sexta-feira, 9 de abril de 2010

SAÚDE E FANATISMO


É de lascar a gente madrugar numa fila da Fundação Hospital do Acre (Fundhacre) e ter que ouvir um "desocupado" aos berros, por mais de meia hora, lançando ofensas contra a religião dos outros e julgando-se detentor da vida eterna. Imaginem se todos, de diferentes credos, decidissem ocupar os espaços públicos para professar alguma fé.

Atualização às 12h45: quando reclamei do barulho no ambiente, o "pastor" argumentou que realiza o culto há vários anos com autorização da direção da Fundhacre.

23 comentários:

Leandro Chaves disse...

Isso não tem outro adjetivo a não ser "pouca vergonha"!
Espaços públicos, como o próprio nome já diz, é para todos. Então, deve-se respeitar as diferentes crenças presentes nesses espaços. Agora o cara falar baboseiras em um hospital em plena madrugada é um absurdo. Todo mundo tem o direito de se manifestar onde estiver, mas ninguém é obrigado a ouvir o que não quer. Como, nesse caso, tem um "elefante" incomodando muita gente, eu botava o segurança para cime dele! Hospital não é lugar de baixaria, preconceito e diabólicos grunhidos protestantes!

ANCHIETA BATISTA disse...

São os camelôs da fé. Os vendilhões do templo vendendo Jesus. Será que hoje existe mercadoria melhor? Traz um faturamento mínimo de 10% do suor dos seus membros, como forma de "pedágio para entrar no céu". Tudo sem pagar qualquer imposto.
A respeito dessas práticas, revoltado com uma cena que vi na televisão, escrevi em meu Blog – blogdoanchieta.blogspot.com, um texto intitulado “BANDIDAGEM RELIGIOSA”.
É necessário separar as práticas religiosas sérias, daquelas que são prejudiciais à sociedade. Neste caso, ninguém é obrigado a ficar ouvindo, sobremodo nas dependência em uma instituição pública que abriga enfermos, gritos e clamores originários da mais nova espécie de loucura. Além disso, voltando nossos corações para a essência espiritual desses atos, certamente tais clamores não passam do teto.
Quantos sepulcros caiados!!!

lindomarpadilha.blogspot disse...

Caro Altino,

Infelizmente essa é uma realidade crescente. Essa gente está em quase todos os locais públicos, inclusive dentro dos transportes públicos. Aos sábados quase não conseguimos aguentar o barúlho lá no terminal urbano. O pior, há uma agrecividade desnecessária e um grande desrespeito, principalmente aos que não querem professar fé alguma.

Sou obrigado, por força de meu ofício, a lidar com esse tipo de situação mas, será que todo mundo é obrigado a isso? e estão se organizando e ocupando muito espaço principalmente nos poderes legislativos. São os que fazem as leis e deixam lacunas para este tipo de "evangelização". Respeito implica em que eu respeite mas também seja respeitado.

Bom trabalho

Lindomar Padilha

Aureni Ribeiro disse...

Aqui em Porto Velho isso é muito comum.

@MarcelFla disse...

É meus amigos, próxima parada guerra santa...

Unknown disse...

Pior é dentro das enfermarias...

Os familiares ficam lá fora, pois não cabem dentro de tanto "crente" aos gritos, muitas vezes piorando o estado de saúde dos pacientes que são presa fácil.

Edison Caetano disse...

Gigolo de Deus

Edison Caetano disse...

Gigolô de Deus

Márcio Chocorosqui disse...

É de lascar, também, ter no pé do ouvido os malditos celulares tocando "música" no ônibus lotado. Por que o energúmeno que faz isso não usa um fone só pra ele ouvir?
Caramba! Até na biblioteca acontece isso.

Francisco Cândido Dias disse...

