domingo, 10 de abril de 2011

ALÔ REALENGO, AQUELE ABRAÇO SOLIDÁRIO

José Ribamar Bessa Freire

Não tinha amigos, não batia papo nem contava piada, nunca namorou, jamais lhe deram um cheiro no cangote ou alisaram sua mão, nunca transou, não torcia por time algum, nunca foi ao Maracanã, não xingou juiz de ladrão, de sua garganta jamais saiu um grito apaixonado de gol, não desfilou em qualquer bloco de carnaval. Passava o tempo na internet, em jogos eletrônicos, mas nunca recebeu um aviso no FaceBook solicitando: “me adicione como amigo”.

Esse filme a gente já viu. Ele é americano. Surge, agora, uma produção brasileira, um compacto que mistura roteiros das várias versões importadas dos Estados Unidos. Aqui o cenário foi uma escola em Realengo, no subúrbio carioca. O personagem principal invadiu a escola, executou friamente 12 alunos e feriu mais dez. Foram importados dos Estados Unidos seu nome - Wellington - e os dois apelidos - Sherman e depois Suingue, botados pelos colegas.

O primeiro foi inspirado na figura nerd de Chuck Sherman, “the Sherminator”, do filme American Pie. O segundo, no seu jeito desajeitado de caminhar, causado por uma perna ligeiramente menor que a outra, que produz um balanço, um “suingue”, no dizer debochado dos colegas. Na versão americana de Ohio, o aluno H. Coon, que entrou na escola e atirou em quatro colegas antes de se suicidar, também mancava e ficou conhecido pelo apelido de Deixa-que-eu-chuto.

A história de Wellington começa a ser contada, aos fragmentos, por colegas, vizinhos e irmãos adotivos entrevistados pela mídia, com registros esparsos sobre seu nascimento e sua passagem pelo mundo da família, da escola e do trabalho. Aliás, ele não nasceu, foi excluído do ventre de sua mãe - uma moradora de rua com problemas mentais.

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4 comentários:

Paulinha Cameli Rodrigues da Silva disse...

Tristeza. Isso é falta de Deus no coração. Falta de princípios familiares...e de amor no coração.

Fátima Almeida disse...

É faz parecer um filme americano, parece coisa engendrada por terrotistas em represália ao modo como Barack Obama foi recebido no Brasil. Pode dar filme, sobre como o terrorismo adentra mentes de jovens traumatizados via internet e ainda manda queimar o computador para não deixar pistas. só que no flme se for feito tudo vai acabar bem, Bruce williams conseguirá no último momento descobrir endereço e identidade da pessoa que estava sendo monitorada ou abduzida pelos terroristas e as crianças na escola nunca ficariam sabendo...

Maze Oliver disse...

Escrevi um texto no meu blog sobre esse caso. Na minha opinião o Estado deve um tratamento aos doentes mentais do país. São seres humanos e merecem ter um pouco de saúde ou pelo menos o controle de suas doenças. Os familiares precisam de acompanhamento pois algumas doenças são hereditárias e quando o ambiente é hostil ou inadequado elas desenvolvem. Mas isso é utopia, é claro que nunca irá acontecer. Outros interesses são sempre mais importantes.

Dell Sales disse...

A nossa sociedade está doente.
Enquanto delegarmos a culpa dos nossos problemas ao governo, à segurança, aos outros, continuaremos criando Wellingtons - não o psicopata, mas o ser humano ferido e excluido por nós.

Enquanto não entendermos que não há separação entre "o mundo e eu" e que as nossas atitudes ou omissões nos serão devolvidas em algum nível, continuaremos assim: infelizes e inseguros. Torcendo para que não sejamos as próximas vítimas.