A posse do governador eleito do Acre, Tião Viana (PT), principal defensor da exploração de petróleo e gás no Estado, praticamente coincidirá com o início dos estudos que vão definir se existe ou não os dois produtos em solo acreano.
O senador Tião Viana garantiu emenda parlamentar de R$ 75 milhões para que a Agencia Nacional do Petróleo (ANP) realizasse prospecção de petróleo e gás no Acre. Para Viana, cuja principal promessa de campanha ao governo foi a industrialização, a possibilidade de existir petróleo no Estado “é uma base a mais para o desenvolvimento sócioambiental”.
Porém, representantes de organizações e povos indígenas, associações de seringueiros e agricultores, sindicatos de trabalhadores rurais de organizações da sociedade civil têm alertado que a política da ANP contraria as conclusões do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre.
Elas argumentam que a exploração de petróleo também contraria as políticas defendidas há 12 anos pelos governos do PT no Estado, voltadas à valorização do ativo florestal e à definição de mecanismos de pagamento por serviços ambientais, com planos para a redução das emissões de gases de efeito estufa, a provisão de recursos hídricos e a conservação da biodiversidade.
Além de indicar se existe petróleo e gás, a fase sísmica, ou seja, de perfurações profundas, poderá indicar a partir do próximo ano a qualidade e a quantidade exata no Acre.
Na semana passada, a ANP recebeu a proposta de menor preço apresentada pela Georadar na licitação para a realização de estudos geofísicos na Bacia do Acre. O levantamento prevê a aquisição de 1.017 km de linhas sísmicas 2D, incluindo uma pequena área da Bacia do Solimões, no Amazonas.
O valor apresentado pela Georadar, de R$ 52 milhões, foi 37% menor que a proposta do consórcio Stratageo/Atech/Gobkin, de R$ 83 milhões; e 43% menor que a proposta da Geokinetics, de R$ 92 milhões.
A ANP está analisando o recurso de um dos licitantes, que considera o valor apresentado incompatível com o serviço proposto. A expectativa é de que agência decida sobre o recurso na próxima semana.
No Amazonas, o levantamento prevê a aquisição de 1.515 km de linhas 2D e um estudo magneto telúrico para a visualização de rochas abaixo das camadas vulcânicas, presente em grande quantidade na região.
O potencial de estudos na Bacia do Acre foi limitado pela existência de uma quantidade maior de unidades de conservação e áreas indígenas.
Os estudos geofísicos na bacia sedimentar do Acre, com a aquisição dos 1.017 mil km de linhas 2D e estudo magneto telúrico, “para a visualização de rochas abaixo das camadas vulcânicas”, isto é, atividades de exploração sísmica, no Vale do Juruá acreano, foi duramente criticada por organizações e personalidades do movimento ambientalista.
Todas as etapas de prospecção já concluídas no Acre foram realizadas sem qualquer consulta e sem que os seus resultados tenham sido divulgados à sociedade.
A preocupação é que a nova atividade, bem como a possível exploração de petróleo e gás na região, possa trazer graves impactos socioambientais para os territórios dos povos indígenas e populações tradicionais.
11 comentários:
Altino,ESTE ASSUNTO É SERÍÍíSSIMO!!!
Sei da 'Afinidade' do Senador TIÃO
VIANA Com os Indígenas do Acre...
Isso é Inegável,Mas os Indígenas
Acreanos Estão à Mingua...
Isso é Tão Inegável,Quanto Público
e Notório...Anp,Petrobrás,Enfim...
Já Deveriam Estar 'Dialogando' Com
o Movimento Indígena Acreano, Pois,
ESTÁ EVIDENCIADA NOVA LIDERANÇA NO
MOVIMENTO INDÍGENA "N I N A W Á..."
Este é o 'Cara',Liderança Autêntico
e Inteligente,Macho Prá 'Cara Alho'
Portanto,Lembrei do Dito Popular Lá
de Cruzeiro do Sul,Quando Criança :
"DESCE DAÍ VENÂNCIO..." ???!!!???
Eu Sou,Joana D'Arc Valente Santana
Chega a ser engraçado.
1. A FPA leva um susto daqueles apenas porque a oposição em seu discurso monocórdio explora o baixo dinamismo da economia acreana e os poucos efeitos da florestania pura.
2. Em seguida, algumas pesquisas apuram indicadores preocupantes relacionados à pobreza acreana, o que de certo modo endossa o discurso da oposição.
3. O governador eleito sabiamente resolve não brigar com os números e anuncia, desde a campanha, um guinada no sentido da industrialização do estado e promete uma ação determinada neste sentido. Busca-se, pelo que li, um ambientalismo de resultados.
Enquanto isso, os setores mais extremados do nosso ambientalismo romântico, misturados na própria FPA, ao invés de fazer uma reflexão, insistem em detonar a perspectiva de exploração de gás e petróleo no Acre.
Depois querem botar a culpa na cara feia do Carioca. Entenda um troço desses.
E aquela idéia de prospectar os derivados prontos? morreu mesmo???
essa questão tem que ser muito bem analisada!
Não só pelos governantes mas também por TODA a população, independente de ser negro, índio ou branco.
Escutar mais....eu diria que essa seria a atitude correta, sem a armadura do preconceito, levando em consideração todas as questões, todos os sentimentos.
Caro Altino,
Mais uma vez o Tião se acha dono do Acre e se recusa a ouvir a população. É importante que todos saibam que depois não adianta ir falar com o bispo. Todos nós sofreremos as consequências, da mesma forma que foi com o horário. Pior, já que a exploração de petróleo trás mudanças fisicas, concretas, até no meio ambiente.