“Quando orardes”, não “se orardes”. Jesus dá por certo que seus seguidores orariam. Um crente ora. Quando orassem não deveriam ser como os hipócritas, que oravam em pé nas ruas, atrapalhando a circulação de pessoas. A proibição não é ao orar em pé, até mesmo porque a Bíblia sanciona esta postura em oração (Gn 18.22 e Lc 18.11-13). A proibição de Jesus foi à ostentação. Um fariseu de pé, numa esquina, com roupa toda enfeitada, chamava bastante a atenção! Todos reparariam nele. Mas a verdadeira oração se dá na comunhão íntima com Deus. Não chama a atenção.
“Mas tu”, diz Jesus. Do plural, “vós”, ele passa ao singular, “tu”. Ele passa à aplicação pessoal. Relacionamento com Deus, para ele, não é teoria, mas pessoalidade. Ora no secreto, que Deus, que vê em secreto, responderá. Oração é comunhão com Deus, solidão partilhada com ele. Há espaço para a oração comunitária, como veremos, mas nunca para a exibicionista. Evite-se a espiritualidade ruidosa.
Além de evitar a oração exibicionista, evite-se a repetição. Não se trata da oração continuada, mas do palavrório oco. Os monges budistas gritam juntos, dias inteiros, sua palavra sagrada. Alguns muçulmanos rodam em círculo, pronunciando o nome de Deus até caírem no chão. Como católicos que rezam o “Pai-Nosso” ou a “Ave-Maria” centenas de vezes. Tudo isto está em contradição com o ensino de Jesus. Não é o quanto dizemos, mas a quem e como dizemos. Não é a repetição, mas a quem se dirige a oração e o seu conteúdo.
Orar não é convencer pelo cansaço um Deus relutante. Nem informar um Deus ignorante. É ter comunhão pessoal, íntima e secreta, com Deus,e ele “te recompensará”.

Celis Fabrícia disse...

Olá, Altino e leitores deste blog!
Não estive na Fundhacre. Não vi os olhares, expressões e nem pude fazer enquete com os demais que estavam com você, numa fila, para saber a opinião deles. Aliás, pela foto que você postou, não vejo nem fila, e sim, pessoas sentadas. Mas, continuando... Não vou comentar a conduta do “pastor” que não vi, mas posso fazer comentários –como este espaço permite- sobre suas palavras que li. Então vamos lá.
1-Se você teve o cuidado de perguntar se a pessoa a quem se referiu era “pastor”, cometeu um erro ao grafar que ele é “desocupado”. De acordo com a CBO-Classificação Brasileira de Ocupações, do MTE-Ministério do Trabalho e Emprego, Pastor é uma OCUPAÇÃO registrada sob os códigos 2631-10 e 2631-05.
2- A Constituição da República Federativa do Brasil, Artigo 5º incisos IV a IX, assegura liberdade de manifestação de pensamento. Entre os citados, transcrevo dois: VI- “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e sua liturgia;” e VII “é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;” Ah, e se o “pastor” citado se sentir ofendido por seu post poderá ter direito de resposta e até indenização, assegurados pelo inciso V.
3-Existem várias pesquisas que comprovam o poder da fé para restabelecer a saúde. E onde estão os que precisam de cura? Não estão nos hospitais?
4 – E, por fim, se ele realiza o culto lá há vários anos, com a autorização da instituição, é porque mal não faz aos pacientes, não acham?

VILA VERDE disse...

