segunda-feira, 18 de abril de 2011

HAITIANOS PASSAM FOME NO PERU

Imigrantes estão em Iñapari e sonham em trabalhar no Brasil


Fugindo da pobreza, da epidemia de cólera, da violência e de um país devastado pelo terremoto no ano passado, quase 400 haitianos já ingressaram no Brasil, a partir do Acre, em busca de solidariedade e trabalho.

Um novo grupo, com mais de 80 imigrantes, já se formou e encontra-se abrigado no município de Epitaciolândia (AC), na fronteira com a Bolívia. Porém, existe outro grupo, de 30 homens e mulheres haitianos, que passa fome em Iñapari, capital da província de Tahuamanu, no Peru, enquanto aguarda pela oportunidade de acesso ao território brasileiro.

No Brasil, por razões humanitárias, os haitianos ganham protocolo de refúgio, autorização para obter CPF e a Carteira de Trabalho, mas na Bolívia não contam com a mesma tolerância e são expulsos ou extorquidos por  funcionários do governo.

Neste final de semana, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), com sede na Argentina, começou a tarefa de reconhecimento da situação dos haitianos em Iñapari, que foram expulsos pelas polícias do Brasil e da Bolívia.

O grupo espera ser reconhecido como refugiado pelo governo peruano. A Comissão Católica Peruana de Migrações, agência executiva da Acnur, apelou às autoridades da província de Tahuamanu e à Polícia Nacional do Peru para que respeitem e protejam a situação migratória dos haitianos.

Iñapari faz fronteira com Assis Brasil (AC). Por causa das ameaças dos policiais, pelo menos 50 haitianos já se dispersaram em povoados da floresta peruana.

Para poder transitar por países de língua espanhola, os haitianos obtiveram visto na República Dominicana. Viajaram de avião até o Panamá e Equador. De Quito a Lima, Cusco e Puerto Maldonado, viajaram de ônibus. De táxi, foram para Iñapari com a esperança de poder ingressar no Brasil.

O secretário de Justiça e Direitos Humanos do governo do Acre, Henrique Corinto, disse que o Estado tem dado o acolhimento humanitário necessário.

- Estamos preocupados com o ingresso deles no Brasil, claro, mas a permissão é de responsabilidade do governo federal. Os que conseguem ingressar no Acre, legal ou ilegalmente, recebem abrigo e alimentação básica até que consigam documentação para circulação no Brasil - explica.

A única reclamação dos haitianos em Epitaciolândia é contra o trabalho da Polícia Federal, que reduziu de seis para dois o atendimento no fornecimento diário de documentos. Os imigrantes alegam que a mudança amplia o prazo e o custo com a permanência deles no abrigo, além de impossibilitá-los de sair logo à procura de trabalho no país.

Os imigrantes são profissionais, principalmente pedreiros, que querem trabalhar no Brasil para ajudar os familiares. Na verdade estão dispostos a ir para qualquer país que ofereça oportunidade de trabalho, para garantir o sustento diário e apoiar quem ficou no Haiti.

Os haitianos dizem que não entendem e até agora não obtiveram resposta pelo fato de o Brasil ter fechado sua fronteira, se meses antes o ingresso era livre. Lamentam que a Polícia Federal não os deixa ter acesso sequer à ponte da integração, na tríplice fronteira do Brasil, Peru e Bolívia.

- Somos tratados como se não fôssemos humanos. Imploramos às autoridades brasileiras, que nos deixem ingressar ao seu país para trabalhar, nos permitam a oportunidade de contribuir com o seu país e com o nosso também - apelaram os haitianos por intermédio do padre René Salízar Farfán, do distrito de Iberia, na província de Tahuamanu, em Madre de Dios.

- Temos ouvido o grito dos irmãos haitianos. Eles expressaram com lágrimas nos olhos que, neste momento, estão comendo apenas uma vez ao dia. A família que estava acolhendo a todos, desde o dia que chegaram, já não está tendo possibilidade de ajudá-los. A estadia deles nesta cidade de Iñapari está cada vez mais difícil - relata o padre.

René Salízar Farfán, que tem se reunido com representantes de instituições e pessoas do Peru, Brasil,  Bolivia e Haiti, denuncia a precariedade em que se encontram homens e mulheres haitianos que querem ingressar no Brasil em busca de trabalho.

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3 comentários:

Acreucho disse...

Haitianos estão passando fome no Peru? Por aqui temos milhões de brasileiros, que passam fome no Brasil!

Pietra Dolamita disse...

Concordo com o Acreucho. Entretanto, aqui no Rio Grande do Sul as obras estão parando, por falta de mão-de-obra para a construção civil, e esses pedreiros seriam aproveitados na cidade de Rio Grande.
Somos um povo solidario por natureza, salvem os haitianos.

Daniela disse...

Sou riograndina e aqui não precisamos de nenhuma mão-de-obra,já temos pedreiros desempregados por aqui o bastante.Acho que há muita propaganda isso sim.NÃO acredite nas propagandas!!O Brasil não pode sair dando abrigo a todo o estrangeiro que entra aqui de forma ilegal.Que absurdo!!