quinta-feira, 27 de maio de 2010

O IMPASSE DE TIÃO VIANA

Mariana Sanches

Cotado como favorito à disputa pelo governo do Acre, o senador Tião Viana está diante de um impasse. Filiado ao PT, ele, em tese, tem que dar palanque à candidata petista Dilma Rousseff. Mas o apoio à Dilma pode fazê-lo perder votos. Marina Silva, uma das fundadoras do PT acriano, levaria grande vantagem sobre Dilma no estado, de acordo com pesquisas extra-oficiais. Na sondagem Datafolha, os eleitores do Norte (contabilizados junto aos do Centro-Oeste) são os que mais declaram conhecer e ter a intenção de votar em Marina.

Viana tem tentado vincular-se à candidata do PV, de quem é amigo pessoal, sem melindrar os interesses de seu partido. Em entrevista ao jornalista Altino Machado, publicada no site Terra, ele diz que o nome Marina Silva é “sagrado” e o “mais forte” no Acre, mas que Dilma tem “as melhores condições para ser a presidente do Brasil”.

A mim, Marina disse dar apoio unilateral a Viana:

Época – Seus ex-colegas do PT do Acre apóiam a Dilma formalmente mas não querem se desvincular da senhora. Como vai ficar a situação lá?
Marina Silva – Claro que as pessoas do PT do Acre são meus companheiros, meus amigos, meus irmãos de trajetória de 30 anos. E eu não farei nada para constrangê-los a absolutamente nada. Meu apoio ao Jorge, ao Tião, nosso projeto lá é unilateral. Não tem uma exigência de que eles me apóiem. A única coisa que eu quero é que nós que enfrentamos tantas dificuldades para conquistar a democracia no Brasil e no Acre, numa realidade completamente adversa, que os acrianos possam se sentir livres para fazer suas escolhas. No primeiro turno a gente vota em quem a gente acha que é o melhor para o Brasil e no segundo turno a gente se defende de quem a gente acha que é o pior para o Brasil. Então eu quero que os brasileiros votem naquele que eles acham que é o melhor para o Brasil.

Época – A senhora não fica chateada se o Tião Viana subir no palanque da Dilma?
Marina – Não.

Época – Vai acontecer?
Marina – Não sei. É uma decisão dele. Se eu fizer um evento lá no Acre, vou convidá-lo para estar no meu palanque e vou pedir voto para ele. Aliás, já estou pedindo.

Época – E ele iria?
Marina – Eu acho que sim. Ele não precisa ir lá para pedir voto para mim. E o público que está lá já foi mobilizado por mim.

No Acre diz-se que Dilma não seria vaiada, mas também não seria ovacionada. E que romper com Marina poderia trazer maus resultados para os propósitos eleitorais do PT do Acre. Procurado pelo blog, Viana não respondeu ao pedido de entrevista. Segundo seu assessor, ele está no interior do Acre, em atividades de pré-campanha.

Mariana Sanches é repórter de política da revista Época.

2 comentários:

Altemar disse...

Lai vai!
Eita.

vilmar boufleuer disse...

a Marina não tá isso tudo não!