Senhor Altino,


1)Profissionais do sexo também têm um CBO (5198 – 05 PROFISSIONAIS DO SEXO ), nem por isso têm o direito de sair abusando pelos locais públicos “cantando” todo mundo.
2)A CF assegura liberdade de manifestação da crença, mas não lhes outorga direito de abusar desse direito, invadindo a individualidade garantida aos outros cidadãos. Também não vejo como alegar que o tal “ocupado” esteja fazendo o seu “trabalho” em locais de culto e de liturgia. Lá é um hospital público. Mandem esse rapaz se ocupar de verdade, como os outros trabalhadores, que durante a madrugada não terá disposição para esses abusos.
3)O que está provado pela ciência não se restringe particularmente ao poder da fé, mas ao poder da mente. A fé religiosa está inserida neste contexto, independentemente de se pôr a mente concentrada no tangível ou no fictício, numa imagem de altar ou num cabo de vassoura, em um deus ou em um diabo, etc. É a mente!!!
4)Dizer que “se ele realiza o culto lá há vários anos, com a autorização da instituição, é porque mal não faz aos pacientes... ” merece ressaltar que ele foi sempre um “cara de pau”, um importunador, e faltou com a caridade e com o amor ao próximo, violentando vários princípios da própria doutrina cristã.
Já pensaram no cidadão morrendo de dor de dente, ali sentado, submetido a um falso milagreiro, tendo que passar por um massacre pior do que a própria dor?

Carlos

Celis Fabrícia disse...

Reitero o que escrevi no primeiro comentário, agora reportando-me também ao comentário de Carlos VILA VERDE .
1-Questiono a aplicação da palavra “desocupado”. O homem, se for “pastor”, está ocupado (professando sua fé) e tem ocupação (pastor), independentemente de estar agradando, ou não. Então, a palavra “desocupado” não se aplica a ele. Se concordam, ou não, com o que ele diz, aí é outra coisa. Mas, reafirmo, SE ele é “pastor” NÃO É “desocupado”. Podemos aplicar o SILOGISMO – SE a CBO diz que “pastor” é “ocupação”, E o homem É “pastor”, LOGO, ele é ocupado, e não “desocupado.” A proposição só seria inválida SE, OU o homem NÃO fosse pastor, OU pastor NÃO fosse ocupação.
2- Em hospitais públicos também está autorizada a realização de cultos.
3 – Se a fé religiosa está inserida nesse contexto, mesmo que seu objeto seja concreto ou abstrato, então já encontramos aqui um argumento para atestar a legitimidade do culto.
4 – Como escrevi no primeiro comentário, não conheço a pessoa de quem se escreve “pastor” e “desocupado, aos berros por mais de meia hora...” Mas, pela veemência das palavras, acredito que o SR. Carlos VILA VERDE deve conhecer bem, ao ponto de afirmar que “foi sempre um ‘cara de pau’, importunador... falso milagreiro”. Caso contrário, incorre no erro de insultar uma pessoa que está expressando sua fé. Tal atitude seria “preconceito – ideia preconcebida. Suspeita, intolerância, aversão...” de acordo com Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Mas, evocando novamente a lógica, SE o SR. Carlos VILA VERDE conhece a pessoa de quem se fala no blog, então as duas sentenças anteriores não se aplicam a ele (Carlos VILA VERDE).
Boa semana a todos!

Janu Schwab disse...

Achei que viviamos num Estado Laico...No Uruguai não se pendura nem crucifixos em prédios públicos - inclusive escolas.

ALTINO MACHADO disse...

Celis, não se faça de bobinha para deturpar. Veja como grafei "desocupado" e "pastor. Ambas entre aspas.

Francisco Cândido Dias disse...

Quer dizer que agora pra ensinar a palavra de Deus existe profissão, parei.Isso é o fim da picada.Ia esquecendo que esses profissionais são de péssima qualidade.Podem escrever o que quizerem contra mim, seus alienados.

Francisco Cândido Dias disse...

"Estado laico não é Estado sem fé, ateu ou que se antepõe a símbolos de convicções religiosas", o que evidencia uma das fontes do seu equívoco. De fato, o Estado laico não é ateu, mas é um estado sem fé. A condição de não ser ateu e simultaneamente não ter fé talvez seja contraditória em um indivíduo, mas não o é quando se trata de um Estado, pois estes não podem ser sujeitos da liberdade religiosa. A liberdade religiosa só pode ser exercida por indivíduos e suas associações na sociedade civil, não por Estados.

