quinta-feira, 24 de março de 2011

NOMES AOS BOIS NA BOIADA DOS FARSANTES

POR SÉRGIO ROBERTO



Caro Altino,

antes de qualquer coisa, gostaria de fazer uma breve correção no fluxo de solicitação de exames terceirizados na Fundação Hospital do Acre (Fundhacre), que expressei em nota de esclarecimento [leia] enviada e publicada no quarta-feira (23).

Por esquecimento, não inseri no fluxo o setor que fazia a primeira triagem dos pacientes, no caso, o setor de Assistência Social daquela unidade hospitalar. À frente deste serviço estava a senhora Laís Vaz, esposa do senhor Roberto Vaz, indicada para o cargo por um deputado da base aliada.

Este último ajuste, que não traz de forma implícita ou explícita qualquer juízo de valor, é importante para que se estabeleça a lógica de funcionamento desse serviço e se tenha uma melhor noção sobre o que ocorreu de fato e o que caracteriza-se como sensacionalismo barato nas denuncias que foram divulgadas pelos meios de comunicação.

É importante ressaltar que existe uma certa confusão, não sei se feita de forma proposital ou por falta de compreensão, acerca dos fatos  ocorridos na Secretaria de Saúde do Estado do Acre (Sesacre) no ano de 2010. Desta forma, acho importante esclarecer.

Os R$ 843 mil que foram desviados por um funcionário já citado e uma agência de viagem ocorreu na Sesacre e não na Fundhacre. Portanto, a existência do suposto “rombo” de R$ 7 milhões na Fundhacre é fantasiosa.

O formato para que este recurso fosse desviado da Sesacre, era através da montagem de falsos processos de solicitação de UTI no ar para pacientes que, na verdade, não existiam.

Os processos geravam contratos para serviços que não eram realizados. Foi exatamente esse procedimento fraudulento que foi identificado pela Sesacre.

Como a empresa que participava da fraude estava vinculada a um consórcio, outras duas agências de viagem, que não tinham nenhum envolvimento com a tramóia, tiveram que arcar com a devolução dos recursos desviados para os cofres públicos.

Se alguém tiver dúvida, basta consultar o financeiro da Sesacre e ver quais agências de viagem tiveram seus recursos retidos como forma de devolução.

Reafirmo: os R$ 843 mil foram devolvidos aos cofres públicos.

No caso da Fundhacre, o debate em questão diz respeito a denúncia feita pelo senhor Alexandre Araripe, sobre um suposto esquema em que médicos oftalmologistas solicitavam exames que não eram oferecidos pela rede pública para pacientes do SUS, forçando assim a contratação através de empresas privadas.

Conforme expliquei na nota publicada na quarta-feira, a direção da Fundhacre à época não encontrou irregularidades e é um tema em que os médicos citados devem resolver na justiça com o denunciante.

Detalhe: os exames solicitados eram feitos e os pacientes recebiam resultados e levavam para o retorno com o médico solicitante. Sobre a necessidade, ou não, esse é um debate técnico.

Por fim, esclareço que a decisão de “dar nome aos bois”, foi tomada após perceber que pessoas e profissionais como eu, a Lucimara e tantos outros, que desenvolveram enfrentamentos e se expuseram para evitar que atos de corrupção ocorressem na Sesacre, estavam sendo transformados em vilões, em uma clara inversão de valores.

Nesse caso, a inversão de valores reflete-se no fato de que os que descobriram as fraudes e evitaram que se consolidassem terminaram sendo estigmatizados da pior forma possível.

Nós que nos expusemos, que não silenciamos, que tivemos coragem de falar e enfrentar, convivemos sempre com o silêncio, a falta de solidariedade de nossos pares. Nem uma nota, nem uma linha, nem uma lembrança pública do papel duro e árduo que desenvolvemos.

Na verdade, a solidariedade sempre foi restrita a tapinhas nas costas e elogios em círculos fechados. No público, silêncio.

Dessa forma, a partir de agora, assumo a minha defesa. Todos os que acusam e que apontam o “dedo de Deus implantado na mão” terão que conviver com respostas duras e absolutamente sinceras, sempre dando “nomes aos bois na boiada dos farsantes”.

Sérgio Roberto é professor da Universidade Federal do Acre e ex-secretário estadual de Saúde durante a gestão do governador petista Binho Marques (2007-2010)

Foto: A Gazeta

2 comentários:

beth5050 disse...

OUTRA DUVIDA. A MATERIA PUBLICADA NO JORNAL A GAZETA DE 24-03-2011, ALGUÉM FEZ "QUESTÃO" DE JOGAR TINTA... " 3. NO CASO DO TFD, QUE É UM FATO DISTINTO E DIFERENCIADO, FUI INFORMADO PELA ENTÃO DIRETORA DA SESACRE, LUCIMARA BARBIM,????????? NHOR MÁRCIO, CONSEGUIMOS DETECTAR A FRAUDE". QUAL A RAZÃO? HEM?.

Anônimo disse...

Onde esse rapaz deseja chegar? Ta igual ao delator do mensaläo do DEM. Escondendo provas para a hora H? Essa novela promete. Nao esqueça Sergio Roberto, que voce responde como servidor publico pelos seus atos e omissões. Sabes de algo errado e nao denuncias? Podes responder pelo crime de condescendênci
a criminosa previsto no Codigo Penal.