É preciso que o povo entenda que obras dessa magnitude podem causar danos irreparáveis e apenas os "empresários" lucrarão com isso.
Se a coisa é tão boa, porque não ouvir a população e provar que realmente é algo bom? porque esses acordos só são feitos as escondidas em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo...? É só olhar para o nosso planeta e veremos quem realmente o está destruíndo: Os loucos e irresponsáveis que em tudo vêm dólares para satisfazer sua ganância.
Não falo isso por razões políticas, mas porque vivo neste planeta e aqui é a minha casa. Exijo que respeitem a minha casa!! Como diria o Babau: "Não vou financiar a sua loucura pois, a minha já me sai muito cara".
Bom trabalho
Lindomar Padilha
A questão é que hoje, se houver interesse e disposição, principalmente para investir, soluções técnologicas irão surgir para minimizar e até mesmo extinguir qualquer impacto de qualquer obra ou até mesmo de desastres naturais, vide o exemplo de Veneza e as gigantes comportas que irão em futuro próximo salvar a cidade da invasão do mar.
Concordo com o Valterlúcio quanto aos ambientalistas românticos.
Altino, lendo isso lembrei que há uns anos atrás, acho que 2007, houve um evento no Teatrão que pretendia ser um debate sobre essa questão da prospecção do petróleo. Infelizmente, não houve contraponto. Só apresentaram uma maneira de realizar esse processo, sem citar fatores negativos e possíveis acidentes. Até uma ONG ambiental se posicionou favorável a prospecção, exigindo apenas uma guarda ambiental para acompanhar o processo.
A água dos refrigeradores das usinas de angra estão poluindo a baia onde ocorre o despejo, além das emissões de gases radioativos. Era falsa a idéia de que não haveria impacto ambiental. Quem quizer fazer turismo na área e comer peixes de lá que fique à vontade. O Acre já foi o segundo na pauta das exportações perdendo só para o café, no entanto a riqueza pode ser medida pelo tamanho do patrimônio familiar dos descendentes daqueles seringalistas. Com a chegada da pecuária nem é preciso dizer quem enricou. Com o petróleo precisa dizer quem vai enricar? Com certeza não serei eu, nem centenas de milhares de acreanos e acreanas.O governo do Acre é testa de ferro de alguns grupos poderosos.Resta adorar a bandeira e bajular acreanos ilustres que só nasceram aqui, não moram aqui, e estão pouco se lixando..
Caro Altino,
A Talita tem razão. Houve mesmo este evento no teatrão, o que muitos a pedido do então senador Tião Viana,proponente do projeto, resolveram chamar de "audiência pública". Não podemos nos esquecer que a lolorata da concessão de florestas públicas está no meio. Nequela ocasião, trauxeram os principais militantes do Vale do Juruá (militantes contratados, claro) para "aprender" como se faz audiência pública afim de realizar a mesma coisa por lá. Uma vergonha!! Trouxeram até o diretor de jornalismo de uma emissora local para se responsabilizar em divulgar o que julgam ser positivo e impedir qualquer manifestação em contrário. Eu mesmo na época estava em Cruzeiro do Sul e concedia uma entrevista ao vivo na referida emissora sobre a concessão de florestas públicas e exploração de petroleo e gás na Amazônia quando, daqui de Rio Branco, especificamente do teatrão, chegou um telefonema: era o diretor de jornalismo exigindo que a entrevista fosse suspensa e eu retirado das dependências da emissora. Venhamos, assim não se faz debate e nem se constroe democracias.
Conto esse fato apenas para ilustrar o quanto eles temem o debate aberto por saberem que esse modelo proposto para o que chamam de desenvolvimento beneficia apenas os donos do poder. ONGs e sindicatos pelegos nunca foram novidade em governos que se dizem de coalizão mas são, no fundo, governos de cooptação. Então, não vale botar ONGs contratadas e financiadas pelo erário público para falarem em nome da população e dos movimentos sociais.
A idéia difundida é a de que não tem mais jeito, tudo já está definido e a nós e, principalmente às organizações, só resta correr atrás dos benefícios que teremos. Entenda-se como benefício as possíveis mitigações e pequenos projetos financeiros, quase sempre utilizados em benefício próprio por parte dos "lidertes" dessas "organizações".
Bom trabalho
Lindomar Padilha
Caro Altino,
Desculpe-me, mas para entender o que eu disse no comentário anterior sobre a relação entre ONGs, Florestas públicas, Governo, meios de comunicação e até para ilustrar o que diz a Fátima Almeida, leiamos:
http://www.tiaoviana.com/index.php?option=com_content&task=view&id=1155
Bom trabalho
Lindomar Padilha
Concordo com sua preocupação com os impactos socio-ambientais da pesquisa sismografica. Mas o texto está tecnicamente desinformado.
A pesquisa sismica consiste na explosão de cargas de 1.5 kg colocadas em furos de 4 m de profundidade, feitos manualmente, a intervalos de 25 m, ao longo de picadas de 1.2 m de largura, sem derrubada de arvores de grande porte. O impacto ambiental é mínimo.
A pesquisa profunda, com abertura de poços, é caríssima e só é feita quando a análise sismografica é muito promissora. É só aí que se confirma a quantidade e qualidade do eventual oleo e gas.
O impacto maior é o social, pela presença da peãozada com dinheiro, e afim de bebida e de mulher...
Já trabalhei nisso no Amazonas, vi como é.
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