Como a questão é importante, vale a pena entendê-la em detalhe. A rigor, Estados não podem ter ou deixar de ter fé: a fé é uma característica de pessoas. Instituições ou Estados podem, quando muito, promover uma ou outra fé, ou a falta dela. Entendendo que Estados laicos são sempre neutros com relação às matérias religiosas, uma vez que se há preferidos, há preteridos, então a laicidade implica que o Estado não promova nenhuma posição com relação à religião: nem o ateísmo, nem qualquer credo religioso. Nesse sentido, o Estado laico não é ateu, mas também não tem fé – ou seja, não promove a fé. Afinal de contas, a fé ou falta dela é uma questão de foro íntimo e deve ser completamente voluntária, e não objeto de política pública.Portanto que se façam seus atos de fé, desde que em seus locais, e se porventura vierem a fazer em uma repartição pública, que seja , mas esporadicamente, não que isso se constitua em ato contínuo.

Vingador disse...

Bem,
Quando houve um problema com um maluco que tomou o chá e matou duas pessoas, todos gritaram que era preconceito contra uma religião do povo. Quando um coitado e semi analfabeto usa a palavra de Deus de forma equivocada só ouvimos as vozes do preconceito.
Moral da história maluco na religião dos outros é refresco.
Realmente é de lascar...

@MarcelFla disse...

Basta ter bom senso, pessoas enfermas esperando atendimento não necessitam ouvir um fanático religioso tentanto convertê-los em um momento no qual estão fragilizados e necessitando de descanso e tratamento.

E outra, está autorizado a realização de cultos em hospitais para aqueles que por vontade própria queiram participar, sendo que deve ser feito em local separado, capelas etc.

Preconceito, intolerância e aversão quem sofre são pessoas como eu, ateus, pois nós somos os pecadores da pior espécie, mesmo sem retirar 10% ou mais de lavadeiras, domésticas, pais de famílias que ganham 1 salário pra sustentar várias vidas e etc., enquanto seus líderes religiosos desfilam em suas Hilux, Corollas, Civic's e outros, seguindo a imagem de Jesus Cristo que sempre se esbaldou nos presentes de seus seguidores só andando com as melhores sandálias, roupas de ceda pura, vinhos da melhor qualidade...

Só digo mais uma coisa "O meu direito termina onde começa o do outro." ninguém é obrigado aguentar outros demonstrando sua fé aos berros, principalmente quando doentes.

vilmar boufleuer disse...

o negócio é o seguinte: se eu estiver num local deste e tem um estúpido gritando do meu lado mando parar ou compartilho a dor física com ele (entenda como quiser)
vou construir uma casa em frente a um igreja (destas q tem gritaria) e pode apostar, já avisei, ou convivemos nos respeitando ou retribui com a mesma instolerancia!
amém

Avoz disse...

Seda pura !!!

Sandro Ricardo disse...

Venhamos e convenhamos: o que na verdade está faltando é um pouco de didática.
Os presos, os enfermos, os "pastores" e até mesmo os "desocupados" precisam de algo mais, principalmente nesses momentos ruins: uma situação de enfermo ou detenção.
Não é necessário tratar isso com tanta falta de percepção, gritos,e mais gritos, isso é tentar ensinar matemática com uma tabuada em uma mão e uma palmatória na outra, isso está ultrapassado, ao invés de "converter" estão é espantando.
Por incrivel que pareça as pessoas estão mais esclarecidas, são muitos escandalos: "padres" pedófilos, "pastores" que enriquecem de forma,sei lá,.....estão sendo mostrados na imprensa todos esses "desvios",....
Na verdade falta competência e organização de muitas leis, estamos em um estado Laico, onde todos possuem direitos, que ultrapassam o dos outros, que estão doentes, precisando dos médicos, que não tem.

Unknown disse...

Porquê não exigiu da direção da Fundhacre a postura de neutro ou "laico" conforme manda a lei para o "Estado"?.