele seguiu na mesma direção em que os motoqueiros suspeitos do assassinato do casal haviam tomado. Desde então, não deu mais notícias. Como Erenilton era considerado desaparecido, neste sábado, 10 pessoas sairam a sua procura. Encontraram a moto da vítima na estrada, próxima ao corpo, que foi localizado, por volta das 10h, por equipe do Ibama e da Polícia Federal.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, Erenilton também morreu com um tiro na cabeça e a arma seria do mesmo calibre da utilizada na execução do casal de extrativistas Zé Cláudio e Maria.

A vítima, que praticamente nasceu no assentamento Praialta-Piranheira, era casada e tinha quatro filhos. A família da vítima está assustada e teme retaliações. As polícias Federal e Rodoviária Federal já se encontram no local. Instituto Médico Legal e Polícia Civil estão a caminho.

Este foi o quarto homicídio de trabalhador rural em cinco dias, três deles aconteceram no Pará.

6 comentários:

joaomaci disse...

Todas estas notícias de mortes, ou ameaça de morte, em torno de conflitos pela terra na Amazônia que foram veiculadas nos últimos dias, somadas a este tema da votação do novo código florestal, mostram de maneira incontestável o que acontece no Brasil desde o início da colonização, sem que grito de independência, instalação de república, abolição de escravidão, golpe militar ou redemocratização tenham gerado qualquer efeito redutor: é de certa forma considerado natural a apropriação de terras para a riqueza de alguns em detrimento da sobrevivência de outros. A violência do início da história do brasil, em se tratando de terra, não foi atenuada. Só não há assassinatos quando não se resiste, quando não se denuncia, quando se baixa a cabeça e vai embora. Qualquer ameaça aos interesses de quem realmente manda, de quem tem o poder, é punida com a morte. O governo, os deputados e a justiça..??!. além de assegurar a impunidade e os interesses dos que mandam, vão dando estes espetáculos de demagogia e insensatez, onde só eles dão risada.
No entanto, aqui no Acre o anúncio destes assassinatos parecem remeter a um passado próximo, alguns políticos chegam mesmo a dizer que conflitos pela terra é uma página virada da história acreana. Mas sabemos que isto é conversada fiada!!
Não precisamos ir longe para provar o contrário. Aqui mesmo em Rio Branco, na região do Riozinho do Rola, centenas de famílias moradoras dos seringais Vai-se-ver, São Bernardo e outros há mais de dez anos lutam pela criação de uma Reserva Extrativista na tentativa de freiar a retirada de madeira que ocorre com muita intensidade na região. Quem conhece a Transacreana sabe do fluxo de caminhões madeireiros.
Mas, a quem poderiam recorrer os moradores que pedem a reserva extrativista?? Eles já foram ao IBAMA, ao Governo do Estado, ao Conselho Nacional das Populações Extrativistas - CNS, a CUT e outras entidades ditas "movimentos sociais".
Bem, mas está tudo em paz. Não há denuncias, não há resistência, não há assassinatos. Mas as famílias, solitariamente continuam a viver sob a ameaça de expulsão e algumas deixam mesmo o lugar.
Dramático não é!? mas é verdade.
Minha homenagem a Zé Cláudio, Maria do Espirito Santo e Dinho. Pessoas que não se calaram frente as ameaças e cooptação dos ricos e poderosos e se mantiveram fiéis na busca de um mundo mais justo.

Jozafá Batista disse...

Contagem regressiva para algum filisteu reclamar que o comentário do João Maciel é "comprido demais": 3, 2, 1...

Paulinha Cameli Rodrigues da Silva disse...

No país que vivemos, sem leis acho que não vale apena lutar por justiça, igualdade pois sempre seremos minoria. As pessoas morrem e fica por isso mesmo.
E aí quem paga por isso?
Enquanto um bando de politicos vagabundos vivem com barriga cheia e vida tranquila com o dinheiro do povo.

Altemar disse...

A reflexão não considero esta, mas sim, quem é oo proximo...
Amigos, depois do nervozinho que ameaçou o Altino liberar a algema (pra quem gosta dos esteites lá até o ricão usa pulseira - vide Madoff) vagabundo tá ... e andando.
se liga cabeção, judiciário precisa reagir pra não aumentar o tamanho do mico que está pagando.
Excelências, para o caso de represálias, estou as ordens.
monitorem por favor blogueiros, sou corajoso mas não burro.
Joaomaci é isso ai.

Fátima Almeida disse...

A Igreja precisa se posicionar, ou definir sua posição, se continua apoiando o Governo ou se retira esse apoio. Foi mãe e deu berço ao PT ao qual embalou, mas agora ele cresceu, amadureceu, envelheceu e traiu os ideais de liberdade e justiça social. Então, qual é a da Igreja? Vai ficar apenas na contabilidade dos mortos vitimados pela mesma questão agrária de sempre? Onde está a CNBB?

vilmar boufleuer disse...

Cadê a direita? Não se manifestam porque?
Não têm hombridade pra assumir que apoiam a pistolagem, o assassinato de trabalhores... (se é q isto poderia ser considerado hombridade